Em 2013, uma pesquisa publicada na Harvard Business Review concluiu que trabalhadores do conhecimento gastavam dois terços de seu tempo em reuniões, embora considerassem essas atividades, em sua maioria, cansativas.
Com a pandemia de 2020, esses trabalhadores foram forçados a desenvolver novas formas de trabalhar, em casa. O mesmo estudo de 2013 foi então replicado este ano, usando as mesmas perguntas e entrevistando respondentes com perfis semelhantes.
As principais conclusões foram:
- Estamos gastando 12% menos tempo em reuniões longas e 9% mais tempo interagindo com clientes e parceiros;
- Fazemos 50% mais atividades por escolha pessoal, porque as consideramos importantes, e metade disso porque outra pessoa pediu;
- Ainda estamos gastando metade do nosso tempo em atividades padrão, mas estamos fazendo apenas 8% porque um colega pediu, e 35% porque pensamos que a atividade era crítica;
- O número de tarefas avaliadas como cansativas caiu de 27% para 12%, e o número de tarefas que poderíamos facilmente transferir para outras pessoas foi de 41% para 27%;
- Em 2020, os entrevistados dizem que seu trabalho é mais importante, menos cansativo e contribui para os objetivos da empresa.
Com isso, a pesquisa mostrou que o isolamento nos ajuda a focar no trabalho que realmente importa, a assumir a responsabilidade por nossos próprios horários e a julgar o que fazemos como mais valioso para nosso empregador e para nós mesmos.
Para avaliar as mudanças trazidas pelo home office forçado durante a pandemia, uma empresa com sede na Califórnia também mediu a produtividade de seus funcionários, chegando ao resultado de mais 47% na produtividade do trabalhador.
Com o objetivo de ajudar as empresas a maximizar o potencial de lucro de suas equipes, a pesquisa compilou 100 milhões de dados de 30 milusuários, chegando aos seguintes resultados sobre como os membros da equipe estão trabalhando no home office:
O trabalhador, em média, começa a trabalhar às 8h32 e termina às 17h38;
- Terça, quarta e quinta-feira são os dias mais produtivos, nessa ordem;
- Ligações telefônicas aumentaram 230%;
- A atividade de CRM aumentou 176%
- O e-mail subiu 57% e o chat subiu 9%.
Um aumento de mais de 20% na produtividade foi a conclusão de um estudo de Stanford que monitorou cerca de 500 funcionários na maioragência de viagens da China, a Ctrip, por dois anos. O mesmo estudo, porém, apontou que após o período experimental de home office, metade dos trabalhadores decidiu voltar ao escritório. Isso num cenário normal, sem pandemia.
Os mais jovens, com idade entre 16 e 29 anos, são os mais propensos a querer trabalhar em casa, de acordo com estudo da Polycom, de 2017, que entrevistou 24 mil pessoas em 12 países. Os jovens funcionários apontaram o aumento da produtividade como o principal motivo paraadotar o home office.
No mesmo ano, os pesquisadores britânicos Alan Felstead e Golo Henseke avaliaram os impactos do trabalho remoto, usando pesquisas em grandeescala, e reuniram boas evidências de uma relação positiva entre home office e produtividade.
Eles concluíram que o home office reduz a tensão do trabalho pressionado pelo tempo e permite que os funcionários trabalhem melhor em circunstâncias pessoais (como a necessidade de estar em casa com um filho doente, por exemplo). Além disso, o estudo mostrou trabalhadores maissatisfeitos no home office, mais comprometidos com seu empregador e com maior disposição para ir além dos requisitos de suas funções.
Por outro lado, a mesma pesquisa apontou como impacto negativo a dificuldade de desligar (ou desconectar) e relaxar no fim do dia, justamente.alguns pontos que podem influenciar na produtividade.
