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Em 2022, o Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA, utilizou a tecnologia de gêmeos digitais. O modelo foi capaz de rastrear 800 milhões de pontos de dados, permitindo a operação de instrumentos complexos e revelando mais sobre o universo.
A tecnologia em si não é novidade. Desde 2002, quando surgiu, os gêmeos digitais possuem alto poder de transformar processos em diversos setores, prevendo virtualmente riscos e monitorando o desempenho de diferentes ativos, sistemas e processos no mundo físico.
No podcast MIT Technology Review desta semana, Carlos Aros e Rafael Coimbra desvendam mais sobre a tecnologia e de que maneira a implementação dela se integra a outras inovações, como a Inteligência Artificial.
Este podcast é um oferecimento do SAS.
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[CARLOS AROS]
Olá, eu sou Carlos Aros e esse é o podcast da MIT Technology Review Brasil. Esse podcast, você sabe, é apresentado pelo SAS. Comigo hoje aqui está ele, Rafael Coimbra. Tudo bem, meu amigo?
[RAFAEL COIMBRA]
Tudo ótimo, Aros.
[CARLOS AROS]
Ô Rafa, a gente está acompanhando uma série de tendências aí no mundo digital e a gente tem listada, entre as inúmeras, os “Digital Twins” ou os gêmeos digitais, que não são uma novidade, já estão há bastante tempo sendo explorados mas a cada novo ano, ganham novas perspectivas, se desdobram em novas possibilidades e mais mercados vão abraçando essa tecnologia.
E aí, agora, a gente tem um histórico da utilização disso, dessa tecnologia, para que alguns cientistas a utilizem, por exemplo, para emular um telescópio tão complexo como o o James Webb, o telescópio espacial da NASA. E a gente sabe que a ciência espacial é uma ciência absolutamente complexa, não só do ponto de vista da operação, mas as cifras envolvidas para conseguir mandar as sondas e para conseguir viabilizar a captação das informações que esses cientistas precisam para poder desenvolver os projetos e os trabalhos. E aí, o que a gente tem dentro do processo com Digital Twins é a utilização deles para emular o que seria o telescópio, ajudar na tradução dos dados e fazer a simulação das informações e dos modelos para conseguir alcançar resultados com um esforço, entre aspas, menor do que o do envio do telescópio ou da capacidade de processamento que seria necessária para conseguir gerar as informações com o telescópio.
A história é muito interessante e revela o potencial dessa tecnologia. Eu queria…E aí, o detalhe: é uma réplica em escala real, vamos dizer assim, de uma ferramenta complexa, a enésima potência, como o James Web.
Eu queria te ouvir sobre isso, Rafa. A gente já mandou os Digital Twins para o espaço. Qual é a próxima fronteira?
[RAFAEL COIMBRA]
Tem muita coisa ainda pra acontecer. Porque, como você falou, esse conceito de gêmeo digital, como o nome diz e pra colocar todo mundo aqui na mesma página, é uma representação virtual de um objeto físico que pode ser um objeto pequenininho e pode ser, como você falou, um super telescópio espacial. O importante é a gente entender que esse processo de gêmeos digitais ele pode ser feito, primeiro, a partir de uma simulação em computador. Então você desenha o que você quer em 3D no computador e simula, por exemplo, como vai ser esse objeto no mundo real e, depois dessas simulações, você constrói esse objeto físico. Mas o inverso também é interessante. Então, no caso do James Web, ele está agora lá ha milhares de milhões de quilômetros da Terra e aqueles sensores que ficam dispostos no telescópio, que antes essas informações vinham de uma maneira mais rudimentar, não visual, então chegam aqui nas estações da NASA a informação codificada, em número, em planilha, em Excel. Mas agora esses dados, quando chegam nos computadores da NASA, por haver esse gêmeo digital, você consegue ter uma representação como se tivesse uma câmera em alta definição lá no James Webb monitorando e filmando o em torno dele. Mas não é o que chega aqui. O que chega aqui são dados que são transformados nessa representação visual em 3D. Então é muito mais interessante para um cientista que está fazendo a manutenção, por exemplo, do equipamento, ele enxergar que está acontecendo em tempo real a partir de um modelo visual. Você roda o telescópio pra cá, roda pra lá e vê o que está acontecendo, em vez de chegar num dado da temperatura numa parte tal da peça está elevada. Antigamente devis chegar aqui uma informação, sei lá, mais um, -1 ou um bip alertando um problema. Hoje eu imagino que você consiga ver o telescópio e, sei lá, a parte que está mais quente ali, apareça mais vermelho, por exemplo. To especulando aqui. Mas é muito mais interessante você ter esse gêmeo digital do que você trabalhar com, como eu falei, planilhas e números.
