O jogo mudou para artistas e celebridades. Se no passado a mídia definia o volume de exposição que essas figuras teriam, baseando-se em métricas de popularidade junto ao público, as redes sociais deixaram essa dinâmica menos óbvia. Agora, personalidades com muitos seguidores passam a pautar, não apenas serem a pauta. Os influenciadores digitais utilizam plataformas online para promover o próprio trabalho e as marcas com que se envolvem.
Além de ser um ator de sucesso, com trabalhos em uma série de novelas e projetos audiovisuais, Caio Castro tem participação em diversos negócios que estão ligadas a sua holding C3 Group, são cerca de 13 empresas. Além da área de moda e artes, o artista também tem participação na Fintech Olivia. A empresa de tecnologia desenvolve um assistente virtual da área de finanças que, por meio da Inteligência Artificial e da economia comportamental, estuda os hábitos de consumo dos usuários, dá dicas e ajuda a gerenciar os gastos.
Já a startup Styme, da qual Caio Castro é sócio e que recentemente foi adquirida pela OiMenu, oferece um cardápio digital e uma ferramenta de gestão de fila para bares e restaurantes. Em média, segundo a companhia, a tecnologia oferecida diminui em 9% a taxa de desistência dos clientes. Além desses empreendimentos, o ator e empresário de 32 anos acabou de lançar um curso de mentoria para quem quer ingressar na carreira de ator ou deseja se aperfeiçoar na profissão.
Essa veia empreendedora pode, em alguns casos, ser expandida por artistas e influenciadores que ambicionam lançar o próprio negócio ou se associar a uma empresa em busca de parceria. Em entrevista à MIT Technology Review, Caio Castro compartilhou as experiências dele como empreendedor, contou como faz para conciliar todos os projetos e quais os efeitos que a pandemia teve em suas empresas.
MIT Technology Review: Quando e por que você decidiu lançar esse olhar para o empreendedorismo?
Caio Castro: Meu primeiro negócio foi, e é, a minha carreira de ator. A partir dela, do trabalho de reputação e imagem que construí ao longo desses mais de treze anos de carreira, que pude empreender em outros projetos. O primeiro pensamento foi levar a outras pessoas as experiências que vivia. Meus negócios de alguma maneira tiveram início dessa forma. Depois, queria ter liberdade de escolha na minha carreira artística, para isso precisava diversificar o meu ganho financeiro.
TR: Qual é o impacto social que você enxerga nas suas ações de empreendimento?
CC: Além de poder gerar empregos, acredito que o principal impacto seja o de transformação no ambiente em que vivo, de alguma forma estou conseguindo promover mudanças, ainda que não em grande escala, mas que impactam a vida das pessoas de alguma maneira.
TR: Qual foi o impacto que a pandemia teve nos seus negócios? No geral, a estratégia nesse período foi de buscar expansão ou conseguir se manter até o cenário ficar mais favorável?
CC: Alguns negócios sofreram com a pandemia, como a rede de hamburgueria e o Alcabones Tattoo & Barbearia, porque são estabelecimentos que ficaram muito tempo fechados devido às medidas de distanciamento social. Tentamos algumas estratégias para salvar todas as unidades da Black Beef, por exemplo, mas tivemos que fechar uma delas porque o proprietário do imóvel foi irredutível na negociação do aluguel. Seguramos o máximo que deu, mas tivemos que fechar para não prejudicar os demais negócios. Recentemente optei por me desligar da sociedade por divergências comerciais, que fizeram com que minha permanência não fosse compatível com as estratégias e valores nos quais acredito.
TR: Você vem de outro ramo de atuação, como foi conciliar suas atribuições com a iniciativa de encarar novos mercados por meio do empreendedorismo?
CC: Eu nasci multifacetado, gosto de estar à frente de várias coisas. Isso me move, me inspira e, se eu posso ser mais de um, por que não ser? Eu me preparo para conseguir dar conta de tudo e isso inclui delegar funções para um time em que confio e que me dá a ajuda necessária para fazer a mágica acontecer.
TR: Quais critérios você adota para definir sua carteira de investimentos? Consegue dar atenção um a um a cada investimento, deixa isso a cargo de um especialista ou é um misto?
CC: Eu tenho investimentos e atuações diversificadas, mas que acompanham o meu estilo de vida. Trata-se do que eu costumo consumir e no que eu acredito. Eu busco passar as experiências que vivi mundo afora por meio dos empreendimentos em que atuo, cada um tem alguma ligação com algo que vivi ou acredito. Então, esses acabam sendo meus critérios na hora de escolher um investimento. E, claro, eu acabo fazendo um misto, tenho pessoas que me ajudam a tocar os negócios, mas acompanho todos de perto.
TR: Como você faz uso do seu poder como influenciador, em especial nas mídias digitais, para impulsionar os negócios das suas empresas?
CC: Eu consigo impulsionar bem os meus negócios nas minhas redes porque elas fazem parte do que consumo no meu dia a dia. Mas sempre pensamos em estratégias pontuais para isso, para que ali não seja apenas um espaço comercial, mas sim de trocas também.
TR: Com o avanço da conectividade digital vemos o crescimento do senso de comunidade e inclusão social, onde os usuários interagem com as marcas quase que a nível pessoal. Como você busca se posicionar nesse novo cenário junto ao público alvo de suas marcas?
CC: Eu sempre fui muito transparente e direto com meu público, isso não mudou com as redes sociais. O fato de me associar a marcas, que estão inseridas no meu dia a dia e no meu estilo de vida, facilita essa relação com o público, eles percebem e entendem o que é real. Isso é muito bacana nesse novo “universo” de relação marca/pessoas/redes sociais. A troca é imediata, e o retorno também.
Crédito foto: Carlos Sales