No cenário da pandemia do novo coronavírus, uma pesquisa da unidade brasileira da consultoria global KPMG perguntou a 722 empresários de todo o Brasil qual foi o impacto do home office na produtividade dos funcionários. Para a maioria (83,52%), ela se manteve igual ou cresceu.
Para 49,58% dos entrevistados, o trabalho remoto não teve nenhum impacto e a produtividade se manteve; para 24,52%, a produtividade aumentou em até 20%; e para 9,42% dos respondentes, aumentou mais de 20%. Houve diminuição de até 20% da produtividade para 10,80% dos entrevistados, e para apenas 5,65%, ela diminuiu mais de 20%.
Cerca de 94% das empresas brasileiras afirmam que atingiram ou superaram suas expectativas de resultados com o home office, segundo a “Pesquisa de Gestão de Pessoas na Crise de Covid-19”, realizada pela Fundação Instituto de Administração (FIA), em abril de 2020, com 139 empresas brasileiras de grande, médio e pequeno porte.
Para Nicholas Bloom, professor do Departamento de Economia da Universidade de Stanford e codiretor do programa Produtividade, Inovação e Empreendedorismo do National Bureau of Economic Research, o que está acontecendo hoje é muito diferente do sucesso da Ctrip devido a quatro fatores: filhos, espaço, privacidade e escolha.
Conversando com dezenas de CEOs, gerentes seniores e formuladores de políticas sobre o futuro do trabalho, ele reuniu dados que mostram que para muitos profissionais, trabalhar em casa foi um desastre de produtividade. Isso se deu, entre outros motivos, por causa da falta de um local apropriado ao trabalho em casa (como um quarto preparado para isso) e a presença de filhos na rotina de trabalho.
Além disso, em um estudo conduzido por Nicholas Bloom com o Federal Reserve de Atlanta e a Universidade de Chicago, apenas 65% dosamericanos relataram ter capacidade de Internet rápida o suficiente para suportar chamadas de vídeo viáveis. Realidade que no Brasil é mais agravante.
Na pesquisa do professor da Universidade de Stanford, 50% dos entrevistados, a maioria gerentes, profissionais e trabalhadores da área financeira que podem realizar suas atividades em computadores, relataram ser capazes de trabalhar em casa com uma taxa de eficiência de 80% ou mais. Os outros têm uma internet tão ruim em casa, ou nenhuma, que impede o home office eficaz.
Um ponto positivo e inegável, segundo Bloom, é que o estigma do home office evaporou. Se antes empresários e chefes não tinham confiança no trabalho remoto, a pandemia mostrou que ele é possível e que pode ser eficaz, com bons resultados de produtividade e lucros.
A experiência tem mostrado que empresas que incentivam uma cultura que valoriza o descanso e não espera que seus funcionários estejam “sempre ligados” apenas porque estão em casa conseguem tornar seus trabalhadores melhores no trabalho.
O equilíbrio da vida profissional e pessoal, um espaço confortável e especialmente configurado para o trabalho em casa, limites definidos, pausas estratégicas e horários para interação da equipe são alguns pontos que caracterizam funcionários e empresas que conseguem maximizar a produtividade de forma inovadora e surpreendente.
Kleber Wedemann, do SAS, ressalta que o home office fez com que as empresas se conectassem ainda mais e quanto mais pessoas em rede, maisdados são gerados. De acordo com ele, esses dados são importantes para a tomada de decisão nos negócios. Possuir uma análise qualitativa e quantitativa é essencial para que os gestores tenham a visão do todo da gestão dos funcionários no modelo remoto.
“Gestores precisam acompanhar o desempenho da equipe e o RH precisa pensar num plano de carreiras digital. E, o SAS tem as melhores ferramentas para a análise de dados, o que fez que para nós esse movimento fosse mais tranquilo. Antes da pandemia, já poderíamos fazer home office”
– Kleber Wedemann, Marketing Director Latin America & Caribbean | SAS.
Esse artigo faz parte da nossa Special Edition Home Office: Work Anywhere
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