Então as aplicações, Aros, elas são diversas. A gente tem hoje na indústria pesada esse termo, como você falou, Digital Twins, surgiu lá em 2002 e tinha um cara, chamado Michael Grieves, que pesquisava sobre a indústria pesada. Então hoje existem, vou dar exemplos aqui, montadoras de carro e de avião que…Imagina você construir um avião, o trabalho que esse troço dá. Imagina você construir um carro? São objetos grandes, pesados, que exigem ali que você teste a aerodinâmica, a tração, uma série de fatores físicos. E a gente conhece as leis da física. Então, quando você consegue colocar isso tudo num sistema, num simulador, você consegue fazer vários carros ou partes de carro ou de avião, testar aos olhos do que aconteceria no mundo físico para só então você produzir. Você não vai gastar dinheiro construindo 50 mil partes de avião. Você vai construir aquela que o computador, depois de muito teste, está te dizendo “olha, essa aqui é a melhor coisa a ser feita.” E bvio que isso só é possível ser feito hoje, Aros, porque a gente tem muito mais poder de computação. A gente tem placas gráficas, temos partes especializadas de computadores, não só na parte física, quanto também de programação, que permitem com que essas simulações elas aconteçam em larga escala, com uma grande quantidade de dados. Então tanto esses dados que são coletados…Vou dar outro exemplo aqui, tem a empresa de energia dos ventos. Aquelas grandes turbinas ficam rodando e você tem que saber o que está acontecendo lá. Você colocar uma pessoa para fazer o monitoramento daquilo ali no local é muito mais arriscado, primeiro, e muito mais custoso, muito mais trabalhoso. Se você enche aquelas pás que estão rodando ali com o vento de sensores, é possível que você tenha lá num centro, numa sala de controle no ar condicionado segura, no computador, a representação visual daquela turbina. Aí você vai entender: opa, está na hora de trocar um parafuso. Está na hora de fazer uma manutenção aqui, colocar o óleo onde é preciso. Porque os sensores vão te dar uma representação em tempo real do que está acontecendo. Esse poder novo de computação, somado, para finalizar, à conectividade, porque hoje a gente tem da internet 5G à internet por satélite, que fazem com que esse sistema todo ele rode de uma maneira muito melhor do que acontecia no passado.
[CARLOS AROS]
Rafa, agora é interessante, quando a gente pega a amplitude das possibilidades que envolvem os gêmeos digitais, por exemplo, na área da saúde, se a gente pensar em biotecnologia e tal. Hoje, o digital twin é usado para fazer predição e estabelecer condutas para tratamentos em pacientes pelo risco de dano que se pode causar à saúde de alguém a partir de erros com base na aplicação de medicamentos e aquela questão toda. Quando a gente pensa na segurança cibernética, amplamente utilizada para também criar ambientes confinados para exercitar modelos com uma larga margem de possibilidade e que não vão interferir no processo e gerar vulnerabilidade para o serviço que está em andamento.
