Tendências e inovações promovidas pela IA no setor de logística
Inteligência artificial

Tendências e inovações promovidas pela IA no setor de logística

A Inteligência Artificial revoluciona o setor logístico, proporcionando maior eficiência e segurança ao longo de toda a cadeia de suprimentos e permitindo às empresas centralizar dados e tomar decisões mais assertivas.

Segundo o relatório “Next stop, next-gen” produzido pela Accenture, as companhias que utilizam tecnologias nos seus processos diários são 23% mais rentáveis e por isso elas possuem seis vezes mais chances de usufruir da Inteligência Artificial e da IA generativa nos seus processos logísticos. Além disso, elas também podem obter resultados 15% melhores aos acionistas. O estudo ouviu 1148 empresas que atuam em 10 setores diferentes em 15 países.

Mas mesmo diante de tantos resultados positivos, a implementação da IA ainda é um problema para muitas companhias. De acordo com uma pesquisa feita pela Microsoft e Edelman Comunicação, agência global de comunicação, parceira de empresas e organizações para construir, promover e proteger suas marcas e reputações, 74% das PMEs já utilizam a IA, mas para 20% delas isso ainda é um empecilho. Outro dado interessante é que os investimentos em IA aumentaram em 47% em 2023, frente a 27% em 2022. No ranking das tecnologias investidas, a IA ocupa a segunda posição, ficando atrás apenas do armazenamento de nuvem.

Por isso, o número de empregos para manusear essa inovação tem aumentado consideravelmente, diferentemente do que muitos imaginam de que ela vai substituir o trabalho humano. Segundo do Gartner, a IA vai gerar aproximadamente 2 milhões de empregos até o ano que vem, principalmente porque elas demandam muito dos profissionais e têm aumentado a produtividade da equipe, o que mostra que há um potencial de crescimento dentro das companhias.

Com isso, o número de startups e grandes empresas que têm apostado nessa solução está cada vez maior. Um levantamento feito pela Distrito, plataforma de inovação, chamado de Emerging Tech Report 2024, aponta que 45% das startups de tecnologias da América Latina entrevistadas são focadas em IA; 16% em Internet das Coisas (IoT) e 12% em dataficação e processo de transformação de informações em dados digitais.

Outro número interessante é que essas startups receberam em torno de US$ 3,8 bilhões em investimentos nos últimos seis meses e o setor de IA corresponde a 60% desse total. Agora se compararmos com outros países, o valor do setor de IA foi calculado em US$ 196,6 bilhões em 2023 e os países em destaque são Estados Unidos, China, União Europeia e Reino Unido – é o que mostra o relatório Grand View Research. Mas, é importante destacar também que essas mudanças têm ocorrido durante muitos anos. O estudo “AI Index Report 2023”, desenvolvido pelo Stanford Institute for Human-Centered Artificial Intelligence (HAI) da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, ressalta que o valor do investimento privado em IA foi de US$ 92 bilhões no ano de 2022, ou seja, 18 vezes a mais em comparação com 2013.

Diante desses dados vale afirmar que muitos setores da economia vão se beneficiar dessa inovação no ambiente corporativo, principalmente o setor logístico, pois há uma demanda muito grande e uma gama enorme de possibilidades que já vem trazendo resultados significativos.

De acordo com a McKinsey & Company, consultoria empresarial que aconselha empresas, governos e outras organizações em consultoria estratégica, o investimento em IA neste segmento no Brasil registrou um aumento de 46% em comparação com o ano anterior, alcançando a marca de US$ 1,9 bilhão em 2023, podendo chegar a US$ 5,5 bilhões até 2027.

Isso porque ela pode ser aplicada para diferentes funções que farão parte de profundas transformações nos próximos anos. Uma delas está relacionada a segurança e saúde, onde é possível detectar potenciais perigos em armazéns, depósitos e outras instalações logísticas; reconhecer más posturas para diminuir o número de acidentes de trabalho e controlar o comportamento dos motoristas; constatar fadigas dos condutores; garantir que os equipamentos de proteção sejam utilizados de maneira correta e façam manutenção preventiva; checar de forma automática possíveis desvios não programados e adotar ações necessárias como bloqueio de condutores e intertravamento de procedimentos, para que assim ele consiga antever falhas, promovendo uma cadeia mais resiliente e eficiente.

Um exemplo também de aplicabilidade é na área operacional, pois com o uso dessas soluções inovadoras é capaz de identificar gargalos e ineficiências, analisar padrões de fluxo de trabalho, para elevar a segurança ao identificar invasões ou acessos não autorizados.

Além disso, ela ajuda a rastrear as mercadorias em tempo real e compartilhar informações precisas sobre toda a cadeia de suprimentos como localização e o andamento de cada entrega. Dessa maneira, os responsáveis têm uma visão mais ampla sobre toda a ação e um controle ainda maior de cada etapa, evitando tempo gasto desnecessariamente e aumentando a eficiência dos processos logísticos.

