O ceticismo da população e de alguns governantes, de modo geral, em relação a vacinas, tem pressionado os pesquisadores de várias partes do mundo. A avaliação é de Mat Honan, editor chefe da MIT Technology Review americana.
Protagonista do painel “Impacto global da biotecnologia”, Mat foi recebido no primeiro debate desta terça-feira (30), segundo dia do Em Tech Brasil. Ele destacou que houve uma mudança no cenário, especialmente nos Estados Unidos, da época da pandemia da Covid-19 para a atualidade.
“Na primeira administração do [presidente dos Estados Unidos, Donald] Trump, operações para viabilizar a vacina foram aceleradas para COVID. Agora, o público não está tão preocupado com a ciência. Isso causa muita pressão nas empresas que estão desenvolvendo pesquisa”, disse. Honan reforçou, ainda, que não é possível ter incentivos para pesquisas apenas em situações de emergências. “O problema é político. A ciência não tem que ser deixada para trás porque não temos um problema no momento”.
Ele destacou, por exemplo, que já existem avanços em uma vacina de RNA mensageiro contra o câncer. “Mas eles não querem usar a palavra vacina para descrever, querem usar a palavra tratamento, já que em alguns lugares dos EUA a vacina se tornou um problema controverso. Apesar das evidências mostrarem eficácia, parte da sociedade tem visão diferente”, explicou.
“Esse ceticismo das pessoas sobre vacinas é baseado em entendimentos errôneos sobre efeitos adversos. Espero que esse clima político seja revertido antes que seja tarde demais”, finalizou.
O editor-chefe da Technology Review também falou sobre a importância de a ciência caminhar de forma atrelada ao impacto social e a possibilidade de comercialização desses produtos. Para Mat Honan, as inovações precisam de um cálculo do quanto irão conseguir beneficiar a vida das pessoas. Isso demanda criatividade, trabalho duro, experimentos. Até encontrar um caminho”, disse, destacando que “a maioria dessas tecnologias precisam de apoio institucional. Precisa ser algo viável comercialmente”.
Ele explicou que a diferença entre uma invenção e uma inovação está exatamente nessa capacidade de alcance. “A invenção, quando é transformada em algo comercializado, como as vacinas, aí ela vira uma inovação. É preciso primeiro a descobrir tecnologia, aí llevar a comercialização, depois, chegar a muitas pessoas. Aí sim temos uma inovação”, finalizou.