A gente vê agora esse caso envolvendo pesquisa espacial e tal. Ou seja, são inúmeros setores e inúmeras possibilidades e por mais que a gente tenha mais de duas décadas de aprimoramento dessa tecnologia, ainda está restrito ao uso em alta complexidade. Mas eu imagino que a gente pode chegar em algum momento ou caminho para chegar o momento em que o Digital Twin esteja acessível a cenários menos complexos, mas em que para os quais também vai oferecer redução de custo e maior eficiência. Você imagina isso também ou não? Você acha que continua sendo uma solução para cenários altamente complexos?
[Rafael Coimbra]
A gente vai ter as duas coisas, Aros. Eu acho que em termos de cenários complexos, existe um campo muito grande, por exemplo, para simulação de mudanças climáticas. É algo que a gente tem discutido muito aqui. Então a gente precisa, por exemplo, prever…É muito difícil você prever hoje clima, mas eu imagino que, juntamente com a inteligência artificial, é possível que a gente em algum momento tenha quase que um gêmeo digital da Terra. O que está acontecendo…Você imagina a quantidade de informação que você tem que capturar de vários locais do mundo para você ter uma noção do que está acontecendo em termos de movimento de correntes marítimas e ventos no mundo inteiro? Então, eu imagino que essa seja uma área que vai demandar mais dados, mais complexidade, mas a gente tem uma grande potencialidade para chegar lá.
Um outro campo ainda não explorado em termos de gêmeos digitais, é o campo quântico. É a gente entender o que está acontecendo no mundo subatômico. Então existe, primeiro, a necessidade de a gente ter mais computadores quânticos capazes de estarem acessíveis a pesquisadores mas quando a gente começar a entender melhor o mundo quântico, usar soluções quânticas combinados aos gêmeos digitais, também vejo aí um outro motor de potencialidade.
E para fechar esse campo da complexidade e depois entrar na simplicidade, existe, e isso já está acontecendo, um movimento muito forte no campo da biotecnologia. Por exemplo, vou citar aqui o projeto AlphaFold, do The Mind lá ligado ao Google, em que existem simulações de proteínas. O que a máquina faz é tentar encontrar novas formas, novas fórmulas químicas, também tem muita relação com um mundo pequenininho, invisível aos olhos humanos, mas que a máquina consegue, por ter essa capacidade de processamento muito grande, encontrar novas soluções. E aí o que aparece, obviamente para a tela do pesquisador, é algo parecido como o gêmeo digital, é uma nova estrutura química biológica que vai estar ali na frente dele e ele vai desenvolver, por exemplo, novos medicamentos. Isso é o que? Isso é o mundo complexo que está sendo construído a partir de agora com gêmeos digitais, inteligência artificial e supercomputadores.
Para o mundo simples, Aros, a gente vai começar a ver – você falou aí de saúde – e a gente já tem uma coisa incipiente ainda, que é uma questão de saúde pessoal. Imagina que a gente poderá ter um dia um gêmeo digital nosso. Na verdade, a gente já tem um pouco disso. Você tem hoje, sei lá, um smartphone, um reloginho inteligente que monitora seu batimento cardíaco, monitora o seu sono, no fundo, aquilo ali é uma parte da representação de como funciona o seu sistema biológico. Outro exemplo agora, a Samsung acabou de lançar um relógio inteligente que tem ali uma série de sensores. É mais ou menos o que acontece com o relógio, mas em forma de anel. Quando você começa a combinar essas tecnologias, e daqui a pouco…A gente tem ouvido falar muito dos implantes cerebrais, la do Elon Musk, que são invasivos, que você coloca um chip dentro do cérebro, que se comunica Wi-Fi com aparelhos externos. Mas antes mesmo disso, a gente começa a ter outros wearables que monitoram a nossa atividade cerebral, por exemplo. Isso tudo vai fazer com que a gente tenha uma representação digital. Não vai ser estranho em algum momento mais pra frente, isso não vai ser de uma hora para outra mas eu acredito que gente vai chegar lá, o médico de um determinado paciente – óbvio que guardadas as seguranças de dados, porque são dados sensíveis – mas eu não acharia estranho o médico ter na palma da mão dele, lá no smartphone, uma representação dos pacientes, os gêmeos digitais de paciente. Ele está monitorando à distância esse paciente: opa, subiu a pressão da dona Fulana. Opa, o seu fulaninho ali agora apitou aqui. O gêmeo digital dele está indicando, prevendo, que é a outra função interessante dos gêmeos digitais: pelo comportamento passado, está prevendo que o seu João vai infartar. Vou mandar ele agora para o hospital direto para o setor lá de emergência. Então eu imagino que nós também, de alguma maneira, teremos os nossos gêmeos digitais. Claro que a gente pode pensar em outras especulações mais ficção científica que já tem, inclusive, acontecido. Tem gente criando como se fosse um gêmeo digital de pessoas mortas.Você emula ali e você coloca um monte de informação e cria um avatar, um gêmeo digital. Portanto, é como se fosse uma pessoa que já faleceu. Você consegue conversar com ela, interagir com ela como se ela tivesse viva ali, pelo menos na representação virtual.
