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Acompanhar os avanços da tecnologia no mundo corporativo é uma tarefa cada vez mais complexa. Todos os anos, em ritmo crescente, surgem novidades com potencial para catapultar negócios e revolucionar indústrias inteiras. Entre os exemplos clássicos estão as câmeras digitais, os smartphones e muitos dos aplicativos que vieram com eles. Mas há, da mesma forma, tecnologias que permanecem eternas promessas, como a realidade virtual, os carros voadores e os robôs humanoides. Saber em que e quando apostar faz a diferença.
Ao menos desde o lançamento da curva de Gartner, em 2000, tem sido mais fácil identificar em que etapa do ciclo de desenvolvimento uma tecnologia emergente está. Neste ano, o gráfico traz, no primeiro de seus cinco estágios, algumas novidades com alto potencial de se tornarem conversas de executivos ao longo da próxima década.
São tecnologias como gêmeos digitais de clientes; sistemas autônomos, capazes de aprender e agir sozinhos na realização de tarefas de atividades específicas, e arquitetura de malha de segurança cibernética (CSMA, na sigla em inglês), um modelo de cibersegurança baseado em controles distribuídos e compostos que promete ser mais eficiente.
Horizonte visível
Mas, em um horizonte mais curto e mais seguro, de até três anos, as prioridades sugeridas são outras. Em uma lista divulgada em outubro, a consultoria indica dez tendências tecnológicas para 2023, que considera fundamentais para o sucesso de qualquer estratégia de negócio.
Em uma primeira frente, de otimização das operações, da confiança e da resiliência do negócio, estão sistemas imunológicos digitais, observabilidade aplicada (Applied Observability) e AI TRiSM (Gestão de Confiança, Risco e Segurança em IA, na sigla em inglês).
Os sistemas imunológicos digitais, são estratégias de engenharia de software voltadas a melhorar a experiência de clientes com os produtos e serviços da empresa, reduzindo riscos operacionais e de segurança. A observabilidade aplicada usa IA na análise de dados e, a partir dela, faz recomendações de negócios. Já a TRiSM é um conjunto de técnicas, ferramentas e processos que, como o nome sugere, permite que se explique o resultado obtido por uma IA e que sejam corrigidas eventuais falhas de segurança, privacidade, operação ou viés da ferramenta.
Uma segunda frente estratégica, na avaliação do Gartner, envolve tecnologias importantes para que as empresas possam escalar rapidamente seus negócios, como as plataformas setoriais na nuvem, que combinam serviços na nuvem com funcionalidades específicas para diferentes indústrias. Inclui também engenharia de plataforma, um tipo de plataforma com recursos para facilitar a vida e agilizar o trabalho dos desenvolvedores internos. E a realização de valor wireless, que é a exploração de outras funcionalidades do wireless, para além da comunicação — alguns exemplos seriam o rastreamento de localização, sensores de radar e sistemas sem fio de ultra baixa potência energética, sem bateria, com dispositivos alimentados pelo sinal da rede.
A terceira frente envolve superapps, metaverso e IA adaptável, a partir de feedbacks em tempo real. São tecnologias relativamente mais conhecidas, com larga aplicabilidade principalmente no engajamento de consumidores e empregados, na abertura de novos mercados virtuais e na transformação de modelos de negócios.
Em todas as áreas, de acordo com o Gartner, terão ainda fundamental importância tecnologias sustentáveis voltadas à redução do consumo e dos gastos com energia, a ganhos de eficiência em TI e à produção e gestão de indicadores, que permitam melhorar a sustentabilidade do negócio ou dos clientes, em suas diferentes dimensões.
O futuro na prática
No Brasil, uma das empresas que vêm buscando se reinventar por meio da adoção de novas tecnologias é a Servimed, atacadista e distribuidora de medicamentos, consumo e alimentos, com sede em Bauru – São Paulo. Há cerca de um ano, a empresa contratou Marcus Freitas como Gerente de Inovação e, desde então, vem acelerando uma série de iniciativas com perspectiva de transformar o negócio.
