Maturidade e novas aplicações devem marcar a IA em 2024
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Maturidade e novas aplicações devem marcar a IA em 2024

As empresas já empregam a tecnologia, mas devem aprimorar seus conhecimentos e estratégias neste ano.

O que esperar da Inteligência Artificial em 2024? Esta é, provavelmente, a principal pergunta para este ano, especialmente para as empresas. Em 2023, vimos a IA ganhar ainda mais popularidade, mas para qualquer bom observador está claro que esse é apenas o começo de uma nova era para a tecnologia e, portanto, para as organizações.

Uma pesquisa feita pelo IDC aponta que 86% das empresas na América Latina já adotam IA. A aplicação dessa tecnologia nas estratégias corporativas não é mais uma tendência, mas uma realidade. O desafio agora é aprimorar essas estratégias tendo em vista todas as possibilidades que o machine learning oferece.

Amadurecimento será a palavra de ordem. Como destaca Rui Bueno, diretor de pré-vendas no SAS, líder em IA e analytics, o mercado ainda é dominado pelo “hype”, a empolgação inicial em relação à tecnologia. Mas isso não é o suficiente para, de fato, implementar a IA de forma eficiente e eficaz.

“Muitas empresas sabem o que precisa ser feito, mas não compreendem que a Inteligência Artificial vai além de chatbots, que já são comuns e fáceis de implementar. O desafio está em entender até onde é possível desenvolver algo num protótipo e levá-lo para a frente do negócio, seja para clientes ou parceiros. A teoria ainda não foi totalmente aplicada na prática na maioria das empresas.”

O que, então, esperar a partir de agora? O SAS pediu aos executivos da empresa que fizessem previsões sobre os principais desenvolvimentos comerciais e tecnológicos em IA para 2024 e elencou 12 tendências. Dentre elas, a IA generativa complementará estratégias específicas de cada setor, transformando áreas como bancos, saúde e manufatura. Paralelamente, criará novos empregos. No marketing, impulsionará campanhas responsáveis; instituições financeiras adotarão IA para combater fraudes mais sofisticadas, enquanto os CIOs enfrentarão desafios com a “shadow AI”. Eles acreditam que veremos ainda a IA multimodal e simulações avançadas abrindo novos horizontes para os negócios, assim como a adoção de gêmeos digitais em vários setores. Seguradoras usarão IA contra riscos climáticos, e governos buscarão talentos em IA para melhorar serviços públicos.

Mas diante disso tudo, quais são as oportunidades e desafios para os negócios? É o que discutimos com Rui Bueno. Confira os principais destaques do executivo dentre as 12 tendências elencadas pelo SAS.

Democratização da IA nas empresas

Muitas empresas, especialmente aquelas que não contam com serviços específicos para apoio em analystics e IA, estão patinando na fase de implementação prática. Segundo dados de um estudo do IDC, das organizações que usam analytics, menos da metade, apenas 47%, também utilizam Inteligência Artificial.

Algumas delas, observa Bueno, podem ter uma célula de Inteligência Artificial focada em pesquisa, mas enfrentam dificuldades ao tentar aplicar esses conhecimentos de maneira robusta e organizada, além de medir os benefícios.

“Desenvolver a tecnologia é relativamente fácil, mas organização e uma parceria confiável são necessárias para implementar e medir efetivamente essas soluções”, alerta ele. “A alfabetização em dados é um fator crucial a ser adicionado nessa discussão. É essencial modificar a mentalidade e a cultura organizacional das pessoas para facilitar a implementação eficaz dessas tecnologias.”

O especialista ainda destaca a importância da integração entre conhecimento de negócio e ciência de dados. “É onde reside a verdadeira riqueza da Inteligência Artificial. Pessoas com profundo conhecimento de negócios devem trazer suas perspectivas para o ciclo analítico, mesmo que não saibam programar.”

Ampliação de novos empregos

Desde a popularização do ChatGPT e outros modelos de IA, criou-se uma ideia apocalíptica no imaginário coletivo. As pessoas temem perder seus empregos, temem ser substituídas, mas a verdade é que, muito pelo contrário, a IA deverá gerar novas oportunidades no mercado.

