Tecnologia de descarbonização: nossa pedra angular para um futuro sustentável
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Tecnologia de descarbonização: nossa pedra angular para um futuro sustentável

Como a inovação e as tecnologias emergentes estão contribuindo para o atingimento de metas estratégicas para a transição energética e para evitar os impactos devastadores das mudanças climáticas, já em curso.

O que você encontrará neste artigo:

O contexto do risco climático
Tecnologia de descarbonização
Tecnologias emergentes

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Os desastres naturais relacionados às mudanças climáticas podem prejudicar até metade do PIB global até 2050 devido aos custos humanos, de infraestrutura e da natureza. O modelo econômico baseado em carbono da Revolução Pós-Industrial é o responsável por essa ameaça em virtude da dependência da queima de combustíveis fósseis para alimentar a economia. Para evitar esse grande custo, é necessária uma estratégia de transição para migrar de uma economia marrom para uma economia verde, alcançando uma descarbonização profunda para cumprir a meta de emissões líquidas zero (Net Zero) de gases de efeito estufa (GEE) até 2050, a fim de evitar um aquecimento global acima de 1,5oC dos níveis pré-industriais.

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A pedra angular dessa transição é o desenvolvimento de inovações tecnológicas de descarbonização que alimentem fontes renováveis, principalmente os setores de Energia, Agricultura, Transporte e Construção, considerando que eles são responsáveis por mais de 90% das emissões globais de GEE. Essas inovações são necessárias sobretudo em tecnologias relacionadas à geração de energia renovável, melhoria no armazenamento de baterias, Inteligência Artificial para uma agricultura climaticamente inteligente e análise de mudanças climáticas, transformação de sistemas alimentícios e sistemas de captura e armazenamento de carbono. Avanços nessas áreas superariam as barreiras tecnológicas atuais diante da descarbonização, criando uma oportunidade de prosperar de forma sustentável.

O contexto do risco climático

A mudança climática é o principal risco para a humanidade nos próximos 10 anos, segundo o Fórum Econômico Mundial¹. Sem qualquer transformação em nossos modelos de negócios, governo e estilos de vida, os danos à Terra nos próximos 25 anos poderão custar cerca de 40% a 50% do PIB global², em decorrência ao aumento de desastres naturais (ciclones, furacões, granizo, secas, ondas de calor, transbordamentos de rios, deslizamentos de terra), mortes e doenças humanas, infraestrutura quebrada, perda de biodiversidade, escassez de recursos naturais (água, alimentos, qualidade do ar) e baixa qualidade de vida³.

A Revolução Industrial trouxe progresso mundial, mas também mudanças climáticas, por forjar a economia baseada em carbono. Isso se deve ao modelo que abastece a economia se basear principalmente na queima de combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão), abundantes e relativamente baratos. No entanto, esse modelo marrom baseado em carbono gera gases de efeito estufa (GEE), majoritariamente dióxido de carbono (CO2), que são liberados e acumulados na atmosfera, enviando energia infravermelha de volta à Terra, causando um efeito de aquecimento global⁴ que aumenta à medida que mais GEE são gerados (ou seja, conforme a energia da queima de combustíveis fósseis é produzida), e, para a Ciência, isso começaria a provocar consequências catastróficas quando o aquecimento superar 2ºC em relação às temperaturas médias pré-industriais⁵, considerando que o mundo está atualmente cerca de 1ºC acima.

Se o mundo continuar com o atual modelo marrom, os GEEs continuarão a elevar o aquecimento global, o que provocará mais mudanças climáticas, aumentando a frequência e a gravidade dos desastres naturais, originando a um dos dois riscos da crise no clima: o chamado “risco físico”, causando grandes perdas financeiras, humanas e naturais, o que não seria um caminho de desenvolvimento sustentável e acabaria inviabilizando o progresso⁶

Portanto, para evitar os enormes custos e consequências e alcançar um futuro sustentável, é necessário que o mundo faça a transição de uma economia marrom para uma verde, o que significa reduzir as emissões de GEE para alcançar o Zero Líquido até 2050, de acordo com os caminhos de descarbonização definidos cientificamente, no intuito de alcançar um aquecimento global bem abaixo de 2ºC, de preferência 1,5ºC, acima dos níveis pré-industriais⁷. Essa migração exige mudanças amplas e investimentos profundos, gerando vários riscos e oportunidades que são agrupados no chamado “risco de transição”, outra vulnerabilidade a que a mudança climática está suscetível e que é impulsionada por três pilares⁸:

