O desafio do conhecimento na Transição Ambiental Climática
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O desafio do conhecimento na Transição Ambiental Climática

A transição ambiental climática é um dos maiores desafios do século XXI, demandando uma transformação profunda em nossas economias e sociedades.

O que você encontrará neste artigo:

Políticas públicas e regulação
Desafios de priorização de agenda
Novos problemas requerem novas soluções

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Esse desafio, representa talvez a maior oportunidade de investimentos que nossa geração já tenha vivenciado. Embora a mobilização de recursos financeiros seja o ponto focal nos debates, um gargalo igualmente crítico, mas frequentemente negligenciado, é o conhecimento. Este não é um componente secundário, mas sim um elemento fundamental para que a transição ocorra de maneira eficaz e sustentável.

O Papel do Conhecimento na Transição Climática

O conhecimento é essencial e desafiador nesta jornada devido à sua natureza multidisciplinar e à quantidade colossal de novas informações que precisam ser processadas em um curto espaço de tempo. Essa informação abrange uma ampla gama de áreas, desde políticas públicas até a implementação de novas tecnologias. Para reposicionar ou recriar cadeias de valor, é crucial haver um entendimento profundo sobre como essas cadeias funcionam, os recursos disponíveis e as melhores práticas a serem adotadas.

Esse desafio é particularmente evidente em países emergentes da América do Sul, incluindo o Brasil, onde existe um desbalanceamento significativo entre a abundância de recursos naturais — como solo, água, vento, sol e minérios — e a escassez de capital humano e intelectual. Apesar de possuir uma riqueza de recursos, a carência de profissionais qualificados limita a capacidade de transformação desses ativos em benefícios sustentáveis e duradouros.

Blocos de Conhecimento Necessários para a Transição

Para ilustrar a complexidade desse gargalo de conhecimento, podemos dividi-lo em três grandes blocos que precisam operar em sinergia:

1. Políticas Públicas e Regulação

A primeira frente envolve o poder público, onde a elaboração de políticas e regulamentações é fundamental. Muitas vezes, essas políticas são construídas sobre temas que ainda são pouco conhecidos ou, em alguns casos, inexistentes. Exemplos como os marcos legais e a regulamentação do Hidrogênio Verde, Combustível de Aviação Sustentável, Biometano, Inteligência Artificial, Mercado de Carbono, Eletrificação de veículos e Bioinsumos ilustram o enorme desafio que o setor público enfrenta ao debater e implementar arcabouços regulatórios sobre temas ainda incipientes, em que até mesmo o setor privado (nacional e internacional) não tem longo histórico.

É importante que essas políticas públicas e regulamentações sejam pensadas não apenas sob a ótica da produção brasileira, mas também considerando como esses bens e serviços se integram nas cadeias produtivas globais. A conexão entre as regulações domésticas e as dos mercados internacionais é vital. Assim, ao tratar de políticas ambientais e climáticas, é essencial reconhecer que essas questões estão inseparavelmente ligadas as agendas geopolíticas e barreiras comerciais. Qualquer debate sobre novas políticas deve levar em conta a interconexão entre esses três pilares: climático, geopolítico e comercial.

Portanto, para que o país se torne um potencial vencedor na economia verde, não basta ter abundantes recursos naturais. É primordial que as políticas públicas e regulamentações sejam elaboradas de forma correta e em um curto espaço de tempo; do contrário, o “bonde da história” pode passar, e será tarde demais.

2. Engenharia e Tecnologia

O segundo gargalo diz respeito à engenharia e à tecnologia. A transição climática envolve ativos reais, como alimentos, moradia, energia e transportes. A absorção e a implementação de novas tecnologias em escalas de investimento colossais são extremamente desafiadoras, exigindo um conhecimento robusto em áreas como engenharia industrial, química, processos, agronomia, mineração, logística, etc.

Além disso, não se trata apenas de projetos de unidades industriais isoladas, é necessário criar novas cadeias produtivas que integrem diversos ativos naturais, industriais e logísticos. Escalar tecnologias já comercialmente provadas, porém em portes infinitamente menores do que a transição requer. Os engenheiros irão, portanto, trabalhar com graus de incerteza e interoperabilidade entre elos da cadeia, maiores do que os usuais em indústrias maduras.

Ao discutir os desafios de engenharia no Brasil, é crucial abordar a carência de engenheiros qualificados. Embora seja um tema amplamente reconhecido, é fundamental conectar essa questão à transição ambiental climática. Muito se fala sobre a mobilização de recursos financeiros, mas pouco se discute sobre a necessidade de mobilizar informações e plataformas de engenharia que são essenciais para que qualquer assuma posição de liderança na economia verde.

