Um novo horizonte para investimentos em criptomoedas
Computação

Um novo horizonte para investimentos em criptomoedas

A importância e o papel do staking no ecossistema financeiro digital: benefícios, riscos e como investir nessa modalidade.

A revolução cripto está transformando o cenário dos investimentos e das finanças de maneira significativa. E entre as inovações trazidas por esse movimento, o staking tem se destacado como uma forma lucrativa e acessível de se envolver com as blockchains e obter ganhos com criptomoedas. Para isso, entretanto, é preciso compreender os mecanismos e as oportunidades presentes nessa prática.

No coração do staking está a ideia de depositar criptomoedas para a validação de transações e a segurança da rede. No contexto das criptomoedas, o staking é um processo em que os detentores de uma determinada moeda digital a deixam bloqueada em um contrato inteligente para suportar operações de uma rede blockchain. Uma prática que não apenas contribui para a segurança da rede em questão, mas também oferece a oportunidade de ganhar recompensas ou “dividendos” — uma forma de renda passiva que tem sido cada vez mais valorizada.

À medida que a Ethereum, uma das maiores e mais respeitadas redes blockchain, se torna cada vez mais amigável ao staking, investidores com diferentes graus de conhecimento técnico e de capital se veem aptos a participar do processo. E as atualizações na rede facilitam o envolvimento na validação e remoção de barreiras técnicas, permitindo uma participação mais ampla e inclusiva. Diante disso, vamos entender por que vale a pena investir no staking na rede Ethereum, como esse tipo de investimento está se tornando cada vez mais acessível com as recentes atualizações da rede, e como começar a participar dessa revolução financeira.

Ethereum, forks, Proof-of-Stake e staking

A Ethereum é uma das principais blockchains do mercado cripto e tem desempenhado um papel fundamental na revolução das finanças descentralizadas. Criada por Vitalik Buterin, a plataforma introduziu um novo conceito de blockchain, permitindo a criação de contratos inteligentes e aplicativos descentralizados (dApps). Essa capacidade de programação tornou a Ethereum versátil e atrativa para desenvolvedores e empreendedores.

Para manter a segurança e a evolução da Ethereum, a blockchain passa por atualizações regulares, conhecidas como forks. Um fork na Ethereum, portanto, é uma atualização ou modificação da rede, podendo ser de dois tipos: hard forks e soft forks. O primeiro envolve mudanças fundamentais nas regras do protocolo, resultando em uma separação da blockchain em duas vias distintas; os participantes da rede precisam atualizar seus softwares para operar na nova versão. Já o segundo é uma atualização mais suave e compatível com versões anteriores, permitindo que elas ainda validem os novos blocos.

Para quem quer investir em staking, vale ter em mente a importância dos forks “The Merge” e “Shanghai”. Essas atualizações marcam a transição da rede do algoritmo de consenso Proof of Work (PoW) para Proof of Stake (PoS), o que possibilita aos investidores obterem recompensas passivas por meio do staking.

Rony Szuster, analista do Mercado Bitcoin, explica por que, no contexto do staking, é essencial entender os dois conceitos: “Para entender o PoS, vamos dar um passo atrás e compreender o conceito do PoW, que é o mecanismo de consenso utilizado pelo Bitcoin. Como o blockchain é uma rede descentralizada, composta por vários nós e computadores distribuídos em todo o mundo, todos eles devem ter os mesmos blocos na mesma ordem. Assim, todos os participantes possuem as mesmas informações. Para alcançar isso, os mineradores dedicam poder computacional na esperança de criar um bloco válido para a rede. E eles fazem isso através do mecanismo chamado Proof-of-Work. Basicamente, o primeiro minerador que consegue criar e transmitir um bloco válido para os outros é recompensado pela rede e pode continuar construindo novos blocos. Isso é o Proof-of-Work, que exige que o minerador forneça uma prova de trabalho para validar o bloco”, detalha.

Esse modelo funcionou bem ao longo dos 13 anos de existência do Bitcoin, garantindo a segurança e a integridade do blockchain. Ele, no entanto, apresenta problemas de eficiência tanto do ponto de vista energético quanto econômico. Rony Szuster esclarece: “No Proof-of-Work, os mineradores competem entre si para validar blocos, o que resulta em um consumo desnecessário de energia elétrica. Além disso, precisam investir em hardware de mineração, o que aumenta os custos. O Proof-of-Stake resolve esses problemas ao adotar um modelo colaborativo, em que a rede escolhe aleatoriamente um validador para cada bloco. Em vez de investir em hardware e energia elétrica, os participantes investem no próprio ativo que desejam validar, depositando uma quantidade específica desse ativo em um contrato inteligente para se tornarem validadores. Isso cria um alinhamento de incentivos econômicos entre os validadores e os detentores do ativo. Além disso, o custo do subsídio necessário para os validadores é significativamente menor no PoS em comparação com o PoW, o que o torna um modelo mais sustentável a longo prazo”, argumenta.