Leis e regulamentações – Os governos e os órgãos reguladores precisariam incentivar a transição por meio de:

1) restrições de carbono:

· impostos ou créditos de carbono sobre as emissões de GEE das empresas (ou seja, impostos diretos, esquemas de limite e comércio);

· limites de produção para produtos ou setores com uso intensivo de carbono (ou seja, mineração, petróleo e gás);

· requisitos máximos de contaminantes (ou seja, milhas/galão, toneladas de CO2/MWh);

· tecnologia, produtos ou processos proibidos (por exemplo, sacolas plásticas de supermercado);

· exigências e multas por danos ambientais (por exemplo, PG&E na Califórnia, empresas petrolíferas).

2) incentivos verdes:

· subsídios para tecnologia verde (ou seja, energia solar fotovoltaica, eólica onshore e offshore);

· incentivos de vendas para produtos verdes (por exemplo, veículos elétricos);

· condições preferenciais (ou seja, títulos verdes com greenium);

· deduções fiscais para investimentos verdes (ou seja, P&D, tecnologia de economia circular).

Preferências das partes interessadas

A conscientização sobre a necessidade urgente de transformar os modelos de negócios e de vida, a fim de evitar as consequências devastadoras e onerosas do risco físico climático, ganhou impulso e é endossada e expressa por várias partes interessadas:

Consumidores: consciência sustentável e demanda por produtos, serviços e empresas que respeitem o meio ambiente e a sociedade.

Acionistas e cidadãos: ativismo ambiental, social e de governança (ESG).

Funcionários: privilegiar o engajamento com empresas sustentáveis e em conformidade com o Net Zero.

Comunidades: colaborar com instituições social e ambientalmente responsáveis e opor-se àquelas que não assumem compromissos sustentáveis.

Fornecedores: favorecer contratos com empresas de perfil estável e de longo prazo com risco de transição atenuado.

Inovações tecnológicas

Para atingir as emissões líquidas zero de GEE necessárias até 2050, é preciso desenvolver inovações para superar as barreiras correntes e cumprir as vias de descarbonização nos setores diferentes6:

• Transporte: nenhum novo veículo com motor de combustão interna será vendido até 2035 e 50% dos combustíveis usados na aviação serão de baixa emissão até 2040.

• Energia: 70% da energia proveniente de energia solar fotovoltaica e eólica até 2050.

• Edifícios: 85% das construções de prédios estarão prontas para emissão zero de carbono até 2050.

• Indústria: 90% da produção industrial com uso intensivo de carbono será de baixa emissão até 2050.

Tecnologia de descarbonização

A transição de uma economia marrom para uma verde requer o desenvolvimento de uma estratégia que cuide dos três pilares do risco de transição para mitigá-lo e se adaptar ao risco físico. A pedra angular da estratégia de transição responsável pelo impacto da descarbonização no mundo real é a inovação tecnológica, tornando-a a parte mais importante e indispensável para um futuro Net Zero sustentável.

O setor energético é responsável por 73% das emissões globais de GEE, e, portanto, da mudança climática, o que não é uma surpresa, pois a queima de combustíveis fósseis é a principal fonte de geração de energia, cujos principais consumidores são os setores de Transporte e de Construção. É por isso que a inovação tecnológica na geração e na eficiência de energia sustentável teria a maior contribuição real para a descarbonização. O próximo ramo em importância de emissões de GEE é a Agricultura, com 18%, que a usa principalmente processos manuais, de baixa eficiência e de produtividade, e, por fim, a Indústria, com 5%, sobretudo em processos químicos e envolvendo cimento⁹.

As tecnologias de energia renovável são o centro dos esforços de descarbonização, exigindo que a geração de eletricidade seja completamente descarbonizada até 2050, ou seja, 100% da eletricidade mundial precisaria vir de fontes renováveis até 2050, considerando que, em 2023, esse número era de apenas 30%¹⁰. As tecnologias para alcançar esse objetivo incluem os seguintes recursos:

• Vento: pode ser transformado em eletricidade por turbinas que giram quando o ar sopra. Essas turbinas podem ser onshore, offshore ou, experimentalmente, aéreas. Hoje, a participação total da eletricidade eólica é de 8%.

