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No Brasil, a educação superior tem sido fundamental para a formação de profissionais e para reduzir os gaps de conhecimento no país, principalmente na rede privada, que atualmente abriga 77% dos alunos. No entanto, nos últimos anos, a evasão de estudantes das instituições de ensino superior privado tem acendido um alerta para a sustentabilidade financeira do setor e para o desenvolvimento econômico e social do país.
De acordo com o Instituto Semesp, centro de inteligência analítica ligado à entidade que representa mantenedoras de ensino superior do Brasil, cerca de 7,1 milhões de brasileiros com ensino médio completo não ingressaram no ensino superior em 2022, enquanto 1,7 milhão de matrículas foram trancadas no ensino superior brasileiro, indicando um problema não só de captação de alunos, mas principalmente de evasão.
A evasão estudantil representa uma queda na arrecadação e na reputação da instituição, e pode ser explicada, em grande parte, pela falta de integração com as reais necessidades do aluno, especialmente a falta de recursos financeiros. Em um cenário cada vez mais difícil e de alta concorrência, as instituições de ensino superior precisam não apenas atrair, mas também manter os estudantes em suas instituições.
E especialistas alertam que essa tendência pode se agravar com os recentes cortes orçamentários e com o desinvestimento nas políticas públicas de acesso ao ensino superior, principalmente no financiamento. O índice de matrículas vinculadas ao Programa Universidade Para Todos (Prouni) e Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) é o menor desde 2013, marcando uma queda de 93% em quase uma década.
A inadimplência também marca o ecossistema das instituições de ensino superior privadas, com casos cada vez mais comuns de atrasos nos pagamentos das mensalidades, impactando diretamente na saúde financeira da instituição. Em 2023, o governo federal tem R$ 11,3 bilhões em parcelas do Fies que já deveriam ter sido pagas, mas estão em atraso. Dos quase 1,9 milhão de ex-estudantes que já estão na fase de pagamento das parcelas, 53,7% estão com a dívida atrasada há mais de três meses.
Nesse cenário, a gestão da permanência deve ser encarada como ações preditivas que evitem que o aluno sequer cogite a ideia de evadir. Revisitar a cultura institucional é um passo importante para colocar o aluno no centro das estratégias e decisões. Dessa forma, é necessário trabalhar não só a oferta de créditos personalizados, mas também a integração acadêmica e social com os colegas de classe e funcionários, além de reduzir atritos na integração administrativa e funcional. Mas isso não é tudo. As instituições de ensino superior têm na tecnologia uma grande aliada não apenas nesse processo de gestão da permanência, permitindo o resgate do aluno por meio de soluções inovadoras, mas como solução para a superação dos principais desafios enfrentados pelo setor educacional.
A tecnologia como aliada
O uso de dados para prever tendências para o setor de educação superior é uma estratégia cada vez mais comum. Mais do que benefícios para as instituições, o uso de dados e modelos analíticos no setor de educação superior privado leva o estudante para o centro das estratégias das instituições de ensino. Eles identificam tendências e padrões de comportamento e possibilitam uma visão mais precisa dos alunos. Isso, por sua vez, permite o desenvolvimento de estratégias e experiências de ensino mais eficazes e satisfatórias.
Associados a tecnologias como o Inteligência Artificial e machine learning, os dados podem ajudar gestores e administradores a tomarem melhores decisões sobre a oferta de cursos, a localização do campus ou de novas unidades e estrutura de preços, por exemplo. Podem ser usados ainda para prever quais os cursos serão mais procurados pelos alunos, que atividades de recrutamento terão o maior impacto na atração de novos estudantes, que áreas geográficas são mais propensas a gerar maior demanda por cursos, que programas de bolsas são mais eficazes para atrair estudantes, ou mesmo para apontar que programas de orientação serão mais eficazes para ajudar os alunos a permanecerem no curso.
Com tudo isso, é possível identificar alunos em risco de evasão e fornecer soluções de crédito personalizadas que atendam às necessidades individuais de cada estudante. Os modelos preditivos utilizam informações como notas, faltas e histórico acadêmico para avaliar o desempenho e comportamento dos alunos, identificando aqueles com maior risco de evasão. Soluções personalizadas, como bolsas de estudo, apoio financeiro, orientação acadêmica e psicológica, podem fazer a diferença na retenção dos alunos.
A análise geográfica também é uma ferramenta importante para as instituições. Por meio de ferramenta como o geoanalytics, é possível segmentar os alunos a partir da geolocalização e identificar locais de maior concentração de estudantes. Com essa informação, as instituições podem decidir onde abrir novas filiais e como melhorar a oferta de cursos em cada local. O fator de deslocamento é um dos principais motivos para a evasão estudantil.
Nesse contexto, plataformas que coletam e interpretam dados são uma fonte valiosa para identificar problemas antes que eles se tornem grandes. Ferramentas de construção automática de modelos preditivos com base nas informações do aluno e modelos prontos, como recomendação, Cross Sell, análise de risco, pricing e churn, permitem oferecer ofertas hiperpersonalizadas para engajar os estudantes durante o curso. É possível ainda conectar fontes de dados em um Data Lake, acelerando o time de analytics e atuando de forma estratégica na jornada do aluno.
O Plano Nacional de Educação (PNE) incentiva a adoção de tecnologias no processo de ensino e aprendizagem, evidenciando a importância da união entre tecnologia e educação para construir um futuro mais próspero e avançado. Portanto, é fundamental que as instituições se adaptem às novas tecnologias e utilizem as soluções inovadoras disponíveis para garantir a permanência dos alunos e a rentabilidade do negócio.