Então existe uma gama de cenários que a gente vai, com certeza, interagir de uma forma mais empresarial e profissional e outros mais pessoais, com os gêmeos digitais.
[CARLOS AROS]
E a indústria de materiais é um outro setor que também se beneficia bastante porque tem um custo grande envolvido para fazer teste e prototipagem, e trabalhar com cenários em que você vai testar modelos de desgaste. Sei lá, pensando em construção civil ou mesmo máquinas pesadas e tal, como é que você testa o desgaste? Como é que você vai avaliar a pressão sobre determinados aparelhos e etc? O gêmeo digital emula tudo isso e reduz sensivelmente o custo de produção. Então, lá na frente a gente está falando, em todos esses segmentos, reduzir a conta na ponta para o consumidor. A gente diretamente não consegue falar sobre isso quando pensa, por exemplo, na pesquisa espacial ou na defesa, por exemplo, como o caso do governo americano, que usa muito para o setor de defesa, mas na linha fina, lá, quando a gente olha, é uma redução de custo que se reverte em onerar menos o contribuinte. Para um produto que é comprado, ele pode custar menos lá na ponta a partir do processo de desenvolvimento dele, que foi menos custoso. Ou seja, então um benefício também econômico importante a partir dos modelos digitais, né?
[RAFAEL COIMBRA]
É. E impacto ambiental né, Aros. Você estava falando aí de economizar tempo e dinheiro e, no fundo, a gente também está economizando material. Imagina a quantidade de impacto que é causado a cada vez que você tenta construir alguma coisa e se alguma coisa deu errado, você joga fora. Mas veja o custo de energia e de materiais. Tudo isso tem impacto ambiental. Então, hoje, existem, só para dar um outro exemplo, cenários como se fossem – como vou dizer? – que são mundos virtuais. Você entra numa fábrica virtual, você entra naquela representação e em vez você construir um galpão gigantesco e ir lá fazer os testes, a pessoa entra num…É quase que RealPlayer One, o filme, ou Matrix, que você entra em um ambiente totalmente imersivo que simula as condições reais. Novamente, para que a gente consiga fazer essa essa virtualização do mundo real, antes a gente precisa entender como esse mundo real é. Então é importante que a gente pense no desenvolvimento científico porque quanto mais compreensão do mundo físico a gente tem, mais a gente consegue traduzir e transformar esse mundo físico em instruções para que o computador reproduza aquilo ali da maneira mais precisa possível.
