Por que algumas empresas querem que você alugue a bateria do seu Veículo Elétrico
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Por que algumas empresas querem que você alugue a bateria do seu Veículo Elétrico

A troca de bateria pode mudar a forma como pagamos pela energia em nossos veículos.

O que você encontrará neste artigo:

Implicações e vantagens da troca de baterias
Desafios e riscos da troca de baterias

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Hoje em dia, parece que estou o tempo todo assinando novos serviços. Netflix, Paramount + e, claro, estou vidrada na última temporada de Succession, então agora voltei a assinar a HBO Max também.

E em breve, posso ter que considerar adicionar mais uma assinatura a essa lista: uma para bateria de Veículo Elétrico (VE). Em vez das pessoas terem baterias que alimentam veículos elétricos, algumas empresas querem repensar essa dinâmica e estão promovendo as baterias como um serviço. Pague uma taxa de assinatura mensal e você poderá contar com um estoque de baterias disponíveis em postos de trocas para substituir recorrentemente as quase gastas que alimentam seu veículo.

Algumas empresas estão trabalhando para tornar as trocas de bateria uma realidade, e eu escrevi sobre o progresso dessa iniciativa em um artigo que você deveria conferir aqui. E para esta newsletter em especial, quero me aprofundar em uma questão levantada pela visão futurista desses empreendimentos que não consigo tirar da cabeça: devemos ser os donos das nossas próprias baterias?

A visão

Imagine: é 2030, você está fazendo uma viagem e a bateria do seu veículo elétrico está ficando fraca. Você para em uma cidade em que nunca esteve antes e, em vez de parar para recarregar, você para em um posto de troca de baterias. Você pressiona um botão em um aplicativo e a plataforma do posto levanta o carro, desparafusa a bateria que alimenta seu VE e instala uma nova no lugar. Em menos de cinco minutos, você passa de quase sem bateria a 100% carregado, pronto para continuar.

A bateria que você pegou para prosseguir sua viagem não é sua. Mas nem a que você deixou.

Essa é a visão de algumas empresas, como a Nio, uma fabricante de automóveis com sede na China. A Nio tem cerca de 300.000 veículos em circulação e cerca de 1.400 de seus próprios postos de troca em funcionamento.

Se você dirige um Nio, tem a opção de adquirir a bateria logo no momento da compra. Ou então, pode ter acesso à rede de troca por meio de uma assinatura do conjunto de baterias da empresa.

A Nio recentemente expandiu suas operações para a Noruega, então vamos tomar isso como um exemplo de como as finanças estão indo. (Eu converti tudo para dólares americanos, usando as taxas de conversão de maio de 2023.)

Digamos que você decida comprar um Nio ES8 na Noruega e queira optar pela bateria menor, com capacidade de 75 quilowatts-hora (kWh).

Se você deseja ser dono dessa bateria e não quer visitar os postos de troca, seu veículo custará aproximadamente US$ 58.500. Se, por outro lado, você preferir alugar a bateria, pagará um pouco menos de US$ 50.000 à vista, mais uma taxa mensal de US$ 135. (Os custos são um pouco mais altos se você optar pela bateria de 100 kWh, mas a lógica é a mesma.) Por essa taxa mensal, você tem direito a algumas trocas ou uma quantidade definida de carregamento rápido.

Você levaria pouco mais de cinco anos para começar a pagar mais na taxa mensal do que pagaria com a opção inicial, e a maioria dos VEs em circulação hoje tem cobertura de garantia de bateria de oito a 10 anos.

As implicações

Estou fascinada com essa possível mudança na questão de propriedade de baterias e acho que, se a visão dessas empresas se tornar realidade, haverá muitos pontos positivos a serem considerados.

De acordo com Fei Shen, vice-presidente de gerenciamento de energia da Nio, a capacidade de alugar baterias pode significar menos estresse para os motoristas em relação à degradação da bateria. “Eles não precisam se preocupar nem um pouco com isso, pois podem trocar a bateria a qualquer momento, quando quiserem”, diz.

E para a empresa, é mais fácil monitorar e fazer a manutenção das baterias. “Se encontrarmos alguns problemas em potencial, podemos deixar essa bateria em nosso posto de troca para realizar uma manutenção nela”, diz Shen. O mesmo vale para o processo de reciclagem das baterias ao final de sua vida útil, acrescenta.

Além disso, há a possibilidade de personalização: os motoristas podem optar por uma bateria de menor capacidade e aumentá-la somente quando forem realizar viagens mais longas, por exemplo. Isso poderia cortar custos e até mesmo reduzir a quantidade total de materiais necessários para construir baterias para frotas de veículos elétricos.

Mas, por outro lado, alguns especialistas em veículos elétricos não estão tão certos de que o cenário de troca de baterias seria tão promissor.

Manter baterias de alta qualidade consistentemente em estoque pode ser mais difícil do que as empresas estão deixando transparecer, diz Gil Tal, diretor do centro de pesquisa de veículos híbridos plug-in e elétricos da Universidade da Califórnia, em Davis (EUA). “Portanto, quando você troca uma bateria, pode conseguir uma pior, ou melhor”, dependendo do que estiver disponível no posto, diz ele.

Ele também duvida que as pessoas estejam dispostas a correr riscos em relação à disponibilidade. “Não vai funcionar. Todo mundo vai pedir a bateria grande ao mesmo tempo”, diz Tal. Você já tentou alugar um carro em um aeroporto durante um temporal ou encontrar uma vaga para sua bicicleta de uso compartilhado em um grande evento? Essas questões logísticas podem ser desafiadoras para as empresas resolverem.

Há uma série de dinâmicas fascinantes em jogo no que diz respeito à troca de baterias de veículos elétricos, e não se trata apenas da possibilidade de mudar o nosso relacionamento com elas. Confira meu artigo para saber muito mais sobre essa tecnologia e o que pode ser necessário para realmente torná-la uma opção viável.

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