Incêndios florestais de 2023 no Canadá emitiram mais poluentes que a maioria dos países
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Incêndios florestais de 2023 no Canadá emitiram mais poluentes que a maioria dos países

Se representasse um país, seria o quarto maior emissor do mundo, atrás apenas da China, Estados Unidos e Índia.

O que você encontrará neste artigo:

Emissões de carbono
Impacto das condições climáticas
Desafios futuros e limites de carbono

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Os incêndios florestais do ano passado no Canadá quebraram recordes, queimando cerca de sete vezes mais áreas nas florestas canadenses do que a média anual das quatro décadas anteriores. Oito bombeiros perderam a vida, e 180 mil pessoas foram deslocadas.

Agora, uma nova pesquisa revela como esses incêndios podem criar um ciclo vicioso, contribuindo para as mudanças climáticas, mesmo enquanto as condições alimentadas pelo clima agravam as temporadas de incêndios. As emissões de carbono dos incêndios florestais de 2023 no Canadá atingiram 647 milhões de toneladas métricas, segundo o estudo publicado na Nature em 28 de agosto. Se os incêndios fossem um país, eles seriam o quarto maior emissor do mundo, atrás apenas da China, Estados Unidos e Índia. As altíssimas emissões desses incêndios revelam como as atividades humanas têm elevado os ecossistemas naturais a um ponto que dificulta nossos esforços para enfrentar as mudanças climáticas.

“O fato de isso estar acontecendo em grandes partes do Canadá e ter durado o verão todo foi realmente impressionante de se ver”, diz Brendan Byrne, cientista do Jet Propulsion Laboratory da NASA e principal autor do estudo.

Algumas regiões se destacam especialmente pelas queimadas, como partes de Quebec, uma área tipicamente úmida no leste do Canadá, que recebeu metade da precipitação normal. Esses incêndios foram os que geraram a fumaça que desceu pela costa leste dos EUA. Contudo, no geral, o que foi tão significativo sobre a temporada de incêndios de 2023 foi o quão generalizadas eram as condições que promoviam o fogo, diz Byrne.

Mesmo que as mudanças climáticas não iniciem diretamente nenhum incêndio, os pesquisadores rastrearam as condições quentes e secas que agravam o fogo enquanto efeitos das mudanças climáticas causadas pelo homem. As condições extremas de queimada no leste do Canadá eram mais de duas vezes mais prováveis devido às mudanças climáticas, segundo uma análise de 2023 da World Weather Attribution.

E, por sua vez, os incêndios estão liberando enormes quantidades de gases de efeito estufa na atmosfera. Combinando imagens de satélite das áreas queimadas com medições de alguns dos gases emitidos, Byrne e sua equipe conseguiram calcular o total de carbono liberado na atmosfera mais precisamente do que as estimativas que dependem apenas das imagens.

No total, os incêndios contribuíram em pelo menos quatro vezes mais carbono na atmosfera do que todas as emissões de combustíveis fósseis no Canadá no ano passado.

Incêndios fazem parte de ecossistemas naturais e saudáveis, e queimadas por si só não representam necessariamente um desastre para as mudanças climáticas. Após uma típica temporada de incêndios, uma floresta começa a se regenerar, capturando dióxido de carbono da atmosfera à medida que faz isso, o que dá continuidade a um ciclo em que o gás se move ao redor do planeta.

O problema surge se e quando esse ciclo é interrompido – por exemplo, se os incêndios são muito intensos e muito disseminados por vários anos. E há motivos para se preocupar com as futuras temporadas de incêndios. Enquanto as condições de 2023 foram incomuns na comparação histórica, os modelos climáticos revelam que elas poderiam ser comuns até a década de 2050.

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“Acho muito provável que veremos mais incêndios no Canadá”, diz Byrne. “Mas ainda não entendemos realmente como isso vai impactar os limites de carbono.”

O que Byrne quer dizer com limites de carbono é a quantidade de gases de efeito estufa que podemos emitir na atmosfera antes de ultrapassarmos nossos objetivos climáticos. Temos cerca de sete anos restantes nos níveis atuais de emissões, antes de ser mais provável que ultrapassaremos 1,5°C do aquecimento sobre os níveis pré-industriais, de acordo com o Relatório Global de Orçamento de Carbono de 2023.

Já era nítido que precisamos parar as emissões de usinas de energia, veículos e uma ampla gama de outras atividades humanas para enfrentar as mudanças climáticas. Os incêndios florestais do ano passado devem aumentar a urgência dessa ação, pois empurrar os ecossistemas naturais além do que podem suportar só aumentará o desafio daqui para frente.

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