O que aconteceu: Um time internacional de cientistas relatou a descoberta da Muralha do Polo Sul em um artigo publicado em julho de 2021 no Astrophysical Journal. A estrutura é basicamente um paredão que se estende pela fronteira sul do universo (da perspectiva da Terra) e consiste em milhares de galáxias, juntas a grandes quantidades de gás e poeira.
O que queremos dizer com “muralha”? Galáxias não estão espalhadas aleatoriamente por todo o universo. Ao longo de enormes fios de hidrogênio, as galáxias se agrupam em conjuntos maiores de filamentos massivos, separados por grandes espaços praticamente vazios. Cada um desses encadeamentos é basicamente uma muralha de galáxias, estendendo-se por centenas de milhões de anos-luz. Elas são as maiores estruturas conhecidas no universo observável. Outras identificadas incluem a Grande Muralha CfA2, a Grande Muralha Sloan, a Grande Muralha Hercules-Corona Borealis e o Vazio de Boötes.
Quando juntas, essas muralhas formam o que os astrônomos chamam de teia cósmica. Tentar mapeá-las é uma das principais buscas da cosmologia – não só nos falaria sobre a estrutura do universo e seu interior, mas também poderia nos ajudar a entender melhor como o universo foi formado e como ele evoluiu ao longo do tempo.
Por que essa “muralha” é especial? Está tão perto! A Muralha do Polo Sul está a apenas meio bilhão de anos-luz de distância. Na verdade, essa é parte da razão pela qual ela foi tão difícil de encontrar até agora – ela está situada logo atrás da Via Láctea, em um lugar chamado Zona de Obscurecimento Galáctico, onde o brilho da galáxia efetivamente manteve a muralha encoberta mesmo estando na nossa frente.
Então, como foi encontrada? Pesquisas cosmológicas são frequentemente feitas usando como “régua” o desvio para o vermelho (em inglês, redshift) dos objetos: ou seja, a velocidade com que esses objetos parecem estar se afastando da Terra graças à expansão do universo. Quanto mais rápido um objeto parece estar se afastando, mais longe ele está.
A equipe por trás da descoberta da Muralha do Polo Sul fez observações de redshift como parte de sua investigação do céu, mas também adicionaram medições da velocidade de algumas galáxias, o que ilustra como elas interagem gravitacionalmente umas com as outras. Esta técnica pode alertar os astrônomos sobre massas invisíveis – embora seja normalmente usada para investigar a matéria escura, ela também pode simplesmente destacar massas obscurecidas pela luz brilhante. Usando esses dados, os pesquisadores foram capazes de mapear a Muralha do Polo Sul pela primeira vez.