Inovação: fator de vulnerabilidade das grandes empresas
Inovação

Inovação: fator de vulnerabilidade das grandes empresas

Inovar é uma demanda urgente para as empresas. Aquelas que agem sem preconceitos, saem na frente e se tornam competitivas sobre as demais.

O termo inovação está cada vez mais presente no ambiente corporativo e tem sido pauta de muitas discussões pelos líderes de grandes corporações, pois a sua implementação requer muito estudo, análise, acompanhamento, conhecimento e tempo.

Segundo estudo da International Data Corporation (IDC), empresa líder em inteligência de mercado, as áreas de Tecnologia da Informação e Telecom são as que mais devem ter um salto de crescimento nos próximos anos, com 10,6% e 4%, respectivamente.

Mas, antes de detalhar esse assunto, é importante explicar porque é tão importante e as suas vantagens. Primeiramente, vale comentar que inovar não significa apenas criar produtos ou serviços diferenciados. Ela envolve a digitalização e otimização de processos; alterações nos modelos de negócios; facilidades na comunicação interna; mudanças de mindset e de paradigmas.

Portanto ela traz vantagens imensuráveis para os negócios. Dentre elas a possibilidade de ficar sempre à frente da concorrência e pensar “fora da caixa”; ganho maior de eficiência; baixo custo; estar atento as tendências do seu mercado para sair na frente das outras empresas e manter os seus colaboradores engajados pelo seu propósito.

Portanto, elas que querem liderar um setor têm adotado a inovação em seu modelo de negócios. Principalmente porque ela garante competitividade a longo prazo, mas para tanto é preciso criar serviços diferenciados; produtos inovadores e assertivos; desenvolver estratégias eficientes que vão promover facilidades no dia a dia da corporação; implementar soluções que o seu concorrente ainda não tenha feito e que, de fato resolvem problemas do seu público-alvo. Além disso, em um cenário tecnológico é imprescindível que, as marcas estejam imersas nas redes sociais, criando conteúdos e se comunicando ativamente com as pessoas.

E, assim elas podem ser aplicadas de diferentes formas. Uma pesquisa feita pela consultoria Delloite com cerca de 500 empresas cujas receitas somadas equivalem a 35% do PIB do Brasil, aponta que os investimentos em tecnologia, estarão presentes em aplicativos, sistemas e ferramentas de gestão (96%); infraestrutura (96%); gestão de dados (95%); segurança digital (95%); customer marketing (81%); atendimento ao consumidor (78%); e canais de venda online (71%). Há também aqueles que vão investir em tecnologias emergentes como robôs móveis autônomos (39%), digitalizações do parque fabril (34%) e Realidade Virtual ou Aumentada e drones (29%).

Mas, ainda há muitas companhias que não sabem como adotá-las em seus negócios. Existem muitas instituições que possuem sistemas muito arcaicos e retrógrados, gestores sem experiências e organizações que não têm foco estratégico e nem agilidade suficientes para manusear e adotar tecnologias e inovações disruptivas.

Ao analisar o mercado, é possível identificar alguns pontos mais críticos. Um deles é com relação a cultura corporativa. Ela envolve mudanças expressivas e em alguns casos, conceitos que já estão muito enraizados. Dessa forma, a adoção de

práticas inovadoras só trará resultados surpreendentes e duradouros a partir do momento que elas promoverem de fato uma cultura de inovação.

Mas, o que significa? É simples. Isso está diretamente relacionado ao comportamento, valores, crenças e hábitos que devem ser incorporados para aguçar o processo criativo dos colaboradores, visando novos produtos/serviços adoção de práticas sustentáveis e a resolução de problemas reais.

De acordo com um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 86% dos 132 entrevistados disseram que o incentivo à cultura de processos internos, operações e serviços será determinante para o futuro dos negócios nos próximos anos. O levantamento aponta também que o valor investido em inovação está diretamente relacionado com a competitividade existente entre as principais empresas do país.

Outro ponto importante a ser comentado é com relação a inclusão dos funcionários nesse novo momento da empresa, pois eles serão a peça-chave nessa transformação, já que todas as atividades serão desempenhadas por eles. Os gestores e líderes devem inclui-los em todo o desenvolvimento do projeto, proporcionar trocas constantes de experiências, coletar feedbacks, entender de fato as reais necessidades deles e anseios, pois só, assim será possível desenvolver um projeto de inovação que seja bom para todos os lados e, mais do que isso, eles terão orgulho de dizer que fizeram parte dessa transformação, e pesará na hora que ele receber outra proposta de emprego, por exemplo. Pois ele se sentirá parte de um projeto e não apenas como sendo um “número”.

