Correção: atualizamos os dados relacionados ao tempo gasto assistindo ao YouTube na TV.
O Shorts, recurso do YouTube similar ao da plataforma TikTok, tornou-se uma das obsessões mais recentes da empresa, com mais de 1,5 bilhão de usuários assistindo conteúdos de curta duração em seus dispositivos, todos os meses.
A MIT Technology Review americana revela que agora o YouTube quer expandir esse número, trazendo vídeos verticais em tela cheia para a sua TV.
A partir do começo de novembro, usuários ao redor do mundo passaram a encontrar uma sequência de vídeos em formato Shorts na parte superior da tela do aplicativo do YouTube para as smart TVs. Os vídeos são integrados à página inicial padrão do aplicativo do YouTube para TVs e estão posicionados ao lado de vídeos de maior duração, em formato horizontal. Este conteúdo é exibido para o usuário baseado em seu histórico de visualizações, assim como na aba YouTube Shorts nos aplicativos para celulares e em sua página no site.
“É desafiador pegar um formato que é tradicionalmente para celulares e achar a forma correta de levá-lo para a TV”, diz Brynn Evans, diretora de UX do aplicativo do YouTube para a TV.
O tempo gasto desenvolvendo a integração do aplicativo para TV é uma comprovação da importância do formato Shorts para o YouTube, diz Melanie Fitzgerald, diretora de UX da YouTube Community e Shorts. “Ver o progresso dos vídeos de curta duração ao longo de todos estes anos, desde o Vine, passando pelo Musical.ly, o TikTok, o Instagram e até chegar ao YouTube, deixa bem claro que este formato chegou para ficar”.
Um grande desafio que os designers por trás da integração do YouTube Shorts para a TV tiveram que encarar foi até que ponto deveriam permitir vídeos Shorts em reprodução automática. Por enquanto, o usuário vai precisar pressionar manualmente a seta para baixo em seu controle remoto para pular para o próximo vídeo.
“Algo que estávamos testando era o quanto queríamos que essa experiência fosse completamente passiva, onde você liga a TV e os vídeos Shorts começam a passar”, diz Evans, cuja equipe foi contra esta opção no lançamento, mas não descarta uma mudança em futuras versões.
O design apresenta um único vídeo no formato Shorts por vez no centro da tela da TV, envolto por um espaço em branco que muda de cor dependendo do aspecto geral do vídeo.
Sabem algo que o YouTube não testou, pelo menos até agora? Preencher este espaço em branco com propagandas. Susan Cadrecha, uma representante do YouTube, conta para a MIT Tech Review americana que a experiência será incialmente livre de publicidades. Ela disse que as propagandas provavelmente seriam adicionadas em algum momento, mas não deixou claro como elas seriam integradas à experiência dos Shorts para a TV.
Semelhantemente, a equipe do YouTube Shorts está investigando como integrar comentários à visualização para TV de versões futuras do aplicativo. “Em um formato móvel como este, você talvez seria capaz de usar seu celular de forma complementar, deixando alguns comentários que poderiam aparecer na TV”, diz Evans.
O comunicado do YouTube segue a estratégia do TikTok de desenvolver um aplicativo para a TV. Lançado inicialmente em fevereiro de 2021 na França, Alemanha e Reino Unido e expandido para os Estados Unidos e outros países em novembro do mesmo ano, o aplicativo do TikTok para smart TVs não alterou de forma significante o funcionamento do aplicativo principal. (Assim como, discutivelmente, não se tornou uma parte insubstituível dos hábitos domiciliares das pessoas).
Entretanto, a mudança para incluir Shorts na experiência do YouTube na TV sugere o quão importante a empresa sente que o modelo de vídeo de curta duração é para o seu futuro. “É claramente uma batalha por atenção entre os dispositivos”, diz Andre A. Rosen, fundador e diretor da Parqor, uma empresa de análise de mídias. “A chegada de Shorts e do TikTok nas smart TVs torna o cenário competitivo ainda mais complexo”. Apesar de terem deixado o TikTok começar na liderança, agora o YouTube parece estar determinado a recuperar o tempo perdido.
A equipe por trás da iniciativa ainda não tem total certeza como a adição de vídeos de curta duração na experiência do YouTube para TV será acolhida pelo público. “Ainda resta saber como e quando as pessoas consumirão os vídeos Shorts”, admite Evans, apesar de ter contado para a MIT Tech Review americana que sondagens informais e pesquisas qualitativas, além de testes dentro da comunidade Google, sugerem “uma impressão muito positiva sobre os Shorts vinda das pessoas que estão assistindo ao YouTube na TV”. O YouTube disse que, mundialmente, seus espectadores gastam 700 milhões de horas por dia assistindo ao aplicativo em suas TVs.
“Será um divisor de águas para a sala de estar? Sim e não”, diz Rosen. “Sim, no sentido de que isto transformará vídeos curtos, de 15 e 60 segundos, em uma competição entre cada serviço de streaming da mídia tradicional, sendo que a Netflix está apostando bilhões em conteúdo para ser consumido nessas mesmas TVs. Não, porque isto não está pronto para se tornar um novo padrão de consumo”.