Robótica, e o cenário brasileiro 
Inovação

Robótica, e o cenário brasileiro 

Iniciamos 2021 com muitas incertezas, porém, uma certeza é que a robótica não é mais o futuro, e sim o presente. A robótica está direta ou indiretamente em nosso cotidiano, realizando transformações no modo em que vivemos, mesmo que isso não seja percebido.

Quando você realiza uma compra pela Amazon ou em outra grande rede de e-commerce, são os robôs que separam e preparam o produto para ser enviado a você. Em geral, a menos que o produto consumido seja artesanal ou de baixa escala de produção, a probabilidade é muito alta de que alguma parte do processo seja realizada por robôs.

Mas como são estes robôs? São supermáquinas com AI, androides que irão causar o desemprego mundial e depois irão se rebelar exterminando a vida humana na terra?! Calma, não precisa entrar em pânico, o melhor questionamento é o que são os robôs e como surge o receio humano sobre as máquinas. Para responder estes pontos, temos que conhecer um pouco sobre a história da robótica e sua definição básica.

A primeira vez na história em que o termo “robô” foi citado, ocorreu em 1920 na peça teatral de ficção científica R.U.R. (Robôs Universais de Rossum) escrita pelo escritor checo Karel Capek. Curiosamente a peça começa em uma fábrica que faz pessoas artificiais a partir de matéria orgânica sintética, onde as criaturas parecem felizes em trabalhar para os seres humanos, inicialmente, mas uma rebelião de robôs leva à extinção da raça humana. Assim como o termo robô, Karel Capek também insere na sociedade o receio da rebelião das máquinas, que a partir daí tem grande repercussão nas obras de ficção científica e no subconsciente popular.

Em 1942, o também escritor Isaac Asimov em seu livro de ficção I, Robot (Eu, Robô), que em 2004 ganhou uma adaptação no filme protagonizado por Will Smith, reforça o imaginário popular em relação ao receio sobre uma rebelião das máquinas, entretanto sua maior contribuição para a robótica contemporânea é a criação das 3 leis da robótica:

1ª lei: um robô não pode fazer mal a um ser humano e, nem por omissão, permitir que algum mal lhe aconteça;
2ª lei: um robô deve obedecer às ordens dos seres humanos, exceto quando estas contrariarem a primeira lei;
3ª lei: um robô deve proteger a sua integridade física, desde que com isto não contrarie as duas primeiras leis;

Mais tarde foi introduzida uma “lei zero” onde um robô não pode fazer mal à humanidade e nem, por omissão, permitir que ela sofra algum mal; desse modo, o bem da humanidade é mais importante que o dos indivíduos.

Agora que já sabemos a origem do receio popular em relação aos robôs, vamos entender melhor quais são suas características principais. Para que seja considerado um robô, a máquina projetada e construída precisa realizar interação com o mundo físico, possuir sensoriamento das informações do mundo físico, realizar tomada de decisões baseadas nas informações adquiridas, possuir interface amigável com seres humanos, ter a capacidade de ser reprogramável e, claro, o mais importante para humanidade ser segura (leis de Asimov). Essas são as diretrizes básicas que regem o desenvolvimento dos mais diversos robôs pelo mundo.

Em linhas gerais, os robôs são apenas máquinas projetadas e construídas pelo homem para auxílio e otimização de tarefas. Tarefas estas que tragam maior comodidade, aprendizado e entretenimento para o nosso dia a dia, que possam colocar a integridade humana em risco ou até mesmo que seja impossível de ser realizada por seres humanos.

O cenário Brasileiro

Mundialmente os robôs estão presentes no ar, na terra e no mar, realizando as mais diversas atividades. No Brasil o cenário não é diferente, temos plantas fabris totalmente robotizadas com manipuladores e robôs de carga (AGVs), realizando tarefas com velocidade e precisão inimagináveis de serem feitas por humanos, temos o avanço do emprego de drones e de veículos aéreos não tripulados (UAVs), realizando as mais diversas atividades, desde uma simples filmagem a pulverizações e mapeamentos em grandes plantações e também um exército de robôs voltados para área de inspeções, com maior atuação no setor de produção de petróleo, gás e energia, sendo principalmente utilizados (ROVs), (AUVs) e (CRAWLERs ) remotamente operados.

No setor médico, a robótica também está avançando muito, sendo utilizada para a realizações de cirurgias a distância, em próteses e órteses, e também em micro e nano dispositivos que são acoplados ou implantados em nossos corpos. O conceito de um cyborg, visto principalmente em obras de ficção cientificas, está cada vez mais próximo de nossa realidade.

Mas o Brasil somente importa tecnologias na área de robótica? Ou existe pesquisa, desenvolvimento e produção nacional? Por mais que não seja divulgado na mídia em geral com sua devida importância, o Brasil possui excelentes laboratórios de pesquisa e desenvolvimento na área de robótica de Norte a Sul do país, seja em centros de pesquisas privados ou em universidades públicas. Por mais que o fomento público a pesquisa não seja o ideal, os pesquisadores brasileiros não deixam a desejar, gerando publicações e tecnologias que são reconhecidas mundialmente. Um exemplo é o Senai Cimatec de Salvador (BA), que possui um parque tecnológico de excelência e recentemente desenvolveu um AUV residente no oceano para a realização de inspeções em equipamentos submarinos do setor de exploração de petróleo.

O Brasil também possui empresas de robótica que desenvolvem e comercializam sistemas robóticos para as mais diversas áreas. A tendencia de mercado é que um número expressivo de novas startups surja nos próximos anos, para atender à crescente demanda nacional e mundial. A massificação do ensino de robótica nas escolas, terá um papel fundamental para que o Brasil tenha condições de suprir a demanda de mão de obra qualificada necessária.

A maior relevância do Brasil no cenário mundial, vem das competições de robótica, principalmente nas batalhas de robôs. As equipes brasileiras estão entre as melhores do mundo na modalidade, tendo conquistado títulos em competições nos Estados Unidos, China e Índia. A equipe com maior destaque no cenário mundial é a equipe RioBotz da PUC-Rio, coordenada pelo professor Marco Antônio Meggiolaro, PhD formado pelo MIT. O robô mais famoso da equipe, é o robô MINOTAUR que pesa 113Kg, participante da série de TV americana BATTLEBOTS.

O Brasil possui mentes brilhantes e um mercado sedento por tecnologia, onde mesmo com a escassez de recursos e incentivos ao desenvolvimento tecnológico consegue se destacar no cenário mundial. O futuro é muito promissor para quem deseja se inserir neste mundo inovador da robótica.

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