E um outro tema que eu acho interessante gêmeos digitais, Aros, é a combinação dessa representação com a automação. E mais do que uma automação que hoje é coordenada por pessoas, que eu dei alguns exemplos aqui, mas a máquina, em algum momento, começar a ter poder de decisão. Por exemplo, imagina hoje existem profissionais de petróleo que trabalham já com gêmeos digitais e tem lá uma plataforma há algumas dezenas de quilômetros da costa. A pessoa, hoje, tem engenheiro de plataforma que está monitorando, fazendo manutenção naquela plataforma de petróleo mas eventualmente, em alguns casos, já dá para você fazer essa operação toda remota daqui. Tem o gêmeo digital dao plataforma toda sensorizada, cheia de câmera e a pessoa aqui comandando o que está acontecendo offshore. Isso ainda é feito sob intervenção humana mas eu imagino também que, em algum momento, essas máquinas vão ter tanto poder de aprendizado sobre esse mundo físico, combinado com tudo o que ela vai acumulando de conhecimento e se estudando, que em algum momento o humano vai ficar mais supervisor ainda e vai deixar com que as próprias máquinas ou os próprios gêmeos digitais acionem e controlem as suas representações físicas à distância. Eles vão ser capazes de, obviamente em situações seguras e controladas, quando isso tudo estiver muito mais estabelecido, vão ser capazes de tomar providências: preciso fechar a porta A. Preciso desligar o interruptor B. Preciso enviar uma peça de manutenção porque daqui há uma semana aquele pedaço ali vai parar. Isso também vai ser algo que vai, dentro dessa previsibilidade, economizar tempo, dinheiro e recursos naturais.
[CARLOS AROS]
A gente pode dizer, sem medo de errar, que ainda trataremos muito de temas relacionados a gêmeos digitais aqui neste podcast e eu faço a forte recomendação para que você acesse lá a mittechreview.com.br. A gente tem uma porção de artigos, em quase todos os nossos tópicos, que se correlacionam com gêmeos digitais.
Porque é isso, existe uma abrangência muito grande no que essa tecnologia pode oferecer como resultado e o Rafa trouxe isso aqui, a gente discutiu isso aqui. Lá tem alguns casos de aplicações e algumas análises que passam pelo papel preponderante dos gêmeos digitais para o mundo digital hoje em dia.
Mas Rafa, para a gente virar a página aqui, o que você está olhando aí e que devemos ficar atentos para os próximos dias.
[VINHETA DO QUADRO]
[RAFAEL COIMBRA]
Estou olhando, Aros, os números de algumas redes que saíram e aí tem uma briga mais direta entre o X, o antigo Twitter, e o Threads da Meta porque o Twitter veio com alguns números mostrando a base de usuários ativos mensais. São hoje 570 milhões de pessoas que entram no X mensalmente. Isso foi um crescimento, no segundo trimestre desse ano, de 6% se comparado ao ano passado neste mesmo período. E dos usuários que entram todos os dias, os chamados “usuários diários ativos”, são hoje 251 milhões de pessoas que acessam o Twitter diariamente.
Aí você pode estar pensando: po, teve um crescimento aí, no caso dos dois diários, de 1,6% em relação ao mesmo período o ano passado e o dos mensais de 6%. Tá, a plataforma vai bem, obrigado. Não. Se a gente pegar e comparar o período antes do Elon Musk ter comprado o Twitter, que foi em outubro de 2022, o crescimento era muito maior. Para dar o exemplo, o último número que tem desse período, que é do segundo tri de 2022, o crescimento do Twitter foi de 33,8%. Então, hoje está muito, muito, muito, muito, muito abaixo do que a expectativa. O Elon Musk, a gente acompanhou esses últimos anos, vem fazendo uma série de mudanças, brigou aí com alguns anunciantes, e o fato é que hoje a empresa vale entre 60 a 70 por cento a menos do que quando ele comprou.
