As tecnologias digitais chegaram na lavoura
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As tecnologias digitais chegaram na lavoura

O agronegócio já passou por várias fases. Com a incorporação de tecnologias digitais aos processos produtivos, o campo vive mais uma revolução. O Agro 4.0 é o passaporte para atender a demanda crescente por alimentos com o menor impacto ambiental possível.

Embora o movimento AgTech já estivesse em alta no Brasil, já vivenciei o lado não tão “cool” da revolução digital no campo, ou como muitos dizem, da fazenda do futuro: uma geração analógica de agricultores tendo que lidar com inúmeras ferramentas, aplicativos, plataformas, sem suporte adequado, com interfaces péssimas e o difícil processo de decisão de qual delas escolher para qual propósito com qualquer tipo de dinheiro e tempo investidos.

O Brasil abriga alguns dos maiores produtores de soja, algodão, milho e gado do mundo, mas esses, pode-se dizer que são bastante bem atendidos.

As tecnologias estão finalmente atendendo às necessidades dos pequenos e médios agricultores, que não têm capacidade e/ou dinheiro para comprar assistência nesta nova vida online desconhecida e complexa. Especialmente agora, durante a crise da Covid-19, testemunhamos depoimentos de pequenos agricultores que finalmente podem ter todos os principais serviços necessários para um bom desempenho de seu ano de safra agrícola em plataformas fáceis, amigáveis, centralizadas e muito mais simples.

Nos últimos anos, comecei a empreender no agronegócio, sob influência da família que está no setor há anos. Levou tempo para que eu entendesse porque existe um gap tão grande entre os maiores produtores rurais e os pequenos, que não têm a oportunidade de investir em tecnologia em suas fazendas, o que limita sua capacidade de investir em melhorias para obter maiores e melhores rendimento de qualidade.

Agricultura 4.0 para alimentar 9,7 bilhões de pessoas

Ao longo dos séculos a agricultura mundial vem passando por várias revoluções, principalmente em decorrência do êxodo rural e das inovações tecnológicas e de gestão. A atividade passou da simples domesticação de plantas e animais como fonte de subsistência, para o desenvolvimento de pequenas ferramentas e a disseminação de técnicas para aumentar a produção.

Mas o boom da nova era digital veio mesmo com a Agricultura 4.0, iniciada a partir de 2010. Tudo começou com significativos avanços tecnológicos baseados em hardwares e softwares, conhecidos como agricultura digital, que expandiram a escala e a velocidade da produção, permitindo o aumento progressivo da produtividade dos equipamentos agrícolas e garantindo o cultivo mais eficiente de nossas terras.

Essa, aliás, é a prova de que a agricultura vive uma evolução constante. A produção supre uma demanda crescente por alimentos quando há oferta cada vez menor de terras e insumos agrícolas. Os próximos anos do agro prometem!

A conquista da inovação e o avanço das tecnologias agrícolas serão essenciais também para que a indústria agrícola alimente 9,7 bilhões de pessoas — como indicam as projeções para 2050 — 34% a mais do que é hoje. Há ainda crescentes pressões ambientais e sociais, que exigem práticas agrícolas mais éticas e sustentáveis, como priorizar o bem-estar dos animais e o uso reduzido de produtos químicos e da água.

Assim, Inteligência Artificial, análises de dados, sensores conectados e outras tecnologias emergentes começam a contribuir ainda mais com a conquista do máximo rendimento agrícola, permitindo a máxima sustentabilidade e resiliência da atividade.

As tecnologias digitais que serão o futuro do agronegócio mundial

A tecnologia do futuro (Big Data, Inteligência Artificial, drones/VANTS, sensores e máquinas autônomas) e a agricultura estão trabalhando juntos para gerar o máximo de dados e ajudar a mudar a forma com que produzimos alimentos. Será esse o cenário que irá, definitivamente, guiar o futuro do agro.
O monitoramento da lavoura é o pilar de várias outras técnicas inovadoras que têm transformado o campo. Para que a agricultura de precisão seja possível, por exemplo, o monitoramento é fundamental. É o que definirá os momentos em que é necessário agir, como controlar pragas e doenças, cuidar de irrigação e adubação e até mesmo conferir o ponto de colheita.

Por ser uma atividade que depende de fatores climáticos e ambientais e apresenta diversas influências externas, qualquer atraso ou erro no monitoramento pode significar grandes prejuízos para o produtor rural.