“Um exemplo é o que chamamos de Prompt Engineering”, explica Rui Bueno. “Essa pessoa vai ajudar a primeiro organizar a curadoria para o treinamento dos modelos de IA, mas também vai estudar as melhores formas de se comunicar com o ChatGPT ou com outros motores de Inteligência Artificial.”

Lógico que, nesse contexto, entram novos desafios para as organizações como shadowing — soluções usadas ou desenvolvidas dentro das organizações sem autorização oficial ou monitoramento da área de TI, como define o próprio SAS. Mas isso também abre novos campos a serem explorados.

“Então, a resposta resumida é não, a IA não vai roubar todos os empregos, mas vai mudar o foco. Novos empregos mais avançados surgirão, e provavelmente alguns mais básicos não vão ter sua razão de existir, mas sempre é um motivo para as pessoas se desenvolverem.”

IA e ESG

É praticamente impossível falar sobre o futuro da IA sem falar sobre ESG. Ainda que muito se precise discutir este tópico, esses dois aspectos dos negócios estarão cada vez mais relacionados: um não avançará sem o outro.

“O desafio para os executivos, incluindo CIOs e CEOs, é aproveitar as vantagens dessa nova tecnologia, mas também reconhecer a necessidade de estabelecer limites e garantir a responsabilidade, envolvendo pessoas na curadoria dos processos”, destaca o executivo do SAS.

A tendência de maior adoção do marketing de responsabilidade também cabe nessa discussão. As pessoas trabalharão em parceria com a IA para aumentar a produtividade e ensinar conceitos como responsabilidade social e sustentabilidade aos algoritmos.

IA para detecção de fraudes

A Inteligência Artificial generativa está sendo utilizada por criminosos para aprimorar suas atividades ilícitas. As mensagens de phishing estão se tornando mais refinadas, os sites fraudulentos têm aparência totalmente legítima. Agora, é possível até mesmo replicar uma voz com apenas alguns segundos de áudio e ferramentas online gratuitas. Não à toa, alguns já dizem que estamos entrando na “Era Sombria das Fraudes”, especialmente no setor financeiro.

Aqui entra uma das principais tendências para o uso da IA nos negócios: ao mesmo tempo que a tecnologia permite esses avanços aos criminosos, ela também será o antídoto para combater esses atos ilícitos. “O fraudador, que vive dessa atividade, precisa se reinventar constantemente e, muitas vezes, os negócios não conseguem acompanhar as mudanças comportamentais nas fraudes. Trabalhar com modelos estatísticos para detecção de fraudes é mais eficaz nesse sentido, e também no cálculo de riscos para seguradoras ou na oferta de crédito a taxas razoáveis”, diz Bueno.

É claro que isso também exigirá maior preocupação em relação às falhas da IA. Se forem empregados de forma completamente autônoma, esses modelos de linguagem podem replicar preconceitos e dados tendenciosos.

“Certo nível de preocupação é justificável do ponto de vista ético. Por exemplo, se você deixar o modelo de crédito ser feito totalmente autônomo, sem a curadoria de um ser humano, pode acontecer dele associar dados como raça, localização e outros com a probabilidade de uma pessoa pagar ou não um empréstimo.”

Aplicação no setor público, especialmente em saúde

Assim como as empresas privadas, o setor público se voltará cada vez mais para a Inteligência Artificial (IA) e análise de dados para impulsionar a produtividade, além de enfrentar a escassez de talentos. “A IA poderá ser aplicada em tarefas rotineiras e

repetitivas, além da detecção de fraudes. O governo é um grande consumidor de produtos de detecção de fraude, até mais do que bancos e seguradoras.

Os avanços da IA na saúde também acontecerão no setor público, com organizações continuando a desenvolver ferramentas aplicadas na medicina personalizada e a ascensão de sistemas baseados em IA — a exemplo de um caso recente que usa machine learning para prever internações de pacientes, fornecer prontuários personalizados e até mesmo para gerenciar leitos de hospitais com mais eficiência. “A IA também ajudará a coibir fraudes no sistema de saúde e melhorará a logística, por exemplo, como na distribuição de vacinas, através da utilização de gêmeos digitais”, completa o especialista.

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