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Se passar tempo suficiente em uma cidade, você vai conhecer como é a paisagem sonora daquele lugar. Na cidade de Nova York, ela apresenta os ecos dos aparelhos de som dos carros, o ruído profundo dos motores dos caminhões de lixo e, cada vez mais, o zumbido agudo das bicicletas elétricas.
Junto com os scooters elétricos, elas estão se tornando um item básico em todos os bairros da cidade, e as bicicletas, em particular, são especialmente populares entre as dezenas de milhares de entregadores que circulam pelas ruas.
Em uma recente tarde nublada em Manhattan, juntei-me a algumas dezenas deles em um evento de inscrição para um novo programa da cidade que visa conectar os motoristas de entrega com novas tecnologias de carregamento de baterias. Os motoristas que se inscreverem no programa piloto terão acesso a carregadores rápidos ou estações de troca de baterias por seis meses.
Isso faz parte dos esforços da cidade para reduzir o risco de incêndios de baterias, alguns dos quais foram provocados por baterias de bicicletas elétricas carregadas dentro de prédios de apartamentos, de acordo com o corpo de bombeiros. Para saber mais sobre o programa e como ele pode ajudar a combater incêndios, confira minha última matéria. Enquanto isso, aqui está o que ouvi dos motoristas de entrega e das startups no evento de lançamento.
Em um dia que estava ventando, no final de fevereiro, abri caminho entre as filas de entregadores que compareceram ao evento na Cooper Square, em Manhattan. Alguns deles estavam enfileirados com as bicicletas, enquanto outros as agrupavam em conjuntos. Mochilas térmicas coloridas com os logotipos de vários serviços de entrega marcavam seus bagageiros.
Funcionários da prefeitura trabalhavam em mesas sob tendas, designando os ciclistas para uma das três empresas iniciantes que estão fazendo parceria com a cidade para o novo programa. Uma delas, a Swiftmile, está construindo bicicletários de carregamento rápido para os motoristas. As outras duas, Popwheels e Swobbee, têm como objetivo levar a troca de baterias para a cidade.
A troca de baterias é uma tecnologia em crescimento em algumas partes do mundo, mas não é comum nos EUA, por isso fiquei especialmente intrigado com as duas empresas que montaram cabines para isso.
A Swobbee administra uma pequena rede de estações de troca em todo o mundo, inclusive na Alemanha, onde fica a base. Ela está adaptando as bicicletas para acomodar a bateria, que é fixada na parte traseira dos veículos. A Popwheels está adotando uma abordagem um pouco diferente, fornecendo baterias que já são compatíveis com a maioria dos modelos elétricos que os motoristas de entrega usam atualmente, com poucas modificações necessárias.
Observei um funcionário da Popwheels demonstrar a estação de troca de baterias da empresa para vários motoristas recém-inscritos. Cada um deles se aproximava do gabinete da Popwheels, que tem aproximadamente o tamanho e o formato de uma estante de livros e 16 portas de metal numeradas na frente. Depois de dar alguns toques no smartphone, uma porta se abria. Dentro, havia espaço para colocar uma bateria usada e um cabo para conectá-la. Quando a bateria estivesse no gabinete e a porta fosse fechada, outra porta se abriria, revelando uma bateria de bicicleta elétrica totalmente carregada que o ciclista poderia desconectar e deslizar para fora. Pronto!
Todo o processo levou apenas um ou dois minutos — muito mais rápido do que esperar a bateria carregar. É semelhante a pegar um pacote em um armário automático em um prédio de apartamentos de luxo.
A multidão parecia crescer durante as duas horas que passei no evento e a fila se estendia e se espremia mais perto da borda da calçada. Fiz um comentário sobre o comparecimento a Baruch Herzfeld, CEO e cofundador da Popwheels. “Isso não é nada”, disse ele. “Há demanda para 100 mil baterias em Nova York amanhã.”
De fato, a cidade de Nova York tem cerca de 60 mil entregadores, muitos dos quais dependem de bicicletas elétricas para se locomover. E os passageiros e turistas podem estar interessados em veículos pequenos e eletrificados. Para atender a esse tipo de demanda, serão necessários muito mais cabines de bateria, pois um só pode atender até 50 usuários, de acordo com as estimativas da Popwheels.
Depois de se inscreverem e assistirem à demonstração da troca de baterias, os motoristas que estavam prontos para levá-las com eles, levaram suas bicicletas até mais alguns funcionários da startup, que ajudaram a fazer um pequeno ajuste em um trilho sob seus assentos para que as baterias da empresa deslizassem. Alguns ajustes exigiram um pouco de esforço, mas observei um ciclista colocar sua bateria nova, recém-carregada, no lugar. Ele subiu em sua bicicleta e saiu correndo pela ciclovia, integrando-se ao fluxo do tráfego.
MIT Technology Review
