Quer ter controle na era da Inteligência Artificial? Prepare-se para lutar
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Quer ter controle na era da Inteligência Artificial? Prepare-se para lutar

E mais: Bill Gates não está muito assustado com a IA

A revolução da Inteligência Artificial está prestes a acontecer. Em julho, o sindicado dos atores de Hollywood entrou em greve, acompanhando o movimento iniciado pelos roteiristas. É a primeira vez que esses dois sindicatos entram em greve ao mesmo tempo em seis décadas. A IA se tornou o centro das discussões entre criadores de conteúdo. 

Os roteiristas protestam contra o uso de modelos de linguagem de IA por estúdios para elaboração de roteiros. Os atores entraram em greve após rejeitar uma proposta de empresas que pretendiam usar a tecnologia para escanear seus rostos e corpos e passar a ter o direito de usar essas cópias digitais, semelhantes a um deepfake, perpetuamente, sem necessidade de consentimento ou remuneração. 

O que conecta esses casos é o medo de que os humanos sejam substituídos por programas de computador e o sentimento de que há muito pouco que possamos fazer quanto a isso. Nenhuma novidade. Nossa negligência em regular os excessos de inovações tecnológicas anteriores fez com que as empresas de IA se sentissem seguras para desenvolver e lançar produtos abusivos e danosos. 

Mas isso está para mudar. A febre da IA generativa renovou o entusiasmo dos políticos norte-americanos para aprovar leis específicas sobre Inteligência Artificial. Embora ainda vá levar um tempo para que isso surta algum efeito, as leis atuais já fornecem bastante munição para os que afirmam ter tido seus direitos violados por empresas de IA.  

Publicamos uma reportagem tratando da enxurrada de processos judiciais e investigações que vêm atingindo essas empresas recentemente. Esses processos podem ser muito importantes para garantir que o desenvolvimento e uso de inteligências artificiais, no futuro, seja mais equânime e justo. Leia aqui. 

Em resumo, a Federal Trade Comission, agência governamental norte-americana, abriu uma investigação para determinar se a OpenAI violou as leis de proteção ao consumidor ao coletar dados pessoais na internet para treinar seu famoso chatbot, o ChatGPT.  

Nesse ínterim, artistas, escritores e a fornecedora de imagens Getty estão processando empresas como a OpenAI, a Stability AI e a Meta, alegando violações a direitos autorais em razão do uso de seus trabalhos para treinar modelos de IA sem o oferecimento de qualquer tipo de crédito ou pagamento. Há alguns dias, a comediante e escritora Sarah Silverman se juntou a essa luta contra as empresas de IA.  

Tanto a investigação da FTC quanto os múltiplos processos judiciais têm como foco as políticas de dados das inteligências artificiais, que dependem da coleta de informações na internet para treinar seus modelos. Isso inevitavelmente inclui dados pessoais, bem como trabalhos sujeitos a direitos autoriais.  

Esses casos vão, em essencialmente, determinar como empresas de IA tem direito de se comportar, diz Matthew Butterick, advogado que representa artistas e escritores, incluindo Sarah Silverman, em ações populares contra as empresas GitHub, Microsoft, OpenAI, Stability AI e Meta. 

A verdade é que empresas de IA têm uma tonelada de opções no que diz respeito a forma como projetam seus modelos e quais dados usam (se elas se importam já é outra história). Os tribunais poderiam obrigar essas empresas a informar como projetaram seus modelos e que tipo de dados foram analisados. O aumento da transparência quanto a modelos de IA seria bem-vindo e poderia ajudar a desmistificar a inteligência artificial.  

Greves, investigações e processos judiciais poderiam, também, contribuir para que artistas, atores, escritores, entre outros sejam remunerados, por meio de um sistema de licenças ou royalties, pelo uso de seus trabalhos no treinamento de modelos de IA. 

