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Agilidade, resiliência e previsibilidade. Nos últimos anos, esses três fatores se tornaram mais valiosos para as organizações, diante de um mercado altamente volátil e competitivo. A gestão de dados assumiu um papel estratégico dentro das empresas, oferecendo não só uma visão mais clara sobre o mercado, como também possibilitando a adaptação rápida às mudanças, impulsionando a inovação e promovendo a sustentabilidade a longo prazo.
No setor público, no entanto, a adoção de uma gestão eficiente de dados é mais complexa, embora existam casos de uso mais evidentes em segmentos como saúde e economia. Durante a pandemia de Covid-19, por exemplo, governos do Brasil e do mundo investiram no monitoramento de dados para acompanhar os avanços da doença e suas consequências para a população.
Uma análise da consultoria norte-americana Mckinsey aponta que um dos principais desafios na gestão de dados para os governos é garantir a acessibilidade e integração dos fluxos de informação. Além disso, segurança e privacidade são fatores que devem ser considerados para que essa gestão de dados seja realizada de maneira eficiente.
Mas, apesar dos desafios, investir em uma cultura que valorize os dados permite às organizações públicas avançarem em ações que viabilizam, sobretudo, melhorar a experiência e a qualidade de vida dos cidadãos, aumentar a eficiência administrativa, garantir a adoção de políticas baseadas em dados e reduzir riscos de fraudes.
Gestão de dados no setor público
No Brasil, o Governo de Sergipe está investindo na melhoria da gestão de dados e na interoperabilidade da rede que integra todas as secretarias de governo. O principal objetivo é promover o desenvolvimento socioeconômico e sustentável do estado, garantindo a excelência dos serviços públicos.
A iniciativa é liderada pela Facilit, parceira de negócios da InterSystems. Por meio da plataforma digital Target, o Governo de Sergipe tem agora a possibilidade de controlar ações e resultados de planejamento estratégico em diferentes secretarias e de forma integrada. Uma das vantagens é a possibilidade de acompanhar automaticamente indicadores de desempenho em todas as áreas. Já a InterSystems IRIS, plataforma de dados da nuvem integrada à Target, auxilia no gerenciamento de banco de dados, interoperabilidade e análise de desempenho.
“Percebemos o empenho em modernizar a administração pública por meio das tecnologias de informação e comunicação (TICs) desde o início do projeto e-Gov, o que resultou em mais eficiência na gestão e nos serviços públicos. A InterSystems tem muita sinergia com essa transformação, pois é uma empresa que já nasceu, em 1978, com o objetivo claro de que a tecnologia deve ser usada para melhorar a vida das pessoas. Por isso, temos a vertical de mercado governo como uma das principais metas para proporcionar ao poder público o melhor serviço aos cidadãos”, diz Alexandre Tunes, country manager da InterSystems no Brasil.
Todo o sistema funciona dentro de uma cloud AWS, da Amazon. Além dos dados presentes em sistemas do próprio governo, informações de outras bases de dados, como do Ministério da Justiça ou da Saúde, são utilizados. “A partir daí [dessas bases de dados] criamos um dashboard — e utilizamos o IRIS para isso —, a plataforma pega essa base de dados, traz para a gente, e nós usamos outros indicadores dentro do Target para gerar informações que permitam ao gestor tomar as melhores decisões”, explica Manoel Amorim, CEO da Facilit.
A plataforma ainda viabiliza o acompanhamento dos principais indicadores de cada secretaria, além dos mapas de projetos espalhados pelo estado para que os gestores tenham condições de criar relatórios atualizados, facilitando a identificação de soluções.
A escolha de integrar a Target à InterSystems IRIS foi feita com base em uma série de benefícios mapeados na plataforma e que ajudam a otimizar a performance do sistema Target, desenvolvido pela Facilit. Isso inclui a possibilidade de processamento de alta velocidade e o acesso a dados distribuídos. A IRIS está disponível em todos os principais mercados de nuvem pública, incluindo serviços da Web da Amazon, Microsoft Azure, Plataforma de Nuvem do Google e nuvem privada, e já foi implantada em todo o mundo.