Rony destaca ainda que ao adotar o PoS, a Ethereum resolveu o problema do alto consumo de energia elétrica associado ao PoW, reduzindo significativamente a pegada ambiental da rede. “Nesse novo modelo, os participantes não precisam competir para validar os blocos, o que resulta em uma utilização mais eficiente dos recursos. Essa mudança, efetivada pelo fork, conhecido como ‘The Merge’, reduziu o consumo energético da rede Ethereum em mais de 99,9% e tornou o processo de validação mais econômico. Com isso, o PoS é considerado mais eficiente e passou a ser o modelo preferido para o lançamento de novos blockchains atualmente”, explica.

Investimento, vantagens e riscos

Ele destaca que para se tornar um validador, no entanto, é necessário seguir alguns passos e requisitos. A Ethereum é uma rede permissionless, o que significa que qualquer pessoa pode se tornar um validador e participar do processo de validação dos blocos.

Em primeiro lugar, é preciso adquirir um número mínimo de ativos, que no caso da Ethereum são 32 Ethers (ETH). Esses ativos são depositados como uma garantia em um contrato inteligente específico para validação, que seleciona aleatoriamente entre todos os validadores quem será o responsável pela validação do próximo bloco. A probabilidade de ser escolhido como validador é proporcional à quantidade de ETHs depositados em relação ao total depositado por todos os validadores. Por exemplo, se o validador depositou 32 ETHs, e o contrato possui um total de 320 ETHs, há 10% de chance de o validador ser escolhido. Essa é uma porcentagem que se equilibra estatisticamente no longo prazo.

Uma vez selecionado, o participante realiza a validação dos blocos e é recompensado pela rede. Rony conta que, atualmente, as recompensas na validação da rede Ethereum estão em torno de 4% a 5% ao ano. Essas recompensas são emitidas pela rede como incentivos para os validadores, mas a Ethereum possui um mecanismo de queima de ETHs que prevê a queima de uma pequena quantidade de ETHs a cada transação, equilibrando o modelo econômico da rede.

É preciso ainda executar um software especializado para realizar a validação dos blocos, providenciando não só a manutenção desse programa, mas também garantindo que o validador permaneça online durante o processo de validação. Caso o validador aja de forma maliciosa ou fique offline, a rede impõe penalidades, conhecidas como slashing, que envolvem a redução da garantia depositada como forma de punição. Esses ativos depositados como garantia não podiam ser sacados até que o Fork Shanghai, realizado em abril, permitiu a liberação de saques desses ETHs que estavam travados para participação no staking.

Plataformas e democratização

Investir em staking na Ethereum e se tornar um validador pode ser vantajoso, pois oferece a oportunidade de participar ativamente do processo de validação dos blocos, receber recompensas pela contribuição na rede e obter retornos financeiros regulares. No entanto, é importante estar ciente dos requisitos, responsabilidades e riscos envolvidos no staking, bem como avaliar cuidadosamente as condições do mercado e as diretrizes da rede Ethereum antes de tomar uma decisão de investimento.

Mais importante, vale levar em consideração que é possível participar nessa modalidade de investimento sem ter que, necessariamente, assumir todos os riscos. “O ponto é justamente que, para ser um validador da rede, você não precisa ter os 32 ETHs e lidar com a complexidade de executar essa validação. Você pode terceirizar esse trabalho, pagando uma pequena porcentagem sobre as recompensas, e ainda assim receber rendimentos um pouco menores do que receberia diretamente”, diz Rony. Assim, apesar de requerer um certo investimento e conhecimento técnico, é importante ressaltar que qualquer pessoa pode investir nessa modalidade.

O economista Marcel Gomes, do Mercado Bitcoin, explica que o staking se comporta como um produto de renda passiva, em que o cliente recebe dividendos sobre o saldo de ativos que possui. “Existem diferentes maneiras de participar, seja por meio de uma máquina própria, seja delegando para uma empresa, ou mesmo por meio de uma exchange como o Mercado Bitcoin, que oferece suporte ao staking do Ethereum. A plataforma reduz a complexidade técnica e o valor mínimo de aplicação, permitindo que os usuários participem com quantidades menores”, salienta.

Ele ressalta ainda que, ao escolher uma plataforma de staking, é importante considerar critérios como a confiabilidade, a transparência das taxas cobradas, o acesso facilitado e a segurança dos ativos. Muitas plataformas oferecem produtos que não são necessariamente staking, e é fundamental entender claramente o tipo de recompensa oferecida.

Com relação ao futuro do staking e das criptomoedas em geral, Gomes acredita que haverá uma ampla oferta de produtos para cada tipo de ativo cripto, explorando as recompensas oferecidas pelas redes. Ele vê o staking se tornando uma prática mainstream, com diferentes clientes utilizando-o para ampliar seus ganhos no longo prazo ou como uma renda passiva. Gomes destaca ainda que as tecnologias blockchain estão abrindo possibilidades de serviços e comportamentos inovadores no mercado de investimentos. “No geral, o staking tende a crescer à medida que novas criptomoedas com suas próprias blockchains adotarem o modelo de Proof-of-Stake e implementarem seus próprios mecanismos de recompensa. Os usuários poderão diversificar suas carteiras e obter benefícios tanto com a valorização dos ativos quanto com a renda passiva gerada pelo staking”, diz.

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