Como a IA transformará a gestão pública brasileira
Governança

Como a IA transformará a gestão pública brasileira

O uso crescente de Inteligência Artificial no setor público brasileiro revela potenciais de inovação e obstáculos que precisam ser superados para garantir uma implementação eficaz e segura.

A Inteligência Artificial tem transformado a gestão pública a nível global. Entre 2017 e 2019, 23 países, a exemplo do Canadá, da Alemanha e da Índia, já tinham estratégias nacionais voltadas para IA, e outras 20 nações, como Turquia e Israel, investiram em uma versão federal da tecnologia.

No Brasil, a primeira Estratégia para Transformação Digital foi lançada em 2018, com o decreto 9.319. O Executivo implementou o Comitê Interministerial para a Transformação Digital (CITDigital) e o Sistema Nacional de Transformação Digital. Posteriormente, em agosto deste ano, o governo criou a Estratégia Federal de Governo Digital e a Infraestrutura Nacional de Dados (IND). Com isso, homologou-se um Comitê de Governança Digital, visando preparar as corporações para uma gestão otimizada e responsável de dados por meio dos modelos de IA, bem como o estímulo, a integração e a automação de plataformas e serviços, dentre eles a emissão da Carteira de Identidade Nacional (CIN) para 70% da população até 2027.

De acordo com o estudo “Your Journey to a GenAI Future: A Strategic Path to Success for Government”, realizado pelo SAS, a IA deve ganhar tração em 2025, com 84% das organizações buscando efetivar a tecnologia em larga escala. Todavia, esse processo não acontecerá sem desafios. “Tem um outro estudo que a gente fez também, com vários executivos no mundo, e 66% desses executivos não estão satisfeitos com o uso de IA dentro das suas corporações”, afirma Marcelo Laranjeira, head de vendas para governo no SAS. Para ele, fazer a IA crescer no meio governamental implica em entender a complexidade da tecnologia, aliando planejamento e investimento. “Nós entendemos que a IA é um meio e não um fim”, pontua.

Oportunidades

O estudo “Inteligência Artificial na administração pública: perspectivas e impactos na sociedade”, publicado pelo International Journal of Scientific Management and Tourism e construído a partir de entrevistas com gestores dos Centros de Tecnologia de Instituições Públicas em Manaus, no Amazonas aponta que a automação pode ser adotada, principalmente, no controle de tarefas. A ferramenta Alice, por exemplo, desenvolvida pelo CGU (Controladoria Geral da União) do estado e compartilhada com o Tribunal de Contas regional, faz uma análise independente de editais de licitação, avaliando compras realizadas por municípios, estados, e entes federais. Os indicadores de sucesso, afirmam os entrevistados, estão visíveis na economia de recursos e no aumento da agilidade de respostas.

Projetos como esse demonstram, por meio de evidências de casos concretos, o potencial da Inteligência Artificial para moldar o setor público, influenciando áreas como saúde, educação, cultura, e gestão patrimonial. “Hoje eu diria que os códigos abertos vão facilitar o governo a implementar as IAs de forma mais rápida, porque o processo de aquisição de empresas formais do mundo cloud exige também investimentos, processos licitatórios e normalmente levam um tempo maior”, afirma Laranjeira.

De acordo com o head de vendas, a adoção de cloud só tem acontecido nas grandes organizações do governo, e pouco tem avançado nas administrações estaduais. “Até porque nós sabemos que muitos desses tipos de aquisições geram um custo recorrente para os cofres”, diz.

Mini Banner - Assine a MIT Technology Review

Por meio da Inteligência Artificial, ferramentas no-code (em português, “sem código”) e low-code (“baixo código”) o setor público pode fazer com que gestores e funcionários não familiarizados com programação utilizem essas tecnologias. “Ou seja, você não precisa programar. O recurso drag and drop (isto é, o arrasta e solta), faz com que você tenha essa capacidade de utilização. Hoje o SAS tem isso. É um copiloto, com o qual você pode interagir em linguagem natural”, explica Laranjeira.

Capacitação e futuro

De acordo com os gestores de Manaus mencionados no estudo do International Journal of Scientific Management and Tourism, a diversidade da equipe e o fomento à pesquisa e desenvolvimento de processos impulsionam uma adaptação tecnológica mais rápida na Administração Pública.

É preciso, por fim, estimular programas educacionais para a futura mão de obra. Pensando nisso, o SAS criou tem um programa acadêmico no qual estudantes, professores e pesquisadores aprendem sobre IA e analytics de forma gratuita. “Buscamos, com isso, entregar mão de obra qualificada e responsável, uma das grandes demandas do nosso tempo”, finaliza Laranjeira.

Último vídeo

Nossos tópicos