Gestão, monitoramento e impacto social
Amorim explica que a relação com o Governo de Sergipe começou a partir de uma necessidade dos gestores públicos do estado em entender quais são os projetos prioritários e quem eram os responsáveis por cada etapa de desenvolvimento dessas iniciativas. Com o sistema da Facilit, foi possível desenvolver pontos de controle para cada projeto para que eles realmente aconteçam.
A plataforma também ajudou a facilitar o monitoramento dos principais indicadores do estado, como números de vacina e de pessoas vacinadas, quantidade de pessoas atendidas em hospitais, entre outros dados não só relacionados ao setor da saúde, mas diferentes áreas.
“É um lugar em que são colocados os projetos e onde é possível lembrar de quando os prazos vão expirar. Além disso, vamos fazer uma integração direta do Target com o sistema financeiro do Estado. Também vai permitir que o governador e os secretários consigam enxergar como andam os planos, os projetos, possibilitando uma maneira de trabalhar mais ágil e, ao mesmo tempo, as informações serão automaticamente colocadas no sistema, gerando relatórios de uma forma muito mais simples”, explica Manoel Amorim, CEO da Facilit.
As informações podem ser acessadas em tempo real, de qualquer lugar ou dispositivo. Outro destaque é a possibilidade de acessar dados de outros ministérios, do IBGE, entre outros órgãos, para acompanhar a evolução dos indicadores. Além do impacto social — visto que diferentes iniciativas importantes para a melhoria da qualidade de vida da população, de fato, saem do papel —, essa gestão de dados multicloud possibilita ao governo a adoção de medidas que evitam o desperdício financeiro e reduz a burocracia.
“As equipes de planejamento e econômica somaram esforços para trazer essa nova plataforma de acompanhamento e monitoramento do orçamento, do planejamento estratégico que é fundamental para nos dar um norte daquilo que queremos, para mostrar como estamos e o que queremos para Sergipe”, afirmou o governador Fábio Mitidieri.
Desafios e oportunidades
Organizar uma estrutura como essa, no entanto, tem seus desafios. Personalização e segurança, por exemplo, são fatores essenciais quando se fala em integração de dados. “Nós trabalhamos com muitos dados públicos. Dados do IBGE, de alguns relatórios, a gente faz análise de várias informações diferentes, pegando bases de dados diferentes, em clouds diferentes. Então existem algumas nuances”, pontuou Amorim.
Hoje, a Target conta com mais de 150 funcionalidades e o próprio gestor de projetos é quem define o que ele pretende ou não utilizar. Por exemplo, é possível atuar na análise de risco detalhado, com a parte financeira, com documentações ou, se necessário, com todas elas em conjunto.
“Você consegue configurar todo o sistema sem a necessidade de programar. Você tem um único código-fonte, no qual é possível fazer toda a configuração e o administrador do sistema define quem pode ver o quê, quem pode acessar o quê. Tem login de tudo, tudo o que qualquer pessoa fizer, a gente sabe quem fez, qual foi o computador que fez, qual foi o IP”, destacou.
A empresa de consultoria PWC prevê que, em 2024, a Inteligência Artificial mudará fundamentalmente a forma como os negócios são feitos, mas também as formas de conduzir operações diárias, construção de novos modelos de negócios e o modo como projetos de diferentes esferas são desenvolvidos.
Tanto a Facilit, quanto a InterSystems já mapeiam como essa e outras tecnologias emergentes podem agregar às suas plataformas. Amorim destacou, por exemplo, os estudos em torno da tecnologia LLM, a mesma utilizada pela OpenAI para o desenvolvimento do ChatGPT. “Estamos usando algumas ferramentas dessas e já temos alguns protótipos usando o próprio IRIS. A ideia de automatizar o processo é uma coisa importante, porque acaba simplificando, as pessoas ganham mais autonomia e conseguem ter uma visão mais ampla para entender por onde caminhar.”
MIT Technology Review
