Ética e inovação em medicina estética
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Ética e inovação em medicina estética

Procedimentos não invasivos impulsionam o mercado com tecnologias eficazes, personalizadas e com resultados mais rápidos.

Se há 30 anos o único recurso para um tratamento estético contra o envelhecimento da face era cirúrgico, hoje a popularização de técnicas não invasivas traz uma realidade completamente diferente. Impulsionada por inovações tecnológicas, a medicina estética vem passando por transformações significativas nas últimas décadas. Segundo uma pesquisa da Grand View Research, o segmento teve uma receita de US$ 88,92 bilhões em 2024, valor que deve crescer exponencialmente até 2030, alcançando US$ 143,3 bilhões em todo mundo.

Ainda de acordo com a análise, a categoria de procedimentos não invasivos (tais como injeções de toxina botulínica, preenchimentos de tecidos moles e peeling químico) dominou o mercado, com uma participação de mais de 38% da fatia total. “Menos dor, resultados imediatos e baixo custo são alguns dos fatores que impulsionaram a demanda por esses procedimentos” , aponta o relatório.

O aumento da precisão diagnóstica e o desenvolvimento de planos de tratamento cada vez mais assertivos e personalizados são fatores relevantes para o crescimento do segmento, como destaca a cirurgiã dentista e especialista em harmonização facial Thallita Queiroz. A especialista usa como exemplo a ultrassonografia de face, utilizada para identificar produtos injetados anteriormente no paciente.

“Se ele tem um material preenchedor permanente, como o polimetilmetacrilato, eu não posso trabalhar com nenhuma técnica, com nenhum injetável, porque pode desencadear uma reação de corpo estranho, inclusive um processo inflamatório. Como vou trabalhar na face desse paciente? Hoje, a análise de ultrassom nos permite identificar os diferentes materiais que ele tem na face”, explica.

“Há ainda outras ferramentas para monitorar resultados. Eu consigo fazer fotos da face do paciente e elas são transformadas em arquivos tridimensionais. Após os procedimentos, eu faço as fotos novamente, e é possível analisar sobrepondo as fotos, calcular a área em que o volume aumentou, quanto aumentou, e mostrar o que ocorreu com o restante dos tecidos”, complementa a especialista.

IA como aceleradora de pesquisas clínicas

Outro destaque do relatório é o grande investimento em inovação conduzido pelos principais players do mercado mundial, com um aporte consistente destinado à pesquisa e desenvolvimento como parte de uma estratégia para manter a liderança, lançando produtos de última geração e portifólios de produtos que acabam ditando tendências de mercado.

Fundamentais para a consolidação de novas tecnologias em saúde, os estudos clínicos são beneficiados pela inovação. Na cosmetologia e na medicina estética, o movimento é da construção de pesquisas integradas e multidisciplinares combinando biologia molecular, engenharia de tecidos e tecnologia da informação para desenvolver tratamentos mais eficazes e personalizados. Processos mais ágeis na indústria farmacêutica beneficiam pesquisadores e pacientes, mas também patrocinadores e investidores.

Desafios éticos

O conceito de multidisciplinariedade tornou-se relevante na prática médica. Na estética, a integração de conhecimento de diversas especialidades permite uma abordagem mais holística, proporcionando intervenções em muitos aspectos, não apenas do ponto de vista da aparência externa.

As inúmeras possibilidades e ferramentas inovadoras disponíveis para o tratamento antienvelhecimento também exigem reflexões aprofundadas na prática clínica. Por isso, conceitos como o de naturalidade e de individualidade estão cada vez mais presentes na rotina de profissionais de referência.

Thallita Queiroz reforça, ainda, a importância de um diálogo franco com o paciente sobre as possibilidades de gerenciamento do envelhecimento nas múltiplas camadas e com diferentes materiais.

“É imprescindível alinhar saúde sistêmica ao tratamento facial. Se pensarmos, por exemplo, na formação do colágeno no nosso organismo, temos excelentes produtos para acordar nossas células. Mas quem forma o colágeno são os nossos fibroblastos, então, se o paciente não tiver hábitos alimentares saudáveis, você pode usar o melhor produto e não obter um resultado satisfatório”, afirma.

Essa abordagem personalizada contribui ainda para o empoderamento do paciente de maneira ética e empática, munindo-o das informações necessárias para que a decisão sobre a jornada de tratamento mais adequada seja tomada em conjunto .

“O paciente precisa ter autonomia para tomar decisões junto ao profissional de saúde. Mas de nada adianta dar autonomia sem saber informar, transmitir para ele o conhecimento baseado em ciência. Precisamos respeitar o que o paciente quer naquele momento, suas queixas estéticas, suas emoções e subjetividades. É preciso abordar isso de uma forma sensível”, reflete Thallita.

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