Os smartphones podem ser usados para monitorar a segurança das pontes de forma muito mais rápida e barata do que atualmente, fornecendo aos engenheiros dados que eles podem usar para a realização de reparos nas estruturas antes que se tornem perigosamente instáveis.
O estado de conservação das pontes é monitorado de duas maneiras: engenheiros realizam inspeções visuais em busca de rachaduras e avarias ou então sensores coletam dados sobre as vibrações e oscilações nas estruturas. Mas um novo método desenvolvido por pesquisadores da West Point Military Academy (EUA) e de outras universidades foca na coleta de dados pelos acelerômetros de smartphones em carros.
Em testes envolvendo a ponte Golden Gate em São Francisco (EUA) e uma ponte de concreto armado na Itália, eles descobriram que dois smartphones poderiam simplesmente fornecer dados de precisão semelhante a 240 sensores estacionários. Os telefones captam vibrações naturais das pontes, permitindo que os pesquisadores monitorem mudanças estruturais ao longo do tempo. A pesquisa é descrita em um estudo publicado no início do mês na Communications Engineering.
Os pesquisadores estimam que o monitoramento desse tipo de dados de smartphones durante a vida útil de uma ponte pode prolongar a longevidade da estrutura em 30%, ajudando as equipes de manutenção a fazer reparos mais rápidos.
Garantir que as pontes estejam bem conservadas é vital, como demonstrado recentemente, quando uma ponte desabou em Gujarat, na Índia, matando 135 pessoas. É um problema em outros países também. Embora as pontes nos EUA devam ser inspecionadas visualmente a cada dois anos, uma condição determinada por lei, isso não evita catástrofes como o colapso da ponte I-35W em Minneapolis em 2007, que matou 13 pessoas e feriu 145.
A manutenção de pontes é cara. Existem 600.000 delas nos EUA, e as organizações responsáveis pela manutenção das estruturas podem facilmente chegar a pagar US$ 50.000 apenas pelo equipamento do sensor, sem mencionar os custos adicionais incorridos pela necessidade de realizar consertos eventuais e analisar os dados gerados por eles. Os smartphones são uma opção muito mais barata.
No entanto, ainda há trabalho a ser feito para tornar essa técnica uma realidade, diz Ahmet Emin Aktan, professor de engenharia civil, arquitetônica e ambiental da Drexel University (EUA), que não participou do estudo. Ele acredita que ainda levará muito tempo até que ela seja amplamente adotada.
Aktan espera que as inspeções visuais continuem sendo o principal método de monitoramento de pontes pelos próximos 10 a 20 anos, porque tanto os sensores quanto os smartphones podem produzir dados mais difíceis de interpretar do que os que os engenheiros veem com seus próprios olhos. Mesmo algo tão comum quanto o clima ou variações na intensidade de tráfego podem afetar a maneira como as infraestruturas se comportam e oscilam, o que pode interferir nos dados. Por exemplo, as estruturas ficam mais rígidas em climas mais frios.
Mas, eventualmente, diz ele, é provável que a indústria queira usar uma combinação dessa observação visual com os dados coletados de smartphones.