Mas, para mim, esses processos são um sinal de que nós, como sociedade, estamos entrando em uma briga maior. Eles ajudarão a determinar quanto poder nos sentimos confortáveis em dar a empresas privadas e quanto controle teremos nesse novo mundo da Inteligência Artificial.  

Acho que é algo pelo que vale a pena lutar.  

Aprendizado mais profundo: Bill Gates não está muito assustado com a IA 

Bill Gates se juntou ao coro de grandes nomes da tecnologia que opinaram sobre a questão do risco em torno da Inteligência Artificial. O resumo? Ele não está muito preocupado, já passamos por isso antes. 

Nada de pânico: no espectro dos riscos exagerados associados à Inteligência Artificial, Gates fica bem no meio. Ele enquadra o debate como uma disputa entre riscos de “longo prazo” e “imediatos” e opta por se concentrar nos “riscos que já estão presentes ou que logo vão estar”. Ele também demanda ações rápidas, mas cautelosas, para lidar com os perigos em sua lista. O problema é que ele não traz nada de novo. Muitas de suas sugestões já estão batidas; algumas são simplórias. Leia mais nessa matéria de Will Douglas Heaven. 

Bits e Bytes 

ChatGPT faz com que as pessoas escrevam melhor 

E se, em vez de substituir os escritores humanos, o ChatGPT os tornar melhores? Um novo estudo do MIT, publicado na revista Science, sugere que a ferramenta poderia ajudar a reduzir as discrepâncias entre as habilidades de escrita de diferentes empregados. Os pesquisadores descobriram que a IA permite a trabalhadores menos experientes, que não escrevem tão bem, produzir trabalhos de qualidade semelhante aos de seus colegas mais talentosos. É um vislumbre intrigante da forma como a IA pode mudar o ambiente de trabalho. (MIT Technology Review) 

O novo teste de Turing de Mustafa Suleyman verifica se uma IA pode ganhar US$ 1 milhão. 

Nesse artigo de opinião, o cofundador da DeepMind propõe uma nova maneira de medir a inteligência de sistemas de IA modernos. Seu teste consiste em pedir a um modelo de IA que ganhe US$ 1 milhão em uma plataforma de vendas na internet em poucos meses com um investimento de apenas US$ 100 mil. Ele argumenta que isso demonstraria um nível de planejamento e habilidade das máquinas que poderia representar “um abalo sísmico para a economia global”. (MIT Technology Review)  

Colocando os anotadores de dados para IA sob os holofotes 

Três novas reportagens tratam do trabalho humano, frequentemente pouco reconhecido e mal pago, necessário para fazer com que os sistemas de IA pareçam inteligentes. A revista Rest of the World entrevistou trabalhadores terceirizados de locais como Manila e Cairo sobre como as IAs generativas estão alterando seu trabalho e sua renda. A Bloomberg teve acesso a documentos internos que dão instruções aos anotadores sobre como classificar os dados para o novo chatbot Bard. Eles descobriram que os anotadores podem encontrar bestialidade, filmagens de guerra, pornografia infantil e discursos de ódio. E, finalmente, o Wall Street Journal publicou um novo podcast dedicado aos anotadores quenianos do ChatGPT, que compartilham suas difíceis experiências de trabalho.  

Por dentro da onda de pânico provocada pelas IAs 

A startup Anthropic lançou o Claude 2, seu rival para o ChatGPT. A Anthropic é umas das empresas que tem como objetivo evitar a crise existencial gerada pelas IAs. Essa reportagem traz alguns detalhes engraçados sobre a ansiedade que existe dentro da startup e trata dos motivos pelos quais empresas continuam desenvolvendo tecnologias de inteligência artificial e, simultaneamente, dizem ter medo de que elas nos matem. (New York Times) 

IAs estão deixando a política mais fácil, mas barata e mais perigosa. 

Enquanto os Estados Unidos se preparam para o caótico período de eleição, essa matéria incrível trata de como IAs generativas mudarão as campanhas políticas e a comunicação, bem como dos riscos que isso traz. (Bloomberg) 

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