A OpenAI está lançando uma versão do ChatGPT para estudantes universitários
Inteligência artificial

A OpenAI está lançando uma versão do ChatGPT para estudantes universitários

O Modo de Estudo ajuda os estudantes a percorrer os tópicos em vez de apenas lhes dar respostas. Mas há um problema evidente. https://mittechreview.com.br/openai-lanca-chatgpt-para-estudantes-universitarios/

A OpenAI está lançando o Modo de Estudo, uma versão do ChatGPT para estudantes universitários que promete agir menos como uma ferramenta de consulta e mais como um tutor amigável e sempre disponível. Faz parte de um esforço mais amplo da empresa para integrar a IA às salas de aula quando o novo ano letivo começar em setembro.

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Uma demonstração da OpenAI para repórteres mostrou o que acontece quando um estudante pergunta ao Modo de Estudo sobre um tema acadêmico, como teoria dos jogos. O chatbot começa perguntando o que o estudante quer saber e, em seguida, tenta construir uma troca em que os dois trabalham juntos, de forma metódica, até chegar à resposta. A OpenAI afirma que a ferramenta foi desenvolvida após consultas com especialistas em pedagogia de mais de 40 instituições.

Alguns estudantes universitários que participaram do grupo de testes da OpenAI — vindos de Princeton, Wharton e da Universidade de Minnesota — compartilharam avaliações positivas do Modo de Estudo, dizendo que ele fez um bom trabalho ao verificar sua compreensão e se adaptar ao seu ritmo.

As abordagens de aprendizagem que a OpenAI programou no Modo de Estudo, baseadas parcialmente em métodos socráticos, parecem sólidas, diz Christopher Harris, educador em Nova York que criou um currículo voltado para a alfabetização em IA. Elas podem dar aos educadores mais confiança para permitir — ou até mesmo incentivar — que seus alunos usem a tecnologia. “Os professores vão ver isso como uma ferramenta que trabalha com eles em prol da aprendizagem, em vez de apenas uma forma de os alunos trapacearem nas tarefas”, afirma.

Mas há uma visão mais ambiciosa por trás do Modo de Estudo. Como demonstrado na recente parceria da OpenAI com sindicatos de professores de destaque, a empresa está tentando reformular a imagem dos chatbots, apresentando-os como ferramentas para o aprendizado personalizado, e não para a trapaça. Parte dessa promessa é que a IA atuará como os tutores humanos caros, que atualmente apenas as famílias de alunos mais abastados conseguem pagar.

“Podemos começar a reduzir a lacuna entre aqueles que têm acesso a recursos de aprendizagem e educação de qualidade e aqueles que historicamente foram deixados para trás”, diz Leah Belsky, chefe de educação da OpenAI.

Mas apresentar o Modo de Estudo como um equalizador educacional ofusca um problema evidente. Sob o capô, ele não é uma ferramenta treinada exclusivamente em livros didáticos acadêmicos e outros materiais aprovados — é mais parecido com o mesmo velho ChatGPT, ajustado com um novo filtro de conversação que simplesmente rege como responde aos estudantes, incentivando menos respostas e mais explicações.

Esse tutor de IA, portanto, se assemelha mais ao que você obteria se contratasse um tutor humano que leu todos os livros didáticos exigidos, mas também todas as explicações falhas sobre o assunto já publicadas no Reddit, no Tumblr e nos cantos mais remotos da web. E, pela forma como a IA funciona, não se pode esperar que ele distinga informação correta de informação errada.

Professores que incentivam seus alunos a usá-lo correm o risco de ele ensiná-los a abordar problemas da maneira errada — ou, pior, de serem ensinados com material fabricado ou inteiramente falso.

Diante dessa limitação, perguntei à OpenAI se o Modo de Estudo é restrito a determinadas disciplinas. A empresa respondeu que não — os estudantes poderão usá-lo para discutir qualquer assunto sobre o qual normalmente falariam com o ChatGPT.

É verdade que o acesso a tutores humanos — que, em certas matérias, podem custar mais de 200 dólares por hora — costuma ser privilégio de poucos. A ideia de que modelos de IA possam ampliar os benefícios da tutoria para as massas é atraente. De fato, ela é apoiada por algumas pesquisas iniciais que mostram que modelos de IA podem se adaptar a estilos e contextos individuais de aprendizagem.

Mas essa melhoria vem com um custo oculto. Ferramentas como o Modo de Estudo, pelo menos por enquanto, seguem um atalho ao usar o estilo conversacional humanizado dos grandes modelos de linguagem sem corrigir suas falhas inerentes.

A OpenAI também reconhece que a ferramenta não impedirá um estudante frustrado, que só quer uma resposta, de simplesmente voltar ao ChatGPT normal. “Se alguém quiser subverter o aprendizado e apenas obter respostas, tomando o caminho mais fácil, isso é possível”, diz Belsky.

No entanto, algo que joga a favor do Modo de Estudo, segundo os próprios estudantes, é que estudar com um chatbot que está sempre incentivando é simplesmente mais divertido do que encarar um livro-texto sobre o teorema de Bayes pela centésima vez. “É como aquele sinal de recompensa, de tipo: ah, espera, eu consigo aprender essa pequena coisa”, diz Maggie Wang, estudante de Princeton que testou a ferramenta. O recurso é gratuito por enquanto, mas Praja Tickoo, estudante de Wharton, afirma que isso não seria um impedimento para ele. “Acho que é algo pelo qual eu estaria absolutamente disposto a pagar”, diz.

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