• Solar: estima-se que, em apenas 15 minutos, o Sol pode irradiar energia suficiente para satisfazer um ano de demanda mundial de eletricidade¹¹, no entanto, para capturar toda essa energia, a Terra precisaria ser totalmente coberta por células solares fotovoltaicas, o que é impossível de ser alcançado, mas uma área de 43 mil milhas quadradas de células solares, o que equivale a 1,2% do deserto do Saara, poderia ser suficiente para suprir a totalidade da demanda elétrica global¹². Nos dias atuais, apenas 5% da eletricidade total provém de células solares fotovoltaicas, que é a única tecnologia no caminho certo com uma trajetória de emissões Net Zero.

Juntas, as tecnologias solar e eólica são as com maior potencial histórico e perspectiva de crescimento, apoio de políticas globais e redução de custos. Ambas somam 13% do fornecimento total de energia, mas precisam chegar a 70% até 2050. Para atingir essa meta, é necessário reduzir os custos, aumentar a escala e modificar as redes dos sistemas de energia¹³.

• Baterias: como a energia solar e a eólica são tecnologias variáveis (intermitentes) porque produzem eletricidade somente sob condições de sol ou vento, elas também exigem melhorias na vida útil, na capacidade e no tamanho do armazenamento de eletricidade (baterias), o que também beneficiaria o setor de veículos elétricos. Ao lado da energia solar e eólica, elas são a base para o fornecimento confiável de energia descarbonizada para o mundo e para a transformação dos setores de energia e de transporte.

A tecnologia de íons de lítio para armazenamento de eletricidade domina o mercado devido ao custo, à maior densidade de energia e à vida útil mais longa. No entanto, os custos precisam ser reduzidos ainda mais, embora tenham caído 90% em menos de 15 anos e precisem cair mais 40% de 2023 a 2030; a dependência excessiva de alguns ingredientes principais deve ser mitigada para melhorar a capacidade de fabricação, embora seja a tecnologia de energia que mais cresce em 2023; e a vida útil, a capacidade e a duração do armazenamento das baterias devem ser expandidas, considerando que o armazenamento de energia precisa aumentar seis vezes até 2030¹⁴.

• Energia hidrelétrica: presente com 14%, ela produz energia com base no movimento de turbinas causado pela queda de água sobre essas turbinas, e é a tecnologia de energia renovável mais estável e antiga.

• Outros: outras tecnologias atuais têm uma participação de 3% no total de eletricidade, e seu crescimento está estagnado. Entre elas, estão a biomassa e a geotérmica, que geram eletricidade por meio da transformação de energia térmica em energia elétrica. No caso da biomassa, a potência térmica ocorre pela queima de biomassa e pela captura e armazenamento dos gases de efeito estufa gerados. Já com a geotérmica, usa-se o calor natural do interior da Terra para gerar eletricidade.

Inteligência Artificial

Cerca de 40% das safras agrícolas globais são perdidas anualmente devido a pragas resistentes aos tratamentos tradicionais de proteção, e as mudanças climáticas podem estar promovendo sua expansão¹⁵. Todas essas perdas elevam o gasto com os alimentos e criam mais gases de efeito estufa ao substituir as culturas perdidas. A Inteligência Artificial (IA) pode ser usada para promover a agricultura climaticamente inteligente para melhorar a produtividade e a sustentabilidade com muito menos custo e tempo nas áreas adiante:

Proteção de culturas: aplicação da tecnologia de descoberta de medicamentos para desenvolver novos produtos químicos e uso inteligente de pesticidas.

Monitoramento em tempo real: aquisição de dados sobre a saúde da colheita, do solo e do gado com sensores inteligentes.

Agricultura de precisão: colheita, semeadura e remoção de ervas daninhas usando robôs e drones agrícolas.

Classificação do produto final: aplicar a visão computacional para categorizar o tamanho, a forma e a cor dos produtos colhidos.

A IA pode ser usada não apenas para contribuir com a mitigação do risco de transição, mas também para se adaptar ao risco físico, aproveitando seus recursos preditivos com grandes volumes de dados e problemas altamente complexos, como questões relacionadas a mudanças climáticas¹⁶:

• Detecção do derretimento de icebergs com base em imagens de satélite, para entender a velocidade com que isso acontece e como isso afeta o mar.

• Mapeamento do desmatamento: para identificar violação da lei ou comportamento indesejado.

