A Inteligência Artificial já atinge grande parte da população e está, em grande parte, democratizada — mas os humanos ainda não sabem exatamente como usá-la nas mais diversas possibilidades. Essa foi uma das conclusões do painel “Além dos LLMs: rompendo fronteiras da Inteligência Artificial”, que reuniu representantes de grandes empresas no EmTech Brasil 2025.
Para Roger Spitz, Chair do Disruptive Futures Institute, “o desafio não é a democratização da IA, e sim a aplicação. Como vamos aplicar em serviços de saúde, educação?”. Ele questiona se os humanos já confiam em si mesmos o bastante para entender e dominar grandes tecnologias, como a própria Inteligência Artificial.
“Sempre vamos ter dualidade entre o que é ou não relevante para continuar usando humanos. Não há dúvida sobre o poder da tecnologia, que as vezes é até miraculosa. Mas precisamos saber se os humanos estão delegando decisões para máquinas, e se elas estão aptas a isso. Máquinas não serão tão úteis quanto pensamos, principalmente em ambientes complexos e não lineares”, afirmou.
Marcelle Paiva, Vice-President of the Data & AI HUB da Oracle, compartilhou visão similar. Para ela, ainda há dificuldade para as pessoas entenderem, principalmente no ambiente de negócios, como agir da melhor maneira com a Inteligência Artificial. “Todo mundo foi incluído na IA. Mas qual o problema real de negócios? Como trazer para os nossos negócios?”, questionou. Marcelle destacou que é preciso saber utilizar os dados de determinada empresa a favor do próprio trabalho, não necessariamente apenas procurando respostas ou lacunas.
“O que precisamos entender é como alavancar nossos próprios dados para habilitar novos negócios”, destacou.
Ambos compartilham a visão de que a palavra do momento é adaptação. Considerando que os humanos já têm muitos recursos disponíveis, inclusive tecnológicos, os desafios seguem em melhorar estruturas que não estão adaptadas a esse novo mundo avançado na IA.
Para a melhoria dessas estruturas, Beatriz Ferrareto, Partner & Chief of Business Development da WideLabs, acredita na importância de sistemas que tenham “a cara do Brasil”. “Em termos de protocolos de saúde, financeiros. E em termos de dados. Precisamos ter soberania de dados. Dados brasileiros precisam ficar no Brasil, não sob regulação de outro país”, disse.