Diferente do que pode pensar o grande público, o agronegócio brasileiro é altamente digitalizado. De acordo com Henrique Nomura, CTO da Solinftec, o país “puxa a fila” global do uso de tecnologia no setor. Durante o painel “Agrotech e a vantagem competitiva do Brasil”, do EmTech, Nomura reforçou o quanto o Brasil tem um setor agropecuário altamente evoluído em termos tecnológicos “desde o pequeno, até o grande produtor”.
Ao lado dele no painel estava Francisco Jardim, managing partner na SP Ventures, que concordou com a avaliação. Os especialistas relataram ainda que a tecnologia não é apenas adotada pelo setor, mas também desenvolvida no Brasil, baseada na realidade local, e exportada para outros locais.
No início da conversa, Jardim comentou sobre as dificuldades enfrentadas pelo produtor brasileiro. Ainda que o clima tropical traga a possibilidade de mais safras por ano, ele também é mais complexo por uma presença constante de adversidades. “Pra gente está muito claro que o ambiente está ficando muito mais desafiador”, falou.
Nomura, por sua vez, apontou como as soluções tecnológicas atuam justamente nestas complexidades. Ele trouxe o exemplo de um robô autônomo que foi desenvolvido aqui e é capaz de identificar ervas daninhas cedo e realizar uma pulverização seletiva, atingindo apenas a praga e não as culturas. Segundo o executivo, isso beneficia a planta e aumenta de 15 a 20% a produtividade.
Nesse cenário de criação e desenvolvimento, o managing partner na SP Ventures destacou o perfil do produtor brasileiro: “Quando se compara com os grandes produtores do mundo, é muito mais jovem e mais inovador”.
Do seu ponto de vista, o maior desafio hoje é convencer o investidor a apostar na agrotecnologia. Como o ciclo do agro é lento, o investidor precisa ter paciência na obtenção de retornos. Mas Francisco Jardim lembra que a paciência é fundamentada na solidez de um setor que é bem desenvolvido e cresce no país e prevê: “Esse é o futuro da agricultura”.