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No mundo do Blockchain, NFT são Tokens Não Fungíveis, ou seja, tokens que não são passíveis de serem substituídos, únicos, indivisíveis ou ainda: que 0,7 token + 0,3 token não formam 1 token. Não preciso dizer que a plataforma líder na construção destes tokens é a Ethereum, até hoje, o maior ecossistema de contratos inteligentes do mundo. A única que funciona, apesar de seus problemas de escalabilidade e altos custos.
No artigo anterior “O mundo será tokenizado”, já falamos sobre a tendência de tokenização e o futuro dos tokens. Os NFTs se diferenciam dos tokens pela complexidade. Ao passo que o tokens são iguais, divisíveis e em grande quantidade, NFTs tendem a ser raros e sofisticados. Um NFT seria uma arte digital, um bem digital que existe e pode ser transferido de uma pessoa à outra. Já um token nem é um objeto digital em si, apenas o fruto de um saldo numérico de uma contabilidade. A diferença: o token é rápido e barato de transmitir, o NFT, lento, caro e custoso, uma obra de arte.
A fórmula mágica
Os NFTs ganharam os holofotes quando no final de 2020 foram lançados os “NBA Moments”, curtos trechos de vídeos com as melhores cestas dos jogadores da NBA. Bem, estas cenas já estão disponíveis na Internet para quem quiser ver, então, porque começaram a pagar 5 mil dólares por uma delas?
A grande fórmula desta questão é justamente ter uma enorme rede de fãs. Nada melhor do que a NBA para isso. O relacionamento dos fãs com os jogadores é muito forte. Foi então, que em plena pandemia, quando a maioria dos jogadores não estava podendo jogar, criaram o que podemos chamar de assinatura digital. Sim, a cesta do Shaquille O’Neal está disponível para todo mundo, mas a cesta com a sua assinatura não.
Então, dono de uma chave privada típica de uma rede deBlockchain, O’Neal pode durante a pandemia dar alguns autógrafos, e os fãs agradecem. Quanto não valeria no mundo real uma bola de basquete com a assinatura de O’Neal? Sim, esta é fácil de entender. O conceito não é muito diferente quando vai para o mundo digital, na verdade ele ganha novas fronteiras.
Presta atenção: o que eu vou fazer aqui agora é quase um NFT. Veja a ilustração abaixo, esta você provavelmente já conhece:
@jackbutcher
Repare que o que diferencia a imagem JPG de um NFT é o símbolo de “verified”, e, este símbolo de verified está atrelado à autenticação de uma entidade do mundo real. O torna único, incopiável. Mais ainda, veja que eu dei os créditos da imagem — que não é minha — ao Jack Butcher, algo que acontece obrigatoriamente em um NFT.
Bem, até agora tudo isso já existe e nunca tínhamos precisado de um NFT. O que muda quando isso vira Blockchain? Bom, já sabemos que o sistema dá a garantia da confiança, do infraudável, e mais, da rastreabilidade. Vou explicar: o leilão de um bem digital confiável pode escalar globalmente e o valor dos lances escala junto. Depois de comprado vira um criptoativo que pode ser negociado como um token em uma Blockchain, pode passar de mão em mão, mas nunca, nunca será apagado o registro da primeira pessoa que comprou a sexta de Shaquille O’Neal. Agora é a sua assinatura que entrará para a história junto à assinatura do seu ídolo. Para um fã, inestimável.
Da magia à realidade
Ok, já temos uma noção do que é o NFT, mas como será que isso está acontecendo na prática? Será que a afobação do desemprego dos jogadores e artistas não está acelerando demais este movimento, tornando isso um hype?
Como já disse no início, tudo isso está sendo desenvolvido na blockchain Ethereum. Mas será que é esta blockchain que vai sobreviver à competição acirrada das novas tecnologias? Sabemos que ela vem apresentando alguns problemas técnicos há algum tempo, ainda sem solução. Se Ethereum acabar, os valores destas obras seriam jogados no lixo?
Mais ainda, as obras digitais são implementadas pelos marketplaces, elas só existem dentro daquele contexto. Podendo existir outra igual no marketplace ao lado. Será que você está apostando no marketplace certo? Será que este item digital está sendo bem implementado?
Na minha visão, o jeito mais correto de implementar um NFT seria colocando-o inteiro dentro do bloco. Sim, a Ethereum tem espaço para adicionar dados extras. Apenas os dados dentro do bloco são incorruptíveis e imutáveis. Mas será que durante este hype as empresas estão prestando atenção nisso? Não estaria você comprando um NFT apontado para um serviço de hospedagem que vai sair do ar daqui um tempo? Sim, já vi isso acontecer. Onde está armazenado seu NFT? Será isso viável no médio prazo? É uma pergunta que poucos respondem, porque, no momento, o importante é ter um NFT para chamar de seu.