A abundância de recursos naturais e a formulação adequada de políticas públicas não são suficientes por si só. É necessário também desenvolver e empregar engenheiros em diversas áreas, garantindo que estejam preparados em volume e qualidade para atender às demandas da transição.

3. Capital Humano latu sensu

Mesmo que o Brasil crie políticas públicas na dimensão e no tempo apropriados e supere o gap de engenheiros, o último gargalo de conhecimento diz respeito à formação do capital humano. Para que sua agenda de transição seja bem-sucedida, é crucial contar com profissionais qualificados em diversas áreas, como vendas, contabilidade, advocacia, trading, técnicas administrativas e auditorias.

Este é mais um exemplo do desafio educacional que o país enfrenta. A formação de capital humano é uma etapa necessária e fundamental para garantir que a transição ocorra de maneira eficaz e sustentável.

Os desafios de priorização de agenda

Um aspecto crítico desse contexto é que o desenvolvimento do conhecimento compete com outras agendas urgentes. Executivos do setor público e privado frequentemente enfrentam pressões relacionadas a resultados financeiros imediatos, cortes de custos ou a necessidade de reagir a crises pontuais, como uma eleição iminente ou uma emergência social. Isso cria um desafio significativo: como priorizar a construção de conhecimento em um ambiente onde as urgências dominam a atenção?

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Interconexão dos conhecimentos

Outro grande desafio é fazer com que todos esses conhecimentos multitemáticos se conectem de forma coesa. A formação de políticas públicas deve estar alinhada com conhecimentos financeiros, de engenharia e de processos. Essa interconexão é crucial para que a transição ocorra de forma harmoniosa e eficiente.

Por exemplo, ao desenvolver políticas públicas que incentivem a adoção de energias renováveis, é imprescindível haver uma compreensão clara das tecnologias disponíveis, do financiamento adequado e das práticas regulatórias necessárias. Somente assim será possível garantir que os investimentos realizados tenham um impacto real e positivo. Para isso, é essencial reunir em um único espaço os diversos stakeholders, incluindo Assembleias Legislativas, o Congresso Nacional, bancos, empresas de engenharia, agrônomos e outros profissionais. Essa interoperabilidade multidisciplinar não é um desafio simples, mas é fundamental para o sucesso da transição.

Novos Problemas Requerem Novas Soluções

A transição ambiental climática é um desafio novo e complexo que requer uma abordagem holística e integrada. Maior que os desafios são os dividendos de quem for capaz de superá-los. Embora a mobilização de recursos financeiros seja vital, o conhecimento se revela como um gargalo essencial, especialmente em regiões emergentes como a América do Sul. Para garantir uma transição eficaz, é necessário investir em educação, promover a pesquisa e desenvolver políticas públicas que reflitam a realidade multifacetada desse processo.

Buscar solucionar esses novos desafios utilizando ferramentas antigas não parece ser a melhor alternativa. É provável que floresçam ao redor do mundo locus especializados na criação, inovação e desenho de novas cadeias produtivas. A YvY capital busca assumir esse papel dentro do setor financeiro, sendo uma casa de investimentos integralmente dedicada à agenda de transição ambiental climática. Acreditamos que os desafios mencionados só serão superados e os dividendos colhidos quando integrarmos múltiplos pontos e conhecimentos. Sendo capaz de gerenciar uma agenda estratégica ambidestra: um pé no presente e outro no futuro. Para isso, a atuação via parcerias, inovação financeira e de modelos de negócios serão grandes aliadas de grandes empresas. Espalhando investimento em opções reais descentralizadas que garantam as empresas estarem nos pathways vencedores.

Assim como observamos no passado na agenda de inovação das fintechs e na digitalização de serviços, a criação de ecossistemas de startups (Venture Studios) e unidades de negócios dedicadas à transição climática será essencial. No entanto, vale ressaltar que os volumes de capital a serem investidos neste novo caso serão significativamente maiores, assim como a complexidade dos temas abordados. A janela de tempo para a implementação não é tão longa, o que apresenta um desafio ainda maior, mas também uma oportunidade para empresas, investidores e governos que se mobilizarem e se anteciparem nessa jornada de inovação em ativos reais. O “first mover advantage” terá um valor consideravelmente mais alto do que no mundo digital, e aqueles que se posicionarem à frente poderão colher benefícios substanciais. Talvez os maiores benefícios econômicos já visto por essa geração.

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