A dois metrôs de distância: Na quinta-feira, dia 16, a startup publicou um post em seu blog com um vídeo de demonstração de um novo detector de distanciamento social. À esquerda, podemos ver pessoas andando na rua. Já à direita, o Bird’s-eye diagram (em português, o diagrama olho de pássaro) representa cada uma como um ponto e os torna vermelhos quando se aproximam demais de outra pessoa. A empresa diz que a ferramenta foi feita para ser usada em ambientes de trabalho como fábricas e foi desenvolvida como resposta à solicitações de seus clientes (o que inclui a Foxconn). A companhia também diz que a ferramenta pode ser facilmente integrada a sistemas de câmeras de segurança já existentes, mas que ainda está explorando como notificar as pessoas quando elas quebram o distanciamento social. Um método possível é um alarme que soa quando os trabalhadores se aproximarem muito uns dos outros. Um relatório também pode ser gerado da noite para o dia para ajudar os gerentes a reorganizar o espaço de trabalho.
Debaixo dos panos: O detector precisa primeiro ser calibrado para mapear quaisquer gravações de segurança em relação a dimensões do mundo real. Uma rede neural treinada então selecionaria as pessoas no vídeo, enquanto que outro algoritmo calcularia as distâncias entre elas.
Vigilância no local de trabalho: O conceito não é novo. No início do mês de abril, a Reuters informou que a Amazon também está usando software semelhante para monitorar as distâncias entre os funcionários do armazém. A ferramenta também se junta a um conjunto crescente de tecnologias que as empresas estão usando cada vez mais para vigiar seus funcionários. Atualmente, existem inúmeros sistemas de IA baratos e prontos para compra que as empresas podem obter para assistir a todos os funcionários de uma loja ou ouvir todos os representantes de atendimento ao cliente em uma ligação. Como o detector da Landing AI, esses sistemas emitem avisos em tempo real quando os comportamentos se desviam de um determinado padrão. A pandemia do Coronavírus apenas acelerou essa tendência.
Território arriscado: em seu blog, a Landing AI enfatiza que a ferramenta é destinada a manter “funcionários e comunidades em segurança” e deve ser usada “com transparência e apenas com consentimento expresso”. Mas a mesma tecnologia também pode ser abusada ou usada para normalizar medidas de vigilância mais nocivas. Ao examinar o crescente uso da vigilância no local de trabalho em seu relatório anual em dezembro passado, o instituto de pesquisa AI Now também apontou que, na maioria dos casos, os trabalhadores têm pouco poder para contestar essas tecnologias. “O uso desses sistemas reúne poder e controle nas mãos dos empregadores e prejudica principalmente os trabalhadores de baixos salários (que são desproporcionalmente pessoas de cor)”. Dito de outra maneira, isso torna o desequilíbrio de poder já existente ainda pior.