Privacidade: dados precisam sair da esfera mágica e entrar na ética
EmTech Brasil

Privacidade: dados precisam sair da esfera mágica e entrar na ética

A discussão sobre regras e ética nunca foi tão necessária — dentro de um mundo que mexe, cada vez mais e contra o tempo, com Inteligência Artificial e dados da população global de maneira geral. O assunto foi tema do painel “Privacidade e cidadania digital em temos de hiper vigilância”, no EmTech Brasil 2025.

Para Nina da Hora, Diretora do Instituto da Hora, atualmente, os desenvolvedores de tecnologia são responsáveis por colocarem trabalhos incompletos do ponto de vista da ética em funcionamento. “Hoje, os especialistas em direito nos dão opções e ideias possíveis de serem implementadas tecnicamente em IA. O problema é a corrida contra o tempo”, explica. Segundo ela, essa corrida faz com que as os trabalhos sejam colocados no mercado “antes de estarem eticamente elaborados” e “prontos o suficiente”. “Quem desenvolve sabe disso, mas quer colocar a tecnologia para teste e resolver os problemas depois”, avalia.

Thales Freitas, COO da Overlabs, concorda e destaca que o problema é maior do que o pensado, uma vez que não existem mais limites para o compartilhamento de dados. “Nenhum governo hoje é senhor do dado que está localizado dentro do próprio país, se quebrou paradigma da soberania. As fronteiras, antes, eram limite físico. No ponto de vista digital, se ultrapassa essa barreira”, diz.

Apesar disso, o CIO do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, Fabio Correa Xavier, elogia a evolução que a coleta de dados apresentou no Brasil com a chegada da Lei Geral de Proteção de Dados — e os avanços possibilitados pela inserção de informações online, como a criação do Gov.br, plataforma única que reúne serviços ao cidadão. Mesmo assim, alerta que apenas essas regras, atualmente em vigor no país, não são suficientes, no momento, para garantir a segurança.

“Às vezes, a jurisprudência pode ser mais interessante sobre as possibilidades dos dados do que a lei em si. Isso ainda está vindo. Mas precisamos entender que não é mágica”, afirma. “É necessário termos processos, procedimentos e pessoas para soluções efetivas. A ética deve guiar todos os nossos passos”, alerta.

Último vídeo

Nossos tópicos