É o que mostra a pesquisa feita pelo Futurum Research, em parceria com a Pega, com 500 líderes e empregados na América do Norte e Europa. Ela aponta que 94% dos colaboradores se sentem excluídos da transformação digital da empresa em que trabalham e 45% dos profissionais não sabem como ajudar suas empregadoras nesse processo.

Porém, há também um item muito discutido: falta de time qualificado para ajudar na digitalização. Mas, infelizmente, este gap não será solucionado tão cedo. De acordo com dados da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), a previsão é de que até 2025 o Brasil deve abrir cerca de 797 mil novos postos na área.

Uma equipe sem o know-how necessário para ajudar a trazer a inovação nos processos internos, fica ainda mais difícil e demorado de desenvolver soluções, produtos e ferramentas inovadoras e que acompanhem as transformações do seu mercado de atuação.

Já existem no mercado algumas formas de resolver esses gargalos. Uma opção que vem sendo estudada pelos gestores é a alocação de times especializados. Isso porque elas já possuem com toda expertise fundamental e necessária para realizar a transformação digital de maneira veloz e completa. Dessa forma, ela pode ser contratada de forma pontual de acordo com cada projeto e necessidade. Isso traz ainda mais eficiência operacional no desenvolvimento de cada trabalho a ser realizado.

Outro problema muito sério enfrentado pelas instituições é a agilidade na produtividade. Ela tem sido certamente uma das maiores necessidades das empresas nos últimos tempos. Pois, em um mundo em constante transformação, no qual a todo momento são desenvolvidas novas ferramentas tecnológicas, não há tempo a perder. Para ter uma vantagem competitiva e sair na frente da concorrência, é preciso realizar uma transformação digital ágil e assertiva. Mas isso nem sempre é possível em uma companhia engessada, portanto muitas vezes contar com parceiros ideais experientes nesse assunto, pode ser uma alternativa bem viável.

Um ponto muito discutido também são os processos de inovação pouco estruturados. Por mais estranho que pareça, um dos principais obstáculos que impedem as companhias de se reinventarem e apostarem em projetos diferentes é a falta de entendimento sobre o próprio negócio e os objetivos a curto, médio e longo prazo.

Isso dificulta na hora de estruturar um processo viável e consiga trazer os resultados desejados. Isso porque aqueles que não tem clareza sobre os objetivos que querem alcançar, não conseguem traçar planos e ir atrás das ferramentas necessárias. O primeiro passo a ser dado é entender em qual o cenário atual da companhia, onde eles querem estar daqui a 5 e 10 anos, e o perfil do seu público-alvo. Só assim poderão criar estratégias bem direcionadas.

Por último, uma das principais dificuldades que tenho visto no mercado é a falta de conhecimento das novas tecnologias. Isso vem acontecendo também porque a cada dia surgem soluções que são disruptivas, e por isso os colaboradores devem estar antenados a tudo o que acontece no setor atuante e entender a fundo como funciona cada uma delas. Mas, diferentemente do cenário ideal, tenho percebido que muitos colaboradores não conhecem IA, machine learning, cybersecurity, cloud, Analytics e suas possíveis aplicações, o que é um problema sério dentro das empresas.

Enquanto algumas não têm condições de ir atrás do que há de novo, outras, mesmo podendo arcar com o investimento, têm sistemas legados muito inflexíveis e que tornam mais difícil o processo de atualização e reformulação, além de uma gestão pouco preparada para inovar.

A partir desses insights, para que uma empresa consiga de fato aplicar a inovação e tirar o maior proveito delas, os gestores e os colaboradores devem estar abertos à isso e consequentemente à novos conhecimentos; as companhias devem ter em sua equipe líderes abertos a diálogos e absorver novas ideias; contar com as ferramentas adequadas; encontrar em ambientes que, de fato são inovadores e por fim, estar sujeito a cometer erros e a mudar estratégias que forem necessárias no decorrer do projeto.

Portanto, concluo que, nos dias de hoje a inovação é um fator mandatório. Por isso, costumo sempre ressaltar que, aquelas que estiverem dispostas a agir de maneira diferente e olhar todas essas transformações sem preconceitos, sairão na frente e conseguirão ganhar vantagem competitiva frente as demais concorrentes. Para tanto, é fundamental pesquisar bastante sobre o seu mercado e acompanhar as empresas que atuam fora do país, só assim será possível fazer diferente. Pense nisso!


*Gustavo Caetano é CEO da Sambatech e Samba Digital

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