Qual o melhor momento para evitar um incêndio em bateria?
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Qual o melhor momento para evitar um incêndio em bateria?

A resposta é simples: antes de começar. Incêndios em baterias representam um novo desafio tanto para equipes de emergência quanto para fabricantes.

O que você encontrará neste artigo:

Como os incêndios começam em baterias
Exemplos famosos: celulares e carros que pegaram fogo
A prevenção estratégica como caminho viável

No dia 25 de fevereiro, chamas irromperam no meio dos destroços carbonizados da instalação de armazenamento de baterias na Usina de Energia de Moss Landing. Isso ocorreu após um grande incêndio que queimou por dias, ficou inativo por semanas e, então, reacendeu.

Essa reignição serve como mais um lembrete de como os incêndios em baterias de íons de lítio podem ser difíceis de controlar. Eles queimam a temperaturas mais altas do que outros tipos de incêndios e, mesmo quando parece que o perigo passou, podem reacender.

Com a crescente disseminação dessas baterias, os bombeiros e socorristas estão aprendendo um novo protocolo para lidar com esses incêndios. Vamos falar sobre o que torna os incêndios em baterias um desafio e o que isso significa para dispositivos, veículos e instalações de armazenamento de energia que dependem delas.

“Incêndios em baterias são bastante problemáticos”, afirma Nadim Maluf, CEO e cofundador da Qnovo, empresa especializada em sistemas de gerenciamento e análise de baterias.

Enquanto equipes de resgate podem extinguir rapidamente um incêndio em um veículo a gasolina com uma mangueira, apagar um incêndio em um carro elétrico pode demandar muito mais água. Muitas vezes, a melhor estratégia é simplesmente deixar o fogo consumir as baterias por completo, como explica Maya Kapoor em sua matéria para a mais recente edição impressa da MIT Technology Review. E, como um especialista apontou na reportagem, até que uma bateria seja desmontada e reciclada, “ela sempre representará um risco.”

Um exemplo claro disso é a reignição na segunda quinzena de fevereiro em Moss Landing, o maior projeto de armazenamento de baterias do mundo. Em meados de janeiro, um incêndio destruiu uma parte significativa de um conjunto de armazenamento de energia de 300 megawatts.

O local ficou inativo por semanas, mas os moradores da região receberam um alerta no dia 25, uma terça-feira à noite, instruindo-os a permanecer dentro de casa e manter as janelas fechadas. A Vistra, empresa proprietária da Usina de Moss Landing, não respondeu às perguntas enviadas por escrito para esta matéria, mas afirmou, em um comunicado público, que as chamas foram vistas na instalação na terça-feira e que o fogo se extinguiu sozinho até a manhã de quarta-feira, dia 26 de fevereiro.

Mesmo após um incêndio, algumas células da bateria ainda podem reter carga, explica Maluf, e em uma grande instalação de armazenamento na rede elétrica, pode haver uma enorme quantidade de energia armazenada, capaz de causar novos incêndios ou representar perigo para as equipes de limpeza muito tempo depois do fogo inicial.

A Vistra está atualmente no processo de desvincular as baterias em Moss Landing, conforme indicado em um site que a empresa criou para compartilhar informações sobre o incêndio e suas consequências. Esse processo envolve a desconexão elétrica entre as baterias, reduzindo o risco de novos problemas. O trabalho começou em 22 de fevereiro e deve levar algumas semanas para ser concluído.

Mesmo com os esforços para minimizar futuros perigos no local, ainda não se sabe o que causou o incêndio inicial em Moss Landing. O site da Vistra informa que uma investigação está em andamento e que a empresa está colaborando com autoridades locais para esclarecer o ocorrido.

Incêndios em baterias podem começar quando as células são expostas à umidade ou perfuradas, mas também podem ser desencadeados durante o uso normal, caso um pequeno defeito de fabricação passe despercebido e evolua para um problema maior.

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Lembra quando os celulares Samsung Galaxy Note foram proibidos em aviões porque pegavam fogo espontaneamente? Isso foi resultado de um defeito de fabricação que, em determinadas situações, poderia causar um curto-circuito. (Um curto-circuito acontece quando os dois eletrodos separados de uma bateria entram em contato, permitindo um fluxo descontrolado de eletricidade, que pode gerar calor e iniciar incêndios.)

E depois houve o infame Chevy Bolt—esses veículos foram todos recolhidos devido ao risco de incêndio. O problema também foi rastreado até uma falha de fabricação que fazia com que as células entrassem em curto-circuito.

Um dos aspectos da segurança das baterias é projetar os pacotes de baterias de veículos elétricos e grandes sistemas de armazenamento estacionário de modo que, caso ocorra um incêndio, ele possa ser retardado e isolado. Nos últimos anos, houve avanços significativos em medidas de supressão de incêndios, e as equipes de emergência estão começando a compreender melhor como lidar com incêndios em baterias fora de controle.

No entanto, o objetivo final é evitar que os incêndios ocorram. E essa é uma tarefa difícil. Identificar defeitos de fabricação pode ser como procurar uma agulha no palheiro, explica Maluf. A química das baterias e o design das células são complexos, e o menor problema pode se transformar em uma grande falha com o tempo.

Mas a prevenção de incêndios é fundamental para conquistar a confiança do público, e investir em melhorias na segurança vale a pena, pois precisamos dessas baterias mais do que nunca. Elas serão essenciais nos esforços para tornar nossa rede elétrica e o setor de transporte mais limpos.

“Não acredito que a resposta seja interromper esses projetos”, afirma Maluf. “Esse trem já partiu da estação.”

Por Casey é repórter de clima na MIT Technology Review, especializada em assuntos ligados a energia renovável, transporte e como a tecnologia pode combater as mudanças climáticas.

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