IA amplia olhar técnico e potencializa medicina diagnóstica
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IA amplia olhar técnico e potencializa medicina diagnóstica

Algoritmos apoiam médicos na identificação de doenças com mais assertividade por meio de dados e sistemas de rastreamento.

A medicina diagnóstica está em plena evolução e a Inteligência Artificial (IA) apresenta um grande potencial de desenvolvimento para a área. Com capacidade para processar uma grande quantidade de dados, a tecnologia pode auxiliar os médicos a identificarem doenças com mais agilidade e precisão, aprimorando desde análises de fraturas até de doenças crônicas, como as cardiovasculares e neurológicas, assim como diferentes tipos de câncer.   

Um exemplo é a ferramenta baseada em IA que auxilia o diagnóstico de doenças neurodegenerativas como a esclerose múltipla e o Alzheimer. Para encontrar resultados praticamente invisíveis ao olho humano, o sistema desenvolvido pela startup argentina Entelai calcula o volume do encéfalo — o centro do sistema nervoso — e reconhece as lesões na substância branca do cérebro de maneira automatizada.  

A tecnologia da Entelai foi criada a partir do desconforto que o neurologista Maurício Fares, CEO da empresa, tinha ao acompanhar a evolução de seus pacientes sem dados concretos no passado. “A forma como o médico identificava se o paciente tinha avanço, mudança ou aumento na quantidade de lesões cerebrais era comparando os exames com os olhos. Todo esse processo era difícil para o especialista, porque não existia um padrão”, avalia o médico, em entrevista à MIT Technology Review Brasil.  

Com a assertividade proporcionada pela tecnologia, Fares afirma que fica mais fácil comprovar o diagnóstico. “Falar para a pessoa que tem uma progressão na doença e precisa mudar o tratamento tem um grande impacto. Precisamos ter uma ferramenta que quantifique esse avanço”, explica o neurologista.  

Além da ferramenta para diagnosticar doenças degenerativas, a Entelai criou, em 2020, uma plataforma de IA para detectar casos suspeitos de Covid-19 nas radiografias de tórax; e oferece a hospitais e clínicas de diagnóstico um sistema para rastreamento de nódulos em exames para diagnóstico de câncer de mama. 

IA cresce no Brasil

Com o desenvolvimento de soluções disruptivas para apoio aos médicos, o uso de IA na saúde tem crescido no Brasil. A pesquisa CEO Survey 2023 da consultoria PWC indica que 76% dos CEOs de saúde no Brasil pretendem investir em IA nos próximos 12 meses. A previsão para 2027 é que 70% dos executivos tenham aplicado a tecnologia para melhorar a qualidade do atendimento ao paciente, aumentar a precisão de diagnósticos, reduzir os custos e melhorar a eficiência do sistema de saúde como um todo. 

O Einstein incorpora soluções sofisticadas de IA, como é o caso da desenvolvida pela Entelai, em suas unidades. Segundo Gilberto Szarf, gerente médico do Departamento de Imagem, a organização adota algoritmos para apoio de análises de radiografias de tórax e para a avaliação de fraturas nos prontos-socorros para oferecer mais agilidade e eficiência ao atendimento emergencial.  

“A ferramenta de IA nos ajuda apontando regiões para as quais devemos olhar com um pouco mais de cuidado, pois o algoritmo evidencia uma suspeita de alteração. Contar com essa ajuda é um apoio que faz a diferença”, afirma.  

O especialista cita também o potencial dos algoritmos para contribuir para a detecção de casos de pneumotórax, doença que pode ser de difícil diagnóstico e que consiste na presença de ar entre as duas camadas da pleura, resultando em um colapso parcial ou total do pulmão. Nesse caso, Szarf afirma que a IA funciona como uma rede de proteção, gerando uma alerta para os radiologistas. 

“A pessoa faz uma radiografia de tórax e o algoritmo diz em segundos a probabilidade de o paciente ter a doença.” 

Potencial dos algoritmos 

Além de aprimorar o diagnóstico de imagem, os algoritmos podem acelerar a realização de exames de ressonância magnética, otimizando a informação colhida e reduzindo o tempo que o paciente fica dentro da máquina. Eles também podem apontar o prognóstico de um paciente com alguma doença pulmonar e até monitorar a qualidade de um laudo, gerando um alerta sobre a presença de um nódulo que não está citado no relatório, por exemplo. 

Mas, apesar do avanço crescente, o gerente médico reforça que as novas tecnologias não estão ocupando o lugar dos médicos e, sim, apoiando o trabalho deles ao otimizar o trabalho, acelerando a análise de exames e de tarefas repetitivas, para que haja maior disponibilidade do profissional para o fortalecimento da relação com os pacientes. 

“O setor de diagnóstico sempre esteve na vanguarda da digitalização na saúde. O próprio filme das imagens radiológicas acabou e agora é tudo digital. Imagina a quantidade de água e produtos químicos que utilizávamos para revelar aquelas imagens? Hoje, o paciente consegue ver os exames em casa. A tecnologia é um fenômeno que está revolucionando o setor”, conclui Szarf. 

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