Não é mais sobre o futuro da Web 3.0: ela já está entre nós
Negócios e economia

Não é mais sobre o futuro da Web 3.0: ela já está entre nós

A Internet entregou tudo o que prometeu na última década: disruptou a educação, os relacionamentos e, principalmente, a forma como conduzimos os negócios. A melhor parte – ou não – vem agora, com a Web 3.0.

Criptomoedas, Blockchain, DeFi, NFTs, descentralização… Muito hype e polêmica rondam esses termos, mas com certeza você deve ter visto ou ouvido falar deles pelo menos uma vez nos últimos dias. Afinal, eles se tornaram parte do nosso cotidiano. 

Isso porque a Web 3.0 não é mais o “futuro” da World Wide Web. Ela já está aqui, entre nós, sendo implementada de maneira acelerada nos mais diversos setores, oferecendo novas oportunidades e desafiando o modelo mainstream. 

De acordo com um levantamento realizado pela Bain & Company, cerca de 88% das empresas já estão explorando novas soluções tecnológicas e expandindo a sua visão sobre como a Internet funciona. No entanto, apenas 20% delas têm uma estratégia bem definida para a Web3.  

Mas o que exatamente essa web significa e como ela vai impactar o futuro dos negócios? 

Como a web3 se difere da internet que conhecemos? 

Para entender como a Web 3.0 provocará tamanhos desdobramentos, é útil entender como ela se difere das duas primeiras evoluções da Internet. 

Tim Berners-Lee criou o primeiro servidor web em 1990 e assim nasceu a World Wide Web. Nessa primeira versão, agora apelidada de Web 1.0, o Sistema de Nomes de Domínio (DNS) ainda não existia e os usuários visitavam sites digitando seu endereço IP.  

A comunidade era limitada e os usuários eram, principalmente, consumidores de informação que tinham seu acesso gerenciado por meio de provedores, como AOL e Yahoo. A Web 1.0 era, principalmente, sobre páginas estáticas com interatividade limitada.  

Por volta de 1999, isso mudou. A Web 2.0 inaugurou uma era em que a web se redefiniu como um novo meio, separado e distinto de todos os outros meios que a precederam, como impressão e vídeo tradicionais. Ao invés de apenas sites estáticos que empurravam informações para os usuários, a Web 2.0 introduziu novas formas de interatividade.  

Na Web 2.0, os consumidores de informação passaram a ser incentivados a criar o seu próprio conteúdo. Saindo de uma perspectiva passiva para se tornarem participantes ativos desse novo universo. Assim, surgiram blogs, sites pessoais, sites corporativos e, claro, as redes sociais. 

Embora ela ainda seja predominante em nosso meio, já enfrenta desafios como a concentração de dados e poder nas mãos de poucas empresas, a falta de privacidade e segurança, a disseminação de desinformação e conteúdo nocivo e a dependência de intermediários centralizados. 

Dito isso, em 2014, Gavin Wood, cofundador da Ethereum e fundador da Polkadot, cunhou o termo “Web 3.0” para se referir a um “ecossistema online descentralizado baseado em Blockchain”.   

De acordo com Vitalik Buterin, também cofundador do Ethereum, “enquanto a maioria das tecnologias tende a automatizar trabalhadores na periferia fazendo tarefas braçais, as blockchains automatizam o centro. Em vez de colocar o taxista fora de um emprego, a blockchain coloca o Uber fora de um emprego e permite que os taxistas trabalhem diretamente com o cliente.” 

Assim, em sua terceira versão, a Internet implica mudanças em grande escala, oferecendo um ambiente no qual os usuários podem ter mais controle sobre seus próprios dados, escolher como e com quem compartilhá-los e até mesmo monetizá-los através de tokens ou criptomoedas. 

Além disso, oferece novas formas de criação e consumo de conteúdo digital, como obras de arte, músicas, jogos e colecionáveis únicos e exclusivos, com os chamados tokens não fungíveis (NFTs), e a possibilidade de novas formas de organização e cooperação em torno de projetos comuns, sem depender de hierarquias ou autoridades centrais, através das chamadas organizações autônomas descentralizadas (DAOs). 

Como a Web3 realmente afetará as empresas? 