Já a Thread da Meta também já está fazendo um ano. Lembrando que é como se fosse o Twitter lá da Meta, do Facebook. Eles levaram uma vantagem porque para você fazer uma conta no Threads era basicamente você dar uma autorização da sua conta lá do Instagram e o fato é que não acho que vá tão bem, mas os números, eles são números que impressionam se comparado a esse primeiro ano. Então a Meta anunciou que o Threads já está com 28 milhões de usuários ativos diários e 175 milhões de usuários ativos mensais. Não é nada, não é nada, mas para um primeiro ano é até um bom desempenho para uma empresa que está querendo dominar o mundo das redes sociais. Lembrando que tem o Facebook, tem Instagram, tem WhatsApp e tem Threads, então é um grande conglomerado.
Eu não levo tanta fé no Threats, mas os números mostram que a briga é boa. Eu estou mais preocupado com o X, o Twitter, porque se continuar assim, a não ser que o Elon Musk tenha aí uma engenharia para financiar e seguir financiando a plataforma, ela começa a perigar no sentido de grana, não de usuários. Teve um crescimento pequenininho não tão significativo mas a gente tem que ficar de olho no X.
Seria uma grande perda, apesar de ser uma plataforma que é muito menor do que, por exemplo, um Facebook da vida, é uma plataforma ruidosa, porém importante. A gente sabe que autoridades muitas vezes se posicionam, as primeiras declarações surgem ali no X e é importante que essa plataforma siga viva para melhorar a concorrência e termos mais opções de redes sociais.
E você, Carlos Aros, está de olho em quê?
[CARLOS AROS]
Rafa, estou de olho em um movimento interessante, provocador, eu diria, de uma empresa chamada ColmeIA. É uma plataforma que oferece serviços e soluções focada em atendimento ao cliente, experiência do cliente. Então, desde a mensageria, até funil de vendas para automação de carteira de clientes, geração de lead, de marketing também, com esse objetivo de fazer a conversão da relação com o cliente em multicanais. Tudo isso com base em inteligência artificial, um modelo de inteligência artificial que é trabalhado por essa empresa. Não à toa, ColmeIA, de inteligência artificial. Eles tem dentro dessa gama de serviços que eles oferecem em vários setores: saúde, educação, serviços financeiros, setor de logística para atendimento via WhatsApp, varejo também com multicanais, enfim. Tudo isso com base em inteligência artificial.
Esses caras dizem o seguinte, que eles conseguem entregar dez vezes mais rápido do que qualquer outro player do mercado as soluções, então, não só a entrega da solução, mas a implementação do projeto digital. E aí, projetos que têm, é importante destacar, a inteligência artificial, que inclui a IA generativa, para poder fazer com que essa estratégia de posicionar o cliente junto ao consumidor dele, de maneira efetiva, gerando resultado para a empresa, com capacidade de ter não só o bot ali para fazer o atendimento, mas um modelo híbrido. Eu posso ter o bot, posso ter uma pessoa fazendo esse atendimento, mas eu vou ter isso com segurança, vou poder trabalhar o marketing dentro desse processo, vou poder fazer a ativação disso, dos pedidos dentro do CRM, usando os bots. Enfim, tudo integrado.
E aí, o que a Colmeia está propondo? Lançaram para o mercado um desafio que vai envolver as empresas e dividir com as empresas o seguinte: olha, a gente quer mostrar que nós entregamos em cinco dias e que a concorrência vai entregar, se entregar, em 50 dias. E aí, o que eles propõem? Eles propõe cinco passos para que esse desafio seja alcançado. O primeiro deles é a definição do business case. O que a empresa quer? O que é preciso ser gerenciado ali dentro para essa solução, para essa plataforma que a ColmeIA vai plugar? Ah, a gente precisa olhar o BI e ter informações em tempo real. A gente precisa poder cruzar os dados da empresa com dados de atendimento para poder melhorar a performance…Enfim, é o que eles estão propondo: um caso para ser trabalhado.