• Modelagem de padrões climáticos e desastres para desenvolver alertas antecipados de segurança pública e um planejamento melhor.

• Detecção de poluição por plástico no oceano para produzir mapas detalhados, criando métodos de remoção mais eficientes.

• Rastreamento de emissões baseado em satélites e sensores para ajudar a monitorar e endossar o cumprimento das metas de descarbonização.

Tecnologias emergentes – Além das tecnologias descritas, que facilitam a transição para uma economia verde em segmentos específicos, como Energia, Agricultura, Transporte e Construção, e que ajudam a obter uma melhor adaptação às consequências das mudanças climáticas, há outras tecnologias emergentes ainda não comerciais em larga escala, que estão em desenvolvimento e que poderiam ser usadas transversalmente em vários setores econômicos, bem como algumas focadas em indústrias específicas (outras tecnologias também são exploradas por outras fontes¹⁷,¹⁸):

• Hidrogênio verde: hoje, o hidrogênio é produzido a partir do gás metano e do carvão, mas, com essa tecnologia, ele seria produzido por meio da eletrólise da água por meio de eletricidade renovável, ajudando a descarbonizar setores que demandam muita energia, como transporte pesado, fábricas de produtos químicos, refinarias, ferro, aço, transporte marítimo e aviação, bem como aqueles que dependem das redes de gás existentes, já que, quando o hidrogênio é queimado, ele produz apenas vapor de água¹⁹. No entanto, é de capital intensivo, com alto custo e baixa escala, o que exigiria a consolidação do setor, economias de escala e padronização para se tornar uma solução comercial viável.

· Energia das ondas: a energia é gerada pela conversão da energia cinética das ondas do mar em eletricidade. No entanto, o custo do megawatt/hora para essa tecnologia ainda é alto, embora as economias de escala possam reduzi-lo. Além disso, não há produção padronizada, o que causa plataformas múltiplas e descoordenadas.

• Fazendas verticais: cultivam culturas em camadas empilhadas hidropônicas verticais (sem solo) com iluminação interna, temperatura e umidade controladas, isolando as práticas agrícolas dos impactos das mudanças climáticas, como secas, inundações, geadas e pragas. Também reduz seus impactos ambientais, diminuindo as emissões de gases de efeito estufa, o uso de água e o desmatamento. Apesar disso, são altos os custos iniciais e os requisitos de consumo de energia, e a escalabilidade também é uma preocupação que precisaria ser resolvida²⁰.

• Carne de laboratório: em vez de produzir produtos de proteína animal, como leite, ovos, carne, peixe e aves, a partir de animais, graças à biotecnologia, esses produtos podem ser produzidos a partir de células, obtendo propriedades e consistências de tecido semelhantes, ao mesmo tempo em que se evitam os GEEs gerados naturalmente pelos animais, principalmente pela pecuária, que representam cerca de 6% do total das emissões globais de GEEs9. A desvantagem atual para tornar essa alternativa comercialmente viável é a alta energia necessária para produzir os produtos e a aceitação dos consumidores, devido à sua origem sintética.

• Captura e armazenamento de carbono (CCS): para descarbonizar a economia, é preferível evitar, reduzir e substituir as emissões de GEE, mas, para complementar isso e obter o efeito “líquido” nas emissões, a captura dos GEE emitidos pode ser feita no local das emissões ou diretamente da atmosfera. Além dos sumidouros naturais de CO2, como o oceano e as árvores, que absorvem cerca de 50% do total de emissões anuais²¹, a captura de CO2 também pode ser feita com as seguintes tecnologias²²:

· Captura direta de ar (DAC): utiliza ventiladores para trazer o ar da atmosfera e, em seguida, filtros químicos, que capturam o CO2 para ser liberado posteriormente pelo calor e ser armazenado e aplicado em aplicações de reutilização do CO2 , como agregados e plásticos, ou armazenado permanentemente no solo. Por outro lado, há a desvantagem de se utilizar muita energia e água no processo, encarecendo-o e tornando-o não sustentável, a menos que fontes renováveis sejam usadas.

· Biochar: é uma forma de carvão vegetal produzido pelo aquecimento de biomassa (resíduos vegetais ou animais) que, quando adicionado ao solo, retém o CO2 e, ao mesmo tempo, aumenta a produtividade das culturas. Em contrapartida, é dispendioso, produz-se em pequena escala e seus resultados variam de acordo com a biomassa e a técnica de aquecimento utilizada²³.

