Com energia e matriz verde de sobra, Brasil pode ser novo polo de Data Centers, avaliam CEOs
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Com energia e matriz verde de sobra, Brasil pode ser novo polo de Data Centers, avaliam CEOs

O Brasil pode se tornar um novo polo de Data centers global se fizer a lição de casa. Essa é a avaliação de Hudson Mendonça, CEO da Energy Summit, e Alessandro Lombardi, presidente da Elea Data Centers. Os dois estiveram no painel “Data Centers, IA e Fontes de Energia para Alimentar a Economia Digital” do EmTech Brasil nesta segunda-feira (29).

Para Hudson, neste momento, o Brasil está diante de “uma oportunidade que poucas vezes vimos o país ter”. Atualmente, o Brasil possui 90% da matriz energética limpa, enquanto a média mundial está em 30%. “Ou seja: temos três vezes mais [do que os outros países]. E com espaço infinito para crescer. Temos sol, vento, biomassa… até petróleo e gás. Estamos em uma posição privilegiada”, avalia, destacando que pode ser o momento de o país se posicionar como o grande “hardware da Inteligência Artificial”.

Questionados sobre um eventual receio de o Brasil perder essa oportunidade, o CEO do Energy Summit demonstrou preocupação. Já Alessandro Lombardi avaliou o cenário de forma mais otimista, destacando uma Medida Provisória assinada recentemente pelo presidente Lula.

No dia 17 de setembro, o governo federal publicou Medida Provisória que cria o Regime Especial de Tributação para Serviços de Data Center no Brasil, o Redata. O programa faz parte da Política Nacional de Data Centers (PNDC) e prevê a isenção de impostos sobre equipamentos importados e a exportação de serviços do setor.

A partir disso, para o presidente da Elea Data Centers, é “difícil que o Brasil perca o bonde”. “Recentemente o presidente Donald Trump foi para Arábia Saudita fazer negócios, a Amazon assinou com a Nova Zelândia porque eles têm energia. Até agora, não se pensava no Brasil para esse tipo de negócio por conta do arcabouço tributário aqui”, destacou. “Com a MP, que vai zerar imposto para os produtos que vão para o Data Center, a trajetória pode mudar. Tínhamos 86% de custo Brasil. Agora, o Brasil vai virar o menos caro”, disse.

Para Hudson, é possível ver com otimismo a regulação dos Data Centers no país. “É possível ver um alinhamento na esfera governamental. União, estados e municípios têm um entendimento claro. Regulação é mexer com o bolso de negócios grandes e com pessoas. É difícil, mas a urgência dos Data Centers como grande oportunidade conseguiu formar consenso rápido”, disse, destacando especialmente o Rio de Janeiro.

O estado com maior peso na economia nacional, no entanto, pode perder essa corrida, na avaliação dos executivos, com o investimento em Data Centers em São Paulo sob risco por falta de infraestrutura. “O estado precisa de um leilão para dobrar capacidade de transmissão de energia. Não tem mais energia. 70% dos dados latino-americanos estão aqui, o que causou um esgotamento. Já o Rio de Janeiro ainda tem muita energia disponível”, explicou Alessandro. O executivo também ressaltou a importância da criação de Data Centers sustentáveis para que o Brasil possa se firmar como polo acima de países concorrentes, como a Índia.

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