Novas tecnologias complementam cuidados básicos com a pele
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Novas tecnologias complementam cuidados básicos com a pele

Para além do “skincare”, as inovações na estética médica ganham destaque na busca pela melhora na qualidade de pele.

O que você encontrará neste artigo:

Transplante de pele
Qualidade da pele
Suplementação de colágeno

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Ainda que seja o maior órgão do corpo humano em extensão, a pele provavelmente não é a primeira preocupação de boa parte das pessoas quando se pensa em saúde. Ela permite o tato, sensações de frio e calor; funciona como barreira protetora, regula a temperatura, excreta substâncias desnecessárias¹; sua operação é tão mágica quanto impressionante na condução de músculos, pelos, receptores, glândulas, assim como de milhões e milhões de células.

Enquanto o coração – o órgão mais vital – suporta um transplante, a pele, na sua complexidade, não. O processo popularmente chamado de enxerto (transplante de pele alógeno, quando é utilizada a pele de outro indivíduo) é realizado para garantir a sobrevivência nas primeiras semanas de tratamento de uma pessoa que teve, por exemplo, um quadro grave de queimaduras. Em determinado momento o corpo começa a rejeição, de forma que o transplante é temporário.²

Até mesmo as maiores inovações encontram obstáculos para reproduzir com fidedignidade as funções da pele humana, alvo de muitas pesquisas com intuito de melhorar próteses. A e-skin, por exemplo, ainda desafia os cientistas, especialmente no quesito de transmissão dos sinais sensoriais para o cérebro.

Ter um olhar de cuidado com a pele é uma ação multifatorial que passa pela atenção com manchas e lesões, as quais podem indicar o aparecimento de doenças, além de considerar novas tecnologias que permitem tratar esteticamente, propiciar uma boa qualidade de pele e até mesmo minimizar os sinais do envelhecimento.

Qualidade de pele

O que instintivamente as pessoas reconhecem como um aspecto bom ou ruim da pele ao observar o rosto no espelho, a medicina estética chama de “qualidade da pele”, e muitos fatores podem influenciá-la, como a alimentação e o sono. Essa definição é construída com atributos que estão divididos em três categorias básicas: visual (puramente visível, como a opacidade ou falta de luminosidade); topográfica (que é percebido pelo toque, como a textura áspera); e mecânica (relacionada à maneira como a pele se move, como a flacidez).³

Segundo a dermatologista Patrícia Ormiga, um dos quesitos de destaque é a capacidade da pele de refletir a luz.

“O olho humano entende como uma pele boa e bonita, uma pele sem imperfeições, sem manchas, cicatrizes, lesões, enfim. Mas existe uma série de atributos que definem uma pele bonita que não são só ausência de imperfeições, como o viço, o brilho. O que faz com que a gente perceba uma pele como viçosa e luminosa é um conceito que começamos a estudar mais recente, que vem da ótica. Quanto mais a luz for refletida de uma forma regular, mais uniforme, melhor vai ser a percepção de brilho, e para isso precisamos de uma pele o mais firme possível, com uma superfície mais lisa e regular”, explica a médica.

Patrícia lembra que uma pele saudável, com todas as funções sendo exercidas na sua integridade – o metabolismo celular, a produção de colágeno e a hidratação – naturalmente apresenta maior luminosidade. Mas é preciso atenção para não mascarar um atributo que pode dizer muito sobre a pele, já que a falta de brilho pode indicar um menor nível de hidratação e acúmulo de pele morta, que bloqueia a reflexão da luz.

A genética tem sua contribuição para a qualidade de pele, mas não é o único determinante, de forma que muitos dos hábitos cotidianos também impactam negativa ou positivamente. Se a prática de atividade física e uma nutrição adequada podem desacelerar o envelhecimento, na mão contrária, exposição à radiação solar e a altas temperaturas, poluição, tabagismo, falta de sono e estresse podem ter efeitos devastadores.⁴

“Quando a gente aumenta o estresse oxidativo, há um impacto direto na qualidade de pele, porque maior será a produção de radicais livres, tendo um efeito negativo no brilho, na hidratação e em todas as funções celulares, inclusive uma quebra acelerada de colágeno. Quanto maior a exposição solar ao longo da vida, maior é a quebra de colágeno, a produção de manchas. A saúde como um todo interfere na qualidade de pele”, destaca a dermatologista.

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O básico ainda funciona

Ainda que a medicina estética tenha evoluído, deixando de ser reconhecida apenas a partir do uso tópico e da correção cirúrgica, o uso de produtos para o cuidado da pele continua sendo importante. O famoso “skincare” tem muito valor, enfatiza a médica dermatologista Vivian Loureiro: “O ponto de partida é a rotina diária de cuidados e proteção solar, e a gente não precisa de muitas etapas para manter uma pele saudável e bonita. O básico é limpeza, hidratação e proteção solar. E se tiver que escolher um deles, o mais importante é proteção solar, que impacta diretamente na qualidade da pele e no envelhecimento”.

