Durante a tarde desta sexta-feira (15), na plenária do Rio Innovation Week (RIW), a MIT Technology Review Brasil discutiu as perspectivas da inovação no Brasil. Um dia após a cerimônia de premiação do Innovators Under 35 Brasil, os editores-executivos Rafael Coimbra e Carlos Aros trouxeram um panorama do ecossistema de inovação brasileiro a partir da análise de mais de 1500 candidatos ao prêmio.
Coimbra destacou como “grandes desafios acabam criando grandes soluções”. Na sua avaliação, a aceleração do uso de IA tem sido um fator crucial para a inovação, com ferramentas que antes pareciam distantes agora permitindo o acesso a novos recursos. “Entender a IA minimamente, saber as ferramentas básicas, será uma condição necessária para os inovadores. Isso acelera a inovação e a gente não pode perder tempo quando está falando de empreendedorismo”, observou.
Aros falou sobre a visão multidisciplinar dos inovadores, destacando a importância da integração entre as diferentes áreas. Ele observou que a inovação é como uma grande rede colaborativa, na qual a troca entre diferentes unidades é essencial para criar soluções que atendam a todos.
“Se a gente transportar isso para dentro da realidade das organizações, é como se nós estivéssemos integrando todas as áreas ou promovendo colaboração entre as áreas para, a partir dos recursos que cada unidade tem, construir soluções.”
A nova mentalidade do inovador brasileiro
Coimbra também observou a crescente consciência dos inovadores sobre os recursos que utilizam, particularmente em relação à escala e ao custo. Muitos começam seus projetos de forma mais modesta, testando ideias de maneira mais sustentável, o que, segundo ele, tem sido uma estratégia bem-sucedida no Brasil.
“Observei que os inovadores brasileiros têm essa consciência, então, na hora de prototipar, tomam muito cuidado. Alguns começam devagar, vão testando. A gente observa uma clareza de como aplicar os recursos.”
Por sua vez, Aros destacou que os inovadores têm buscado adaptar tecnologias existentes, em vez de criar algo completamente novo. Ele vê isso como uma forma de aprimorar soluções já existentes, uma abordagem que, em vez de ser vista como uma limitação, é um movimento inteligente para maximizar os recursos disponíveis. “E isso não é nenhum demérito, mas um aprimoramento.”
A interação entre diferentes stakeholders é essencial para o sucesso da inovação no Brasil. Coimbra ressaltou que é necessário criar ecossistemas de inovação que integrem governo, empresas, startups, investidores e academia. Ele afirmou que os projetos inovadores brasileiros têm mais chances de dar certo quando circulam dentro desses cinco pilares que fortalecem a inovação colaborativa.
Aros também destacou a importância de construir políticas públicas para ajudar na implementação de novos projetos, especialmente quando se trata de inovação regional. Ele mencionou que, embora os desafios sejam grandes, a interconexão entre diferentes regiões e soluções tem permitido uma troca rica de experiências, levando soluções inovadoras de uma região para outra, independentemente da distância física.
O caminho para o futuro da inovação no Brasil
Coimbra e Aros concluíram que não é a tecnologia sozinha que faz um empreendedor bem-sucedido, mas a compreensão humana e colaborativa necessária para implementar essas tecnologias de forma eficaz. O sucesso vem da capacidade de trabalhar em conjunto, integrar diversas perspectivas e construir soluções inovadoras que atendam às necessidades reais do mercado.
O Brasil está avançando rapidamente na inovação e, como observou Aros, “esses inovadores não estão sozinhos. Eles sabem que, para escalar e expandir, é necessário compreender o ecossistema em que estão inseridos e colaborar com todos os seus elementos.”
Conheça os vencedores do Innovators Under 35
A crescente presença feminina foi destaque neste ano entre os mais de 1500 candidatos que disputaram a premiação, refletindo um ecossistema de inovação mais diverso, com destaque para áreas como saúde e Inteligência Artificial. A edição deste ano também evidenciou a alta participação de projetos de ESG em andamento no Brasil.
Conheça os premiados e seus projetos.
Durante todo o dia, falou-se sobre áreas distintas, como saúde, Inteligência Artificial, arte, negócios e ESG, com foco em inovações impactantes e o papel transformador das tecnologias. Em comum, a busca por soluções inovadoras que enfrentam desafios sociais, econômicos e ambientais, além da relevância da colaboração e validação em ecossistemas de inovação.
Ao anunciar os premiados na categoria Tecnologia, Coimbra incentivou os inovadores a tirarem suas ideias do papel e a buscarem independência em suas soluções, ressaltando a importância de transformar conceitos em realidade. Ele também conversou com os vencedores da categoria Inteligência Artificial sobre a crescente importância dos dados e da IA.
Aros debateu com os premiados da categoria Saúde sobre a falta de dados para pesquisas na área. Os vencedores da categoria Arte falaram com ele também sobre a interseção entre criatividade e empreendedorismo no ambiente digital, com foco nos desafios e oportunidades.
Durante a conversa com os vencedores da categoria Negócios, o diretor de Produtos e Inovação, Iago Ribeiro, falou da importância de ecossistemas de fomento. Por fim, Hudson Mendonça, vice-presidente de Energia e Sustentabilidade da MIT Technology Review Brasil, convidou os vencedores da categoria ESG para apontar iniciativas de impacto social e empoderamento no Brasil, com foco em tecnologia e inclusão.