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Mais uma vez, as emissões globais de gases de efeito estufa devem atingir um novo recorde em 2024.
Em um momento de mudanças políticas e negociações internacionais, muitos apontam rapidamente para um país ou outro como o principal responsável pelas mudanças climáticas.
Mas atribuir responsabilidades é uma tarefa complexa. Estas três visualizações ajudam a explicar por que, oferecendo uma perspectiva sobre os maiores poluidores do mundo.
As emissões de gases de efeito estufa provenientes de combustíveis fósseis e indústrias alcançaram 37,4 bilhões de toneladas métricas de dióxido de carbono em 2024, segundo projeções do relatório anual Global Carbon Budget, divulgado na última semana. Trata-se de um aumento de 0,8% em relação ao ano anterior.
Os maiores emissores de hoje
Por país, a China é, de longe, o maior emissor de gases de efeito estufa atualmente, posição que ocupa desde 2006. O país emite cerca do dobro de gases em relação a qualquer outra nação, sendo o setor energético sua principal fonte de emissões, já que a rede elétrica chinesa depende fortemente do carvão, o mais poluente dos combustíveis fósseis.
Os Estados Unidos ocupam o segundo lugar entre os maiores emissores globais, seguidos pela Índia. As emissões combinadas dos 27 países da União Europeia vêm logo depois, seguidas por Rússia e Japão.
As emissões históricas mudam a perspectiva
Considerar apenas as emissões atuais de um país não oferece uma visão completa sobre sua responsabilidade climática. O dióxido de carbono permanece estável na atmosfera por centenas de anos, o que significa que gases emitidos pela primeira usina de carvão no século XIX ainda contribuem para o aquecimento global hoje.
Somando as emissões ao longo da história, os Estados Unidos lideram como o maior contribuinte histórico, responsável por cerca de 24% de toda a poluição climática lançada na atmosfera até 2023. Apesar de ser o maior emissor atual, a China ocupa o segundo lugar em emissões históricas, com 14%.
Se os Estados membros da União Europeia forem considerados como um único bloco, o grupo também figura entre os maiores contribuintes históricos. Segundo uma análise publicada em 19 de novembro pelo site Carbon Brief, as emissões históricas da China ultrapassaram as da UE em 2023 pela primeira vez.
A China pode alcançar os países ocidentais nas próximas décadas, já que suas emissões são significativas e continuam crescendo, enquanto os EUA e a UE apresentam quedas moderadas.
Dividindo as emissões por habitante
Outro fator a ser considerado é a população. Dividir as emissões totais de um país pelo número de habitantes revela como o cidadão médio contribui para as mudanças climáticas hoje.
Países com populações menores e economias fortemente dependentes de petróleo e gás tendem a liderar esta lista, incluindo Arábia Saudita, Bahrein e Emirados Árabes Unidos.
Entre os países mais populosos, a Austrália possui as maiores emissões per capita de combustíveis fósseis, seguida de perto pelos Estados Unidos e Canadá. Por outro lado, países com altas emissões totais aparecem mais abaixo na lista quando normalizados pela população: as emissões per capita da China são pouco mais da metade das dos EUA, enquanto as da Índia representam apenas uma fração.
Reflexões para o futuro
Entender o quadro complexo das emissões globais é essencial, especialmente durante negociações internacionais, como a reunião da COP29, em andamento em Baku, Azerbaijão.
Ao observar apenas as emissões atuais, pode-se esperar que o maior emissor, a China, contribua mais do que qualquer outro país para o financiamento climático. No entanto, ao considerar contribuições históricas, emissões per capita e características econômicas nacionais, especialistas geralmente apontam países como os EUA, Reino Unido e membros da UE como os que devem desempenhar um papel central nessas discussões.
O que está claro é que, no jogo de culpas sobre as emissões, a questão vai muito além de apontar os maiores poluidores de hoje. Enfrentar as mudanças climáticas exigirá uma ação conjunta de todas as nações, já que todos compartilhamos a mesma atmosfera e continuaremos enfrentando os efeitos de um clima em transformação.
Notas sobre a metodologia dos dados:
Os dados de emissões são provenientes do Global Carbon Project, que estima emissões de carbono com base no uso de energia. Emissões territoriais incluem energia e algumas indústrias, mas não emissões relacionadas ao uso da terra.
Os dados da União Europeia somam os 27 países membros atuais, já que o bloco geralmente negocia em conjunto no cenário internacional.
Emissões históricas de alguns países foram desagregadas de fronteiras anteriores, incluindo a ex-URSS e a Iugoslávia.
O mapa de emissões per capita usa as fronteiras oficiais do Banco Mundial, com exceção de Taiwan, que possui dados separados no Global Carbon Project.
Os dados energéticos do Saara Ocidental são reportados por Marrocos, então suas emissões estão incluídas nesse total. As emissões per capita de Marrocos também são usadas para o Saara Ocidental no mapa.
Mais informações detalhadas sobre os métodos do Global Carbon Project (incluindo particularidades sobre emissões territoriais) estão disponíveis aqui.
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