O maior exemplo de monitoramento são os mapas NDVI (Normalized Difference Vegetation Index). Eles revelam os índices de vegetação por diferença normalizada.  Em resumo, as imagens de satélite da propriedade demonstram a saúde e as características da planta através de cores específicas. Quando a luz solar incide sobre as plantas, parte da luz é absorvida e parte é refletida, revelando a situação atual da saúde da planta. Cada espécie apresenta suas respectivas características e cores dentro do mapa NDVI.

Em plantas saudáveis, a luz visível é absorvida pela clorofila, enquanto as células refletem a luz do infravermelho próximo (NIR). Caso a planta esteja com problemas devido a deficiências e falta de manejos, a perda ou os danos da estrutura celular faz com que a luz do infravermelho seja absorvida, modificando as cores no mapa.

Na imagem a seguir, as áreas com NDVI de -1 a 0 apresentam a cor vermelha, de 0,0 a 0,33 laranjas a amarelos, 0,33 a 0,66 variações de verde e acima de 0,66 verdes.

Fonte da imagem: https://blog.agrointeli.com.br/blog/ndvi/

Essa tecnologia prática e promissora é útil em diversos casos, principalmente no uso eficiente de outras tecnologias de sucesso, como a agricultura de precisão e o manejo integrado de pragas (MIP). O objetivo é monitorar as pragas para mantê-las sempre dentro do nível de equilíbrio e abaixo do nível de dano econômico.

Ao identificar irregularidades pelas imagens do mapa NDVI, é possível direcionar as amostragens naquele local, otimizando o trabalho. Em caso de nível de controle, as ações podem ser aplicadas somente naquele talhão ou área afetada, poupando aplicações (defensivos agrícolas) e gastos em toda a lavoura sem necessidade.

Isso refletirá diretamente nos custos de produção e no lucro da safra, além de preservar o solo e o equilíbrio ambiental, ganhando diversos benefícios a longo prazo.

Um próspero agro novo

Atualmente, o cenário na agricultura brasileira é promissor para quem trabalha com agricultura de precisão (AP). A McKinsey realizou uma pesquisa que constatou que pelo menos 47% dos produtores usaram uma tecnologia de AP e 33% utilizaram duas delas ou mais na última safra das principais culturas no Brasil.

A pesquisa, que ouviu mais de 750 agricultores de diferentes culturas e regiões do país, indica que o grande obstáculo é a sua adoção em larga escala. Os produtores apontam que a fluência tecnológica, principalmente em relação aos maquinários, se configura como o maior impeditivo.

Por outro lado, as perspectivas são boas sendo que 53% dos entrevistados utilizam pelo menos uma tecnologia ou estão dispostos a adotar pelo menos uma nas próximas duas safras.

Diante disso, as soluções e tendências da tecnologia na agricultura do futuro são favoráveis e demonstram cada vez mais poder na revolução do setor rumo a uma produção de alimentos sustentável e com a qualidade e quantidade necessárias para alimentar o mundo. Os números e diversos casos comprovam isso.

Com a redução de custos cada vez mais potencializada pela constante evolução da tecnologia, a rentabilidade das fazendas tende a se tornar significativamente maior, possibilitando com que os produtores sejam mais eficientes e sustentáveis, além de receberem muito mais por suas mercadorias. Por consequência o ganho de produtividade também será elevado a ponto de gerar maior renda para indústrias agrícolas, produtores e todos que têm no agro sua fonte de renda.

A criação de softwares, hardwares e algoritmos é essencial para a geração de dados que podem ser usados estrategicamente pelo agricultor na gestão de sua propriedade, para aumentar o rendimento agrícola e a sustentabilidade no campo. Além disso, o papel dos consumidores ajuda a acelerar os movimentos globais em direção à criação de conjuntos de produtos e serviços e a redução do desperdício de alimentos. As soluções contribuem para a sociedade e o meio ambiente, pois a responsabilidade pela produção da maior parte dos alimentos do mundo, está espalhada por mais de 500 milhões de pequenos e fazendas de médio porte.

O clima está mudando, a água e a terra estão escassas, e a população do planeta aumentará em quase 50% nos próximos 30 anos. Para atender a essa população, a indústria agropecuária precisará produzir 70% mais alimentos. Isso significa ter aproximadamente 1 bilhão de toneladas a mais de trigo, arroz e outros cereais por ano.

É necessário, portanto, aumentar a produção de forma sustentável, com o mínimo possível impacto nos recursos hídricos, socioambientais e energéticos.

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