· Intemperismo aprimorado: quando as rochas intemperizadas encontram o CO2 no ar, elas o prendem dentro delas. Embora isso ocorra naturalmente por meio da chuva ou da erosão, há alternativas para torná-lo artificial, como moer pedras, espalhar basalto moído, adicionar catalisadores químicos, bactérias ou qualquer outra coisa que facilite a ligação do CO2 com a rocha por meio do intemperismo. No entanto, a moagem de rochas requer muita energia, água e logística de transporte, e outras alternativas atuais estão disponíveis apenas em pequena escala, o que a torna uma opção muito cara até o momento²⁴.

· Fertilização oceânica: envolve a adição de nutrientes (nitrogênio, fósforo, ferro) à camada superior do oceano (região em que não são abundantes) para estimular a atividade do fitoplâncton, responsável pela captura de CO2. Apesar disso, isso está apenas em sua fase experimental e ainda não existem resultados conclusivos em larga escala, além de também não haver informações suficientes sobre os efeitos colaterais ecológicos dessa fertilização²⁵.

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Problema, solução e prioridades

A Revolução Industrial trouxe um grande progresso econômico mundial após mais de 180 anos de sua conclusão, porém, agora, também é responsável por trazer o maior risco para a humanidade, que é o custo dos riscos físicos, que variaria entre 40% e 50% do PIB global por conta dos desastres naturais relacionados à mudança climática. Ela é induzida pelo aquecimento global devido às emissões antropogênicas de GEE causadas pelo modelo baseado na queima de combustíveis fósseis marrons, que, atualmente, energizam o planeta.

Portanto, surgiu uma oportunidade urgente e única de transformar nossos modelos de vida, de negócios e de governo de uma economia marrom para uma economia verde, a fim de evitar as consequências devastadoras da inação que causaria um aquecimento global acima de 1,5oC dos níveis pré-industriais e, assim, criar um futuro sustentável. Essa transição, que exige a neutralização da pegada de carbono da economia, traz à tona um novo risco nunca enfrentado pelo mundo, que é o risco de transição, com o qual as empresas, os governos e as pessoas precisam se preocupar em desenvolver sua estratégia de transição, no objetivo de se tornarem Net Zero em emissões de GEE até 2050.

A estratégia de transição permitirá que o mundo converta o desafio da mudança climática em uma oportunidade de prosperar de forma sustentável, para o que é necessária uma descarbonização profunda, e os principais setores envolvidos para alcançar esse objetivo são Energia, Agricultura, Transporte e Construções, uma vez que são responsáveis por mais de 90% das emissões globais de GEE. Esses setores precisam ser alimentados com fontes renováveis, e a pedra angular para permitir isso é a inovação tecnológica, que se concentra nas áreas mais importantes e indispensáveis, como geração de energia renovável, aprimoramento do armazenamento de baterias, Inteligência Artificial para uma agricultura climaticamente inteligente, análise de mudanças climáticas, transformação de sistemas alimentares e sistemas de captura e armazenamento de carbono.

