A OpenAI lançou, na semana passada, um novo navegador web chamado Atlas. Ele vem com o ChatGPT integrado, junto com um agente, para que você possa navegar, obter respostas diretas e ter tarefas automatizadas realizadas em seu nome, tudo isso ao mesmo tempo.
Passei os últimos dias mexendo no Atlas. Usei o navegador para fazer toda a minha navegação normal na web e também tentei tirar proveito das funções do ChatGPT, além de jogar para ele algumas “inusitadas” tarefas agentivas (IA agindo de forma autônoma) para ver como se saía. E a minha impressão é que o Atlas é… ok? Mas a principal conclusão é que ele é bastante inútil para quem não trabalha na OpenAI, tratando-se de pouco mais do que cinismo disfarçado de software.
Se você quer saber o porquê, vamos começar analisando suas capacidades agentivas, é realmente aí que ele se diferencia.
Quando eu estava navegando na Amazon, pedi para o agente do Atlas fazer algumas compras para mim usando um prompt predefinido de sugestão do próprio sistema (“Inicie um carrinho com itens que eu provavelmente vá querer com base na minha navegação aqui e destaque quaisquer códigos promocionais ativos. Deixe-me revisar antes do checkout.”). Ele selecionou um notebook que eu tinha comprado recentemente e do qual não precisava mais, um desodorante que eu tinha comprado recentemente e do qual não precisava mais, e um aspirador que eu tinha considerado comprar, mas tinha achado caro demais e do qual não precisava mais, porque comprei um mais barato.
Eu diria que ele levou uns 10 minutos para fazer tudo isso. Esvaziei meu carrinho e me considerei com sorte por ele não ter comprado nada.
Quando entrei no Facebook, que já está entupido de todo tipo de porcaria de IA, pedi para o Atlas criar uma atualização de status para mim. Então ele vasculhou meu histórico do navegador e voltou com um status incrivelmente longo. Não vou entediar você com tudo (e era muita coisa), mas aqui vão os destaques do que ele sugeriu: “Dei uma passada no Smartsheet e no TeamSnap (porque editores também administram escalações!), flertei com o Shopify e a Amazon (compras de fim de ano? Um trabalho freelancer? você decide) e fiquei de olho nas notícias… Em algum momento, ainda lembrei de entrar no Slack, marcar reuniões no Zoom e ler alguns textos do New York Times e da Technology Review. Quem disse que a vida de editor não é glamourosa? 😊”
Bem. Ok. Decidi não publicar isso. Havia alguns outros exemplos igualmente pouco inspirados, mas você entendeu a ideia.
Além do agente, o outro recurso “único” é ter o ChatGPT embutido diretamente no navegador. Observe que eu disse “único”, não “útil”. Tive dificuldade em enxergar qualquer utilidade óbvia em tê-lo ali, em vez de simplesmente ir ao chatgpt.com. Em alguns casos, o chatbot integrado era pior e mais burro.
Por exemplo: pedi ao ChatGPT integrado que resumisse para mim um artigo da MIT Technology Review que eu estava lendo. Mas, em vez de responder à pergunta sobre a página em que eu estava, ele se referiu à página em que eu tinha estado anteriormente, quando iniciei a sessão. Ou seja, devolveu um monte de bobagem inútil. Valeu, IA.
A OpenAI está promovendo o Atlas de forma bem agressiva quando você acessa o ChatGPT agora, sugerindo que as pessoas façam o download. E é bem possível que isso lhe renda muitos downloads. Mas, sem dar às pessoas um motivo mais convincente para realmente deixarem de usar os navegadores mais consolidados, como Chrome ou Safari, isso parece um verdadeiro tiro de festim na nova guerra dos browsers.
Tem sido difícil para mim entender por que o Atlas existe. Para quem, exatamente, esse navegador foi feito? Quem é o seu cliente? E a resposta a que eu cheguei é que o Atlas existe para a OpenAI. O cliente de verdade, o usuário final real do Atlas, não é a pessoa que navega em sites, e sim a empresa que coleta dados sobre o quê e como essa pessoa está navegando.