Outra vantagem também é na contagem dos estoques e separação dos pedidos, pois com o uso da Inteligência Artificial isso pode ser feito de uma maneira automatizada e integrada a previsão de demanda e serviços, já que é viável fazer uma análise mais precisa do histórico de vendas, tendências de mercado e ações sazonais onde as vendas, na maioria das vezes, ocorrem em grande quantidade. Com essas informações em mãos, as empresas podem elaborar um planejamento mais assertivo, conseguem ter ciência sobre a quantidade exata de itens que estão no estoque para impedir que tenha ausência ou abundância de produtos.

Além desses pontos citados, é importante destacar também que a IA consegue analisar uma grande quantidade de dados relacionado a histórico de pedidos; informações de fornecedores; desempenho dos motoristas e veículos a fim de checar se há algum problema ou interferência; condições meteorológicas; restrições de entrega para analisar as rotas mais rápidas que vão diminuir os custos com combustíveis. Dessa forma, é possível coletar insights relevantes e ajudar nas tomadas de decisões estratégicas das corporações.

Para tanto, as companhias têm usado diferentes ferramentas de IA como ERP (Enterprise Resource Planning ou Planejamento de Recursos Empresariais) e BI (Business Intelligence ou Inteligência Empresarial) com o objetivo de ajudar a integrar diferentes departamentos e centralizar dados importantes para os negócios. Além disso, ao utilizar o ERP, as soluções de BI conseguem fazer análise preditiva e monitorar os KPIs, que vão garantir a eficiência na gestão logística e proporcionar uma visão 360 de todo o setor, para que assim as decisões sejam tomadas de maneira mais assertiva e ágil.

Outra solução muito utilizada são os softwares de gestão especializados, que usam algoritmos para melhorar a previsibilidade das demandas, e, com isso, ajudar no planejamento e redução de desperdícios e diminuição de custos operacionais.

Agora quando falamos do setor varejista a área da logística é uma das mais importantes, principalmente nos dias de hoje, onde a concorrência entre as marcas no ambiente digital está cada vez mais acirrada e algumas estratégias são determinantes para ganhar a confiança dos consumidores e fidelizá-los.

Portanto, elas podem ser implementadas para criar rotas inteligentes a fim de reduzir o tempo de entrega e determinar caminhos eficientes; otimizar a última milha que é um dos desafios do e-commerce e atua diretamente na experiência dos clientes e por fim reduzir a pegada de carbono.

De acordo com outro estudo da McKinsey, essa tecnologia pode proporcionar um aumento de 15% a 30% nas vendas do setor varejista principalmente se elas forem utilizadas na precificação, marketing, atendimento ao cliente, logística e gerenciamento de estoque. Já segundo o ranking Índice de Performance Logística divulgado pelo Banco Central, o tempo aproximado de entrega no país é de sete dias, enquanto em outras localidades essa margem é ainda menor, como nos Estados Unidos com dois dias e Alemanha em três dias. No ranking geral, o Brasil está atrás de 55 países.

Além disso, vale ressaltar que essas inovações tecnológicas ajudam a personalizar a experiência dos usuários e transformar o seu atendimento, principalmente porque por meio delas é possível oferecer soluções customizadas e antecipar necessidades futuras ao analisar o histórico de demanda e satisfação dos clientes. Isso se faz ainda mais necessário e importante durante as datas sazonais em que a demanda aumenta consideravelmente e ter processos automatizados traz vantagens competitivas.

Foi pensando nisso que empresas anunciaram novidades nesse sentido, como a Amazon, que comunicou uma ampliação das operações logísticas alcançando a marca de 100 pontos espalhados pelo Brasil que envolve o programa global DSP (Delivery Service Partner – Parceiro de Serviço de Entrega), aplicação de inteligência artificial, parceria com a Azul Linhas Aéreas para o transporte aéreo, e com a To do Green, frota de veículos elétricos e Favela LIog que é destinado a fazer entregas em nove favelas do estado de São Paulo. Tudo isso com o objetivo de melhorar o prazo de entrega, e ampliar a área de atuação para as principais cidades e regiões metropolitanas do Brasil.

Portanto, diante desses insights trazidos neste artigo vale afirmar que o setor logístico tem crescido muito nos últimos anos e tem ganhado força, mas para que o segmento possa se desenvolver ainda mais e continuar trazendo inúmeros benefícios para as empresas de uma maneira geral, os profissionais da área precisam inevitavelmente apostar em soluções como Inteligência Artificial para identificar tendências e antecipar mudanças do mercado.

*Gustavo Caetano é fundador da Samba

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