¹ Fórum Econômico Mundial (2024), “Global Risks Report”, https://www.weforum.org/publications/global- risks-report-2024/, p. 8.
² PNUMA (2022), “The Closing Window, Emissions Gap Report 2022”,
https://wedocs.unep.org/bitstream/handle/20.500.11822/40874/EGR2022.pdf?sequence=1&isAllowed=y, p.32.
³ McKinsey Global Institute (2020), “Climate risk and response Physical hazards and socioeconomic impacts”, https://www.mckinsey.com/~/media/mckinsey/business%20functions/sustainability/our%20insights/climate
%20risk%20and%20response%20physical%20hazards%20and%20socioeconomic%20impacts/mgi-climate- risk-and-response-full-report-vf.pdf, p.VIII.
⁴ IPCC (2021), “), Sixth Assessment Report, Working Group 1: The Physical Science Basis,”, https://report.ipcc.ch/ar6/wg1/IPCC_AR6_WGI_FullReport.pdf, pp. 67, 102, 959.
⁵ Conselho do Clima (2023), “IMPACTS AT 1.5 AND 2 DEGREES OF WARMING”,
https://www.climatecouncil.org.au/resources/impacts-degrees-warming/.
⁶ CarbonBrief (2018), “Explainer: How ‘Shared Socioeconomic Pathways’ explore future climate change”, https://www.carbonbrief.org/explainer-how-shared-socioeconomic-pathways-explore-future-climate- change/.
⁷ IEA (2014), “Net Zero by 2050 A Roadmap for the Global Energy Sector”, https://iea.blob.core.windows.net/assets/deebef5d-0c34-4539-9d0c-10b13d840027/NetZeroby2050- ARoadmapfortheGlobalEnergySector_CORR.pdf, p. 20.
⁸ TCFD (2017), “Recommendations of the Task Force on Climate-related Financial Disclosures”, https://assets.bbhub.io/company/sites/60/2020/10/FINAL-2017-TCFD-Report-11052018.pdf, p. 8.
⁹ Our World in Data (2020), “Sector by Sector: where do global greenhouse gas emissions come from?”, https://ourworldindata.org/ghg-emissions-by-sector.
¹⁰ IEA (2024), “Renewables”, https://www.iea.org/energy-system/renewables.
¹¹ National Geographic (2023), “The Power of the Sun”, https://education.nationalgeographic.org/resource/power-sun/.
¹² Forbes (2021), “We Could Power The Entire World By Harnessing Solar Energy From 1% Of The Sahara”, https://www.forbes.com/sites/quora/2016/09/22/we-could-power-the-entire-world-by-harnessing-solar- energy-from-1-of-the-sahara/.
¹³ IEA (2023), “Renewables: 2023 Analysis and forecast to 2028”, https://iea.blob.core.windows.net/assets/96d66a8b-d502-476b-ba94-54ffda84cf72/Renewables_2023.pdf.
¹⁴ IEA (2024), “Batteries and Secure Energy Transitions”, https://iea.blob.core.windows.net/assets/cb39c1bf- d2b3-446d-8c35-aae6b1f3a4a0/BatteriesandSecureEnergyTransitions.pdf.
¹⁵ Fórum Econômico Mundial (2024). “9 ways AI is helping tackle climate change”, https://www.weforum.org/agenda/2024/05/ai-offers-a-new-era-in-
agricultural-innovation-combating-climate-driven-crop-pests/.
¹⁶ Fórum Econômico Mundial (2024), “9 ways AI is helping tackle climate change”, https://www.weforum.org/agenda/2024/02/ai-combat-climate-change/.
¹⁷ UNFCCC (2023), “Mapping of emerging climate technologies”, https://unfccc.int/ttclear/misc_/StaticFiles/gnwoerk_static/tn_meetings/ef83c3e2cbdc4b16a525a60e3d530 14c/b5eb84f99ff845878db9eb7c9e2a2660.pdf.
¹⁸ Social Sector Network (2024), “Top 10 Emerging Technologies to Address Climate Change”, https://socialsectornetwork.com/top-10-emerging-technologies-to-address-climate-change/.
¹⁹ Fórum Econômico Mundial (2021), “What is green hydrogen and why do we need it? An expert explains”, https://www.weforum.org/agenda/2021/12/what-is-green-hydrogen-expert-explains-benefits/.
²⁰ Green.Org (2024), “Vertical Farming as a Solution to Climate Change Challenges”, https://green.org/2024/01/30/vertical-farming-as-a- solution-to-climate-change-
challenges/#:~:text=Vertical%20farming%20can%20be%20defined,footprint%20associated%20with%20conv entional%20agriculture.
²¹ Fórum Econômico Mundial (2023), “What are the world’s biggest natural carbon sinks?”, https://www.weforum.org/agenda/2023/07/carbon-sinks-fight-climate-crisis/.
²² Reverse Carbon (2023), “Carbon Dioxide Removal”, https://www.reversecarbon.com/carbon-dioxide- removal.
²³ Governo da Austrália (2022), “Carbon farming: applying biochar to increase soil carbon”, https://www.agric.wa.gov.au/soil-carbon/carbon-farming-applying-biochar-increase-soil-carbon
²⁴ MIT Climate Portal (2023), “Enhanced Rock Weathering”, https://climate.mit.edu/explainers/enhanced-rock- weathering.
²⁵ WHOI (2024), “Ocean Fertilization”, https://web.whoi.edu/ocb-fert/science-
background/#:~:text=Ocean%20fertilization%20is%20a%20form,down%20atmospheric%20CO2%20levels.

Por:Jorge Granados
Jorge Granados é especialista em finanças e gestão do risco de crédito e do risco climático.

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