IA ainda precisa caminhar na saúde brasileira, relatam especialistas
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IA ainda precisa caminhar na saúde brasileira, relatam especialistas

O uso da Inteligência Artificial avançou, mas ainda precisa percorrer caminhos desafiadores na saúde brasileira. Essa é a avaliação de especialistas que participaram do painel “Open Health: novos rumos da saúde no Brasil”, nesta terça-feira (30), no segundo dia de debates do EmTech Brasil 2025.

Luciana Portilho, Coordenadora de Projetos de Pesquisas TIC da Cetic.br|NIC.br, destacou que o número de hospitais públicos e privados que mantém os dados de pacientes digitalizados subiu de 2013 para cá. Mesmo assim, segundo ela, ainda há uma discrepância no sistema público. “Em 2015, 90% dos hospitais da área privada já tinham um sistema que registrava informações dos paciências em formato eletrônico, mas nos públicos isso ficava em 60%. Aí, tivemos um salto durante a pandemia [de Covid-19]. Hoje temos 95% nos privados e 85% nos públicos”, disse.

Para Luiz Durão, CIO da Origin Health, os avanços sempre são positivos, mas estão longe do ideal. Ele acredita que ainda é preciso desenvolver cultura de aprendizado de IA, além de promover treinamentos na área médica para esse fim. Durão também destacou a importância de aumentar a coleta de dados em primeiro lugar. ”Antes de aplicar IA precisamos de dados, por isso é importante ter esses sistemas. Hoje, no Brasil, é difícil ter acesso ao ciclo de vida do paciente do começo ao fim. Em Londres, por exemplo, há unificação de dados – inclusive dados genomicos.”

Os palestrantes destacaram, no entanto, que ainda existe muito receio de fornecer dados de maneira geral. E que a proteção desses dados, principalmente em um país que tem as proporções do Brasil, é um desafio. Manoela Albuquerque, editora de Saude do MIT Technology Review Brasil, questionou sobre o nível do conhecimento dos pacientes sobre o quão importante e relevante pode ser o compartilhamento de dados.

“Hoje, nós temos um avanço muito rápido da tecnologia. Isso faz com que ela [tecnologia] se descole do social, o que gera medo. As pessoas tem medo de serem substituídas pela tecnologia”, avaliou Luiz Durão. Ele também questionou a possibilidade de alguns dados não serem exclusivos dos pacientes, mas sim disponibilizado a para o governo – justamente para pensar políticas públicas sobre o assunto. Por isso, levantou a necessidade de regulamentação.

Já Luciana Portilho mostrou que grande parte dos estabelecimentos de saúde, hoje, não tem um plano específico para a proteção de dados dos pacientes, e que é preciso investimento na capacitação profissional. “Hoje só um terço dos estabelecimentos de saúde está seguindo padrões da LGPD”, afirmou. Para ela, um dos empecilhos do uso por médicos está justamente na regulamentação. “Será que os médicos precisam compartilhar que usam IA? Ainda é preciso regulamentar e pensar questões. Isso também deixa os profissionais com receio. Eles se perguntam quem seria o responsável se algo vazar.”

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