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O segundo dia do Energy Summit foi pautado pelas discussões em torno das tecnologias que estão sendo desenvolvidas para acelerar o processo de descarbonização e os próximos passos para a transição energética.
O evento que acontece até o dia 19 de junho na Cidade das Artes, Rio de Janeiro, tem como objetivo fortalecer a busca por soluções inovadoras na área de Energia.
Ao todo, foram 21 palestras distribuídas por dois palcos: Spark Stage e Edison Stage. Além disso, o Energy Summit contou com nove masterclasses exclusivas com professores do MIT e especialistas renomados no segmento.
Durante a sessão de abertura, o Governo do Estado assinou o projeto de lei que cria a política estadual de transição energética. Em conjunto com a Petrobras, também foi feita a assinatura do MOU para estudar a implantação de eólica offshore.
“O Rio de Janeiro é responsável por 80% do petróleo produzido no país. É o melhor lugar do Brasil para a implantação das eólicas offshore. Nosso estado lidera a transição energética e luta incansavelmente por ela. Somos o maior estado do mundo que recebe nômades digitais e temos uma tendência crescente para a sustentabilidade, como demonstrado pelo Porto do Açu com seus 3 gigawatts de energia termelétrica”, disse o governador do Estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro.
Também participaram da sessão Hudson Mendonça, CEO da Energy Summit; André Miceli, CEO e editor-chefe da MIT Technology Review Brasil; Travis Hunter; diretor do MIT REAP; Lars Frølund; MIT Senior Lecturer; Fiona Murray; MIT Dean for Innovation; e Olavo Bentes David, assessor da presidência da Petrobras.
O assessor da presidência da Petrobras, que participou da assinatura do MOU, destacou a importância de a transição energética estar na pauta de todos os agentes que vão ajudar a desenvolver o setor, incluindo Governos, Empresas, Universidades, Investidores e Startups.
“Até 2050, as fontes alternativas de energia deverão superar os combustíveis fósseis. Para a Petrobras, a transição energética envolve a substituição dessas fontes, a progressiva descarbonização e a inclusão de fontes limpas como eólica, solar e biorefino.”
Veja o que rolou no Spark Stage
No palco Spark Stage, os debates giraram em torno das políticas públicas, investimentos em tecnologias e tendências do setor. No painel “Brazilian Overview on Energy Transition”, participaram Maurício Tolmasquim, Chief Energy Transition and Sustainability Officer da Petrobras; Hudson Mendonça, CEO do Energy Summit; Verônica Coelho, CEO da Equinor Brazil; Ricardo Botelho, CEO da Energisa; Charles Fernandes, Country Chair and Managing Director da TotalEnergies EP Brasil; e Bruno Serapião, CEO da Atvos.
Dentre os pontos destacados, os especialistas abordaram como o Brasil está vivendo um tempo histórico para o seu desenvolvimento, com muitos projetos renováveis.
Tomalsquim, por exemplo, reforçou que a matriz energética brasileira já é 50% renovável e pode ser ampliada com o uso de biocombustíveis, aproveitando a abundância de água e sol no país. Além disso, o hidrogênio pode ser produzido a partir da eletricidade, criando oportunidades.
Outros destaques são a importância de políticas públicas alinhadas com as iniciativas privadas; descarbonização; a redução das emissões de metano e carbono; e investimentos em segurança energética e energia limpa.
A palestra “Public Policy for a Fair Energy Transition” também foi uma dos destaques do dia. Celso Pansera, presidente da Finep destacou dois pilares fundamentais para a transição energética: atender às exigências da natureza e garantir as conquistas sociais. A Finep, segundo Pansera, está apoiando a produção de biomassa e biodiesel, crucial para essa transformação.
Hugo Leal, deputado federal, reforçou a importância de políticas públicas eficazes para suportar essa transição, enquanto Ricardo Cappeli, presidente da ABDI, afirmou que cada país enfrenta desafios únicos na transição energética, mas que o Brasil está cerca de 20 anos à frente de muitos países em termos de matriz renovável. Segundo ele, apenas 18% das emissões de gases de efeito estufa no Brasil provêm da matriz energética, em comparação com 77% em outros países, destacando a eficiência do Brasil nesse aspecto.