“O nosso segmento de atuação é bastante desafiador, por trabalharmos com margem apertada. Somos o intermediário entre a indústria e o lojista, e o nosso carro chefe são os produtos de saúde, apesar de também trabalharmos com produtos de consumo e de alimentação. Compramos da indústria, armazenamos, vendemos e distribuímos para os nossos clientes, que em sua maioria são pequenos e médios varejistas. É uma lógica muito linear”, diz o executivo. “Hoje, a tendência do mundo é a desintermediação dos mercados, por isso, estamos sempre nos provocando sobre como podemos entregar ainda mais valor para os nossos clientes, para continuarmos sendo relevantes”.
Diante do diagnóstico, a empresa de controle familiar e fundada há quase 50 anos, embarcou em uma jornada de transformação cultural e digital, e vem trabalhando tanto a mudança de cultura e mentalidade dos seus colaboradores para o digital, como também a de digitalização e automatização de seus processos. “Temos uma base de algumas dezenas de milhares de clientes ativos. Mas, ainda estamos no início da jornada da transformação dos dados gerados pelos nossos consumidores em conhecimento e, consequentemente, em ação. Trazer essa inteligência de smartdata será muito importante para nós”, afirma.
Em paralelo, diz o executivo, a Servimed vem estudando formas de se alinhar a outras duas grandes forças motrizes das transformações no mercado: a personalização de produtos e as novas formas de entrega e de distribuição. “O nosso foco de atuação vem sendo a Inovação de Sustentação, entre outras palavras, o Horizonte 1 do Gartner, pois em mercados de oceano vermelho como o nosso, ou seja, mercados altamente competitivos e desafiadores, a eficiência e a produtividade são um diferencial. Entretanto, estamos bastante atentos ao que o mercado nacional e internacional está fazendo e avaliamos constantemente novas oportunidades e novos modelos de negócios.”, diz o executivo.
Há várias iniciativas já em andamento e estudos sendo feitos para viabilizar melhorias internas, externas e otimizar a experiência dos clientes, afirma Freitas. “Trabalhamos com planejamento estratégico de cinco anos, revisado e atualizado ano a ano. Para cada ano, temos metas e objetivos claros. Temos planos ousados de crescimento acima do mercado para os próximos anos que, com certeza, conseguiremos alcançar. Para isso, precisamos avançar em tudo que se refere à inovação”, diz.
A transformação, no entanto, não tem sido feita pela empresa de forma isolada. Para atender a todas as frentes, diz Freitas, foram criados programas e iniciativas para fomentar a inovação, a transformação digital e cultural e a conexão com startups, fornecedores e novas soluções.
Internamente, a empresa criou um Programa de Intraempreendedorismo, com squads multidisciplinares trabalhando em problemas e oportunidades estratégicas do negócio, que vão de aumentar a sinergia entre as áreas, até a criação de novos modelos de negócios, diz Freitas.
Como parte de seus esforços em inovação aberta, a Servimed também desenvolveu a plataforma InovaMed, através da qual faz chamadas de desafios e se conecta com as startups. Uma vez no radar da empresa, startups e fornecedores que apresentam soluções para a área de Inovação, após uma breve triagem, são encaminhadas para reuniões com as áreas de negócios, visando estabelecer parcerias. A partir daí, diz o executivo, são colocadas em um canal direto com a empresa.
“Com esse programa, nosso objetivo é nos conectarmos com as startups que já possuem soluções maduras e prontas para mitigar e/ou eliminar algumas das nossas dores estratégicas”, afirma Freitas.
Nesses casos, mesmo que não atendam às necessidades imediatas da empresa, diz Freitas, as startups também podem trazer ideias novas, que não estavam no radar. Assim como muitas das novas tecnologias da curva de Gartner, que vão desenhando o futuro da tecnologia.