A web semântica proposta pela Web 3.0 é um fenômeno que beira a ciência e a ética. Por isso é crucial compreender alguns valores organizacionais que se tornarão fundamentais nessa nova era: transparência (com foco na privacidade dos usuários), inovação (convergência entre o físico e digital) e customer centricity (o usuário deve estar no centro de todas as decisões). 

Dados da Acumen Research and Consulting mostram que o tamanho desse mercado, em termos globais, representou US$ 2,2 bilhões em 2022 e está projetado para atingir US$ 81,9 bilhões até 2032, expandindo-se a uma impressionante taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 44,5%. 

Por isso, ainda que a Web 3.0 esteja em desenvolvimento e enfrente vários desafios técnicos, regulatórios, éticos e sociais, os números mostram que ela já está disruptando a sociedade e diversos segmentos empresariais. 

No setor financeiro, por exemplo, será possível operar sem nenhum órgão regulador para intermediar as negociações, como bancos ou cartões de crédito, que cobram taxas e demoram para processar os pagamentos, trazendo vantagens competitivas expressivas, como a ininterrupção do serviço, transações mais rápidas, baratas e seguras, graças à computação colaborativa que otimiza a detecção de fraudes.  

Outras possibilidades incluem:  

Redução da ineficiência 

A Web 3.0 pode automatizar e simplificar a criação e a execução de contratos legais, usando contratos inteligentes baseados em blockchain. Os contratos inteligentes são acordos digitais que se autoexecutam quando as condições pré-definidas são cumpridas, sem a necessidade de intervenção humana ou jurídica. Um exemplo é o Ethereum. 

Resiliência às mudanças 

Será possível oferecer uma resiliência sólida às mudanças em alguns aspectos: 

  • Segurança: ao contrário da Web 2.0, onde os dados são armazenados em servidores centralizados controlados por empresas ou governos, na Web 3.0 os dados são distribuídos em uma rede de computadores independentes que validam e verificam as informações entre si, sem pontos únicos de falha ou controle; 
  • Escalabilidade: os serviços podem se expandir ou se contrair conforme a necessidade, usando recursos compartilhados por uma rede de computadores conectados entre si, sem perda de desempenho ou qualidade; 
  • Inovação: os serviços são baseados em protocolos abertos e interoperáveis que permitem a participação e a contribuição de qualquer pessoa, sem restrições ou barreiras. 

Segurança reforçada  

Se na Web 2.0 os conteúdos podem ser copiados, modificados ou roubados sem o consentimento dos criadores ou dos proprietários, aqui, os conteúdos podem ser registrados, protegidos e transferidos de forma única e exclusiva, usando tokens digitais que provam sua origem e sua propriedade. 

Um exemplo é o NBA Top Shot, uma plataforma que permite aos fãs de basquete colecionarem e negociarem mídias oficiais da NBA em forma de NFTs. 

Cadeia de suprimentos mais eficiente 

Usando tecnologias automatizadas e inteligentes, como contratos inteligentes e IA, é possível melhorar a eficiência dos processos logísticos e operacionais da cadeia de suprimentos, sem depender de intervenções humanas ou burocráticas para serem executados ou validados. 

Marketing e publicidade aprimorados  

Além de possibilitar uma personalização mais precisa e relevante das mensagens e das ofertas de marketing e publicidade para cada perfil de usuário, outro importante ponto é que, diferentemente da versão anterior, onde as métricas poderiam ser manipuladas, inflacionadas ou fraudadas por plataformas centralizadas ou agentes maliciosos, na Web 3.0 elas serão registradas, auditadas e validadas por todos os participantes do mercado, usando registros digitais imutáveis, transparentes e acessíveis. 

Web3: a evolução da revolução 

Seja como for, a Internet ainda parece dividida em dois extremos: os céticos (que desconfiam se isso irá ou não evoluir) e os early adopters (que entendem que essa é só a ponta do iceberg). 

De fato, entender como essa tecnologia funciona é crucial para empreendedores, gestores e líderes estruturarem a sua tomada de decisão, tendo em mente que o futuro já está aqui e se renovando continuamente. 

Cases, dados, opiniões de especialistas, empresas emergentes e o comportamento do consumidor apontam para um amanhã diferente do que vimos até agora. 

De fato, as empresas poderão operar livremente, escalar com maior velocidade e fornecer uma experiência superior para os seus usuários. Nós só estamos nos first days, mas a grande questão é: o seu business vai aproveitar ou vai se perder nesse movimento? 

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