O Energy Summit também teve um momento dedicado para discutir privacidade. Na palestra “Voices of change: Personal Journeys of Diversity Harnessing Innovation in the Energy Sector”, Rafaela Guedes, Senior Fellow CEBRI; Solange Ribeiro, Chair na United Nations Global Compact; Suelen Marcolino, Founder and Consultant on Diversity; e Estefania Laterza, representative CAF in Brazil discutiram o papel das mulheres no setor de energia.
“O que me levou a seguir essa jornada da diversidade foi a necessidade de pensar na minha carreira. Não ser diverso pesa no bolso e é preciso cuidar das ações afirmativas.”
O painel ainda trouxe outras diversas discussões ao longo do dia, como as tendências atuais e futuras do setor energético; e o planejamento e regulamentação necessários para orientar essas decisões.
Confira os principais pontos abordados no Edison Stage
No palco Edison Stage, o destaque da manhã foi o painel “Decarbonizing the Oil&Gas Industry”. Carlos Victal, gerente de Sustentabilidade do IBP; Viviana Coelho, GE Climate Change da Petrobras; Claudia Brun, Vice President, New Value Chains and MMP da Equinor; Elias Ramos, diretor de Inovação da Finep debateram estratégias para reduzir as emissões de carbono nesse setor.
A adoção de tecnologias de captura e armazenamento de carbono, além de práticas operacionais mais limpas, são essenciais para alcançar metas de descarbonização.
“Está previsto que vamos mudar nossa forma de consumir energia, mas não que vamos diminuir o consumo. A infraestrutura do consumidor está atrelada ao combustível e isso torna a transição necessariamente gradual”, disse Viviana.
Já Claudia Brun, destacou a necessidade de reduzir as emissões até 2030. “Apesar do mundo precisar de Óleo e Gás por um tempo, precisamos criar produtos que diminuam essa necessidade.”
Segundo ela, conflitos atuais, como a guerra da Rússia e Ucrânia, estão influenciando a velocidade dessa transformação. Uma das grandes apostas é o hidrogênio azul, produzido a partir do vapor do metano.
Elias Ramos ainda pontuou o papel da indústria de Óleo de Gás para financiar e manter a confiabilidade do sistema. E a atuação da Finep no financiamento de pesquisa de inovação.
“O principal fundo de pesquisa do país foi recuperado e cresceu quase 30%, então o cenário é positivo. Não são recursos infinitos, tem os limites e ainda tem uma disparidade grande. O Brasil ainda pode contribuir muito na transição porque temos uma matriz energética muito diversificada.”
O editor-executivo da MIT Technology Review Brasil Rafael Coimbra ainda moderou uma conversa com Amanda Andreone, Country Manager na Genesys e Ana Luisa Santos, Head of Digital Learning and Operations do MIT Bootcamps sobre como comunicar os esforços da transição energética nas organizações.
Amanda destacou a importância de conhecer o cliente, o que fala com a empresa, para só depois determinar os canais por onde se comunicar. “O cliente é de todas as áreas. No fim do dia, todos os aspectos precisam de experiência. Investir em tecnologia também serve como uma ferramenta de reputação.”
E complementou: “nós estamos vivendo uma grande revolução e não é só pela tecnologia. No meu ponto de vista, é sobre a velocidade das mudanças e onde elas nos levam”.
Já Ana Luísa destacou os desafios associados a essas questões: “vale lembrar que os problemas são muito complexos e abraçar esse desafio é importante para que todo mundo possa superá-lo juntos. Times interdisciplinares são fundamentais para a inovação porque cada um tem uma especialidade e uma visão para trazer para a mesa”.
O ciclo de palestras no palco também incluiu a importância de integrar soluções de mobilidade sustentável e cidades inteligentes na transição energética; inovações nas tecnologias solares que podem aumentar a eficiência e a acessibilidade da energia solar; como grandes consumidores de energia, como indústrias e corporações, podem liderar a transição adotando práticas sustentáveis e investindo em energias renováveis; a necessidade de se investir em pesquisa acadêmica e industrial; e os investimentos em tecnologias de energia verde, como uso de biomassa, biocombustíveis, energia eólica e hidrogênio verde.