Conforme as características de cada pele, novas etapas vão sendo associadas a essa rotina de cuidado, tais como tratamentos clareadores para quem tem melasma ou o uso de produtos específicos para a pele que tem rosácea e acne, por exemplo. Vivian comenta que complementam esse cuidado os procedimentos dermatológicos, que estão cada vez menos invasivos, com produtos de boa durabilidade e excelente perfil de segurança. Os resultados são obtidos sem a necessidade de os pacientes serem submetidos à anestesia, ao centro cirúrgico, o que torna a recuperação muito mais rápida.

Na esteira das tendências, uma prática que tomou espaço nos hábitos de beleza nos últimos anos foi a ingestão de colágeno.

“Os estudos com colágeno oral são controversos, porque alguns mostram resultados positivos, outros relatam que não faz diferença. Então, para aquele paciente que tem uma alimentação saudável, que ingere proteína, não há necessidade de suplementação. Agora, para quem não se alimenta bem ou não come proteína, pós-cirurgia bariátrica, nesses casos pode ser interessante”, afirma Vivian.

Já Patrícia observa que a suplementação pode contribuir como um coadjuvante, desde que haja prescrição médica. “A maioria dos estudos aponta para que a suplementação seja feita no momento que exista um procedimento que esteja estimulando o colágeno. Por quê? Ele é uma molécula muito grande e não é absorvido completamente pelo trato gastrointestinal, tanto que usamos o hidrolisado de colágeno, que é como se fossem pequenos pedaços da proteína. O colágeno para a pele só faz sentido quando estamos estimulando o fibroblasto a trabalhar, senão é como se ele estivesse dormindo. Ele não vai trabalhar, e a suplementação pode até ajudar um pouco, mas não vai ter o efeito que nós desejamos para pele”, explica.

Tratando em camadas

Vestir-se em camadas, utilizando roupas que são acrescentadas ou retiradas, é uma estratégia conhecida daqueles que enfrentam dias de baixa temperatura. Por mais que um casaco robusto em cima de uma blusa de manga curta possa fazer uma espécie de barreira contra o vento, a combinação nunca será tão eficiente como recorrer a uma malha antes do casaco. Com o envelhecimento é mais ou menos assim que acontece.

O processo das alterações vai ocorrendo em camadas, desde a estrutura óssea, e não apenas na pele. O envelhecimento esquelético, por exemplo, causa a perda de suporte ósseo, que por sua vez altera a posição dos ligamentos, levando à expansão dos espaços no rosto, acentuando a frouxidão com uma aparência de perda de volume. Paralelo a isso, o corpo perde colágeno e ácido hialurônico, o que contribui para o desenvolvimento de rugas e linhas.⁵

A dermatologista Patrícia Ormiga explica que atualmente existe a compreensão de que tratar o envelhecimento é atuar em todas as camadas para se ter um resultado satisfatório.

“Nós fomos entendendo que precisávamos agir na reestruturação do osso, no reposicionamento da gordura, e em conjunto ter uma solução para a flacidez dos tecidos. Hoje, temos tecnologias como os ultrassons microfocados, que vão na profundidade de 4,5 milímetros para estimular o colágeno que está no tecido conectivo abaixo da gordura para ganhar efeito lifting. Nós evoluímos no entendimento de que os injetáveis como o ácido hialurônico não são só para ‘tampar buraco’, podendo também contribuir para a hidratação da pele, e então vieram os bioestimuladores, que não só reposicionam estruturas, como aumentam a produção de colágeno”, detalha.

Vivian Loureiro reforça que um único produto estético não é capaz de resolver os problemas gerados pelo envelhecimento. A combinação de tratamentos é um caminho cada vez mais personalizado, posto que cada paciente tem um rosto, uma estrutura óssea e uma velocidade de desgaste muito particular.

“O envelhecimento é multifatorial, em todas as camadas da pele e não só na superfície, por isso combinar alvos específicos apresenta os melhores resultados. A superfície da pele é só uma das camadas, e é necessário ter esse olhar integral”, complementa a dermatologista.

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1 A pele - SPDV [Internet]. www.spdv.pt. Available from: https://www.spdv.pt/_a_pele

2 Manual de doação e transplantes [Internet]. https://site.abto.org.br/. Availabe from: https://site.abto.org.br/wp-content/uploads/2020/08/Manual-dos-transplantesebook-versao-2022_compressed-1.pdf

3 Humphrey S, Manson Brown S, Cross SJ, Mehta R. Defining Skin Quality. Dermatologic Surgery. 2021 Jun 14;Publish Ahead of Print(7).

4 The skin aging exposome. Journal of Dermatological Science [Internet]. 2017 Mar 1;85(3):152–61. Available from: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0923181116308167

5 Goldie K, Kerscher M, Fabi SG, Hirano C, Landau M, Lim TS, et al. Skin Quality – A Holistic 360° View: Consensus Results. Clinical, Cosmetic and Investigational Dermatology [Internet]. 2021 Jun 14;14:643–54. Available from: https://www.dovepress.com/skin-quality--a-holistic-360-view-consensus-results-peer-reviewed-fulltext-article CCID#:~:text=Good%20skin%20quality%20is%20defined%20as%20skin%20that%20is%20healthy

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