Segundo, esse projeto precisa ser feito a quatro mãos. A empresa dentro de casa precisa estar engajada e envolvida para poder entregar isso em cinco dias. Não é um movimento que acontece só de maneira única e unilateral pela ColmeIA. E aí, convidar outros players do mercado. O que eles dizem é o seguinte, fazemos dez vezes mais rápido, então a conta ColmeIA é: eles fazem em cinco dias. A concorrência tem 50 dias para entregar. Todo mundo começa no mesmo ponto, mas a ColmeIA termina em cinco dias e a concorrência tem 50 dias, até 50 dias para terminar, o mesmo escopo para todo mundo. Depois vem a apresentação executiva, avaliação desses casos e aí, ao final disso, o cliente tem ali a possibilidade de fechar o negócio. Ele vai escolher a melhor tecnologia de atendimento digital, aquela que atende melhor o resultado para ele e vai poder fechar o negócio com que mais bem atende o serviço que a empresa está buscando para otimizar a relação com o cliente e a gestão interna do negócio.
E o mais legal é o seguinte, a ColmeIA propõe esse desafio não para todos os clientes, tem uma inscrição ali. Você precisa candidatar a empresa para a ColmeIA poder atender isso e poder fazer essa disputa com os outros players. É um desconforto, óbvio, para o mercado, porque eles estão propondo um modelo muito mais ágil do que, talvez, a média para fazer a entrega de soluções que são soluções que precisam de diagnóstico, que precisam de uma integração com a companhia, que precisa engajar várias áreas. Não é isoladamente a área de vendas, mas que tem toda uma cauda longa dentro da organização e etc.
Achei interessante, Rafa, a provocação deles, primeiro, porque a gente sabe que Customer Experience é um tema central hoje para qualquer negócio. Não à toa, nós discutimos esse assunto no Innovative Workplaces há duas semanas, falamos sobre esse tema. Porque é essa a maneira como se dá a relação com os clientes e como a empresa traz isso para o centro do negócio. É determinante também para o sucesso da organização. Então, ele é o tema que é cada vez mais central. Primeiro, porque não é estanque. O cliente muda o tempo todo, novas soluções chegam, novos hábitos de consumo são desenvolvidos, tem novas plataformas, enfim, é um ambiente complexo. É claro que você precisa de soluções que atendam a tudo isso. E aí o Desafio da ColmeIA está aberto. Tem a possibilidade de saber mais lá, acessando colmeia.cx e aí fazer contato, pedir temas…Enfim, tem toda uma gama de soluções para conhecer mais a empresa, mas eles devem lançar mais informações sobre essa competição, sobre esse desafio nas redes sociais. Então vale ficar atento ao que eles estão lançando para a gente poder saber se alguém vai querer e vai conseguir entregar com o mesmo nível de resultado que eles prometem, é importante dizer, dentro dos 50 dias essas soluções.
O mercado criando desconforto, Rafa Coimbra. É isso que a gente precisa ficar atento, cutucar a concorrência. Isso é legal.
[RAFAEL COIMBRA]
Boa!
[CARLOS AROS]
Ô Rafael Coimbra, André Micelli volta na semana que vem, então eu e você temos o compromisso de estarmos aqui também na próxima semana, no podcast da MIT Technology Review Brasil.
Um abraço para você, Rafa.
[RAFAEL COIMBRA]
Estaremos todos juntos, Aros. Um abraço para você e para o André que está nos ouvindo e para todo mundo também que está nos acompanhando nesse episódio.
Até a semana que vem!
[CARLOS AROS]
É isso. Um abraço para você que nos acompanha, com a forte recomendação de que você fique conosco no mittechreview.com.br/assine para você estar dentro do nosso ecossistema e isso é o mais importante. Tem conteúdo a beça, experiências, eventos, enfim. É um ecossistema muito, muito completo para você saber tudo que rola no mundo da tecnologia, dos negócios e a gente conectando tudo isso para você.
Um grande abraço!
Eu gosto de dizer sempre, este podcast é apresentado pelo SAS, nosso parceiro desde sempre.
Um grande abraço. Até semana que vem. Tchau, tchau.
[VINHETA FINAL]