Shift Happens: a história dos teclados
Computação

Shift Happens: a história dos teclados

O designer e tipógrafo Marcin Wichary deu o passo inicial em uma pesquisa sobre a história dos teclados, presentes nas máquinas de escrever aos iPhones, após perceber que ela ainda não havia sido escrita.

Ao visitar um pequeno museu nos arredores de Barcelona (Espanha) cerca de cinco anos atrás, o que antes era apenas um interesse do designer e tipógrafo Marcin Wichary pela história da tecnologia se transformou em uma obsessão por uma parte muito particular dela: os teclados.

“Nunca vi tantas máquinas de escrever reunidas em um mesmo lugar antes. Foi impressionante”, ele escreveu em seu Twitter na época. “Eu literalmente estou lacrimejando diante de tantas máquinas de escrever juntas. Eu não estou brincando. Sinto como se estivesse vivendo um momento único”.

Ele teve uma espécie de revelação enquanto vagava pela exposição: cada tecla de um teclado tem suas próprias histórias. E elas não falam apenas sobre a tecnologia computacional, mas também sobre as pessoas que projetaram os teclados, os usaram ou interagiram com eles.

Wichary pegou a tecla backspace como exemplo: “Gosto do fato de que [o conceito da] backspace (que pode ser traduzida como “retroceder”) era originalmente só isso, um espaço que ia para trás. Embora agora estejamos acostumados a apertá-la para apagar o que foi escrito, por cem anos o ato de “apagar” era uma tarefa incrivelmente complexa. Você precisava dominar o uso de produtos como a Comet Eraser, ou o corretivo líquido Wite-Out, ou estranhas fitas corretivas, e possivelmente todos eles juntos… ou desistir do que estava escrevendo e começar do zero sempre que cometesse um erro de digitação”.

Alguns desses teclados possuem teclas ajustáveis e outros, fixas. O ergoLogic FlexPro e o SafeType (abaixo) previnem a pronação dos antebraços, bem como a extensão do punho.

Atualmente, até mesmo o teclado de mesa mais barato é de alguma forma “ergonômico”, possibilitando um esforço reduzido e melhor desempenho de resposta de digitação em comparação com as melhores máquinas de escrever mecânicas e elétricas que as precederam. Mas alguns teclados levam a ergonomia a um nível mais avançado do que a maioria, girando ou dobrando suas respectivas metades para permitir um alívio da fadiga da mão e do braço.

Outros teclados vão ainda mais longe, desafiando a própria natureza das teclas. O orbiTouch, Intellikeys, Big Keys e DataHand são projetados para pessoas com deficiências físicas, cognitivas ou visuais.

O teclado Maltron permite que pessoas com necessidades especiais insiram dados de computador com muito mais facilidade e rapidez do que com os convencionais.

Alguns teclados permitem a comunicação entre pessoas que podem achar isso difícil. Nas imagens pode-se ver um teclado simples conectado a uma única unidade do sistema de escrita em Braile, além de uma máquina de escrever que permite imprimir em Braile, e outra que possibilitava que pessoas com deficiência auditiva pudessem se comunicar por meio de um teclado conectado a um telefone e a uma linha telefônica.

Quanto mais fundo Wichary ia em sua pesquisa, mais obcecado ele se tornava com o assunto. Espantado por não existir nenhum livro detalhado sobre a história dos teclados, ele decidiu criar o seu próprio. Quando não estava ocupado trabalhando como diretor de design para a empresa de software de edição de prototipagem de projetos de design Figma, ele escrevia Shift Happens (em tradução livre, A Mudança Acontece), um livro de capa dura de dois volumes e 1.216 páginas que arrecadou mais de US$ 750.000 no site de financiamento coletivo Kickstarter em março de 2023. Wichary ficou apenas um pouco surpreso com o apoio e a ampla popularidade dos teclados. Como ele destaca, “é um dispositivo tão crucial que tem uma grande presença em nossas atividades cotidianas”.

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