Cirurgiões testaram com sucesso o rim de um porco em um paciente humano
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Cirurgiões testaram com sucesso o rim de um porco em um paciente humano

O teste, em um paciente com morte cerebral, durou muito pouco, mas representa um marco na longa jornada pelo uso de órgãos de animais em transplantes humanos.

A notícia: cirurgiões conectaram com sucesso um rim de porco a um paciente humano e o viram começar a funcionar, informou a AP. O porco foi geneticamente modificado para que seu órgão tivesse menos probabilidade de ser rejeitado. O feito é um marco potencialmente enorme na jornada por um dia usar órgãos de animais para transplantes humanos, o que reduziria as listas de espera.

Como funcionou: a equipe cirúrgica, da NYU Langone Health, conectou o rim do porco a vasos sanguíneos fora do corpo de uma mulher com morte cerebral e o observou por dois dias. A família concordou com o experimento antes que a mulher fosse desligada dos aparelhos, relatou a AP. O rim funcionou normalmente — filtrando resíduos e produzindo urina — e não mostrou sinais de rejeição durante o curto período de observação.

A recepção: a pesquisa foi realizada em setembro e ainda não foi revisada por pares ou publicada em uma revista, mas especialistas externos dizem que representa um grande avanço. “Não há dúvida de que este é um progresso altamente significativo”, diz Darren K. Griffin, professor de genética da Universidade de Kent, no Reino Unido. “A equipe de pesquisa foi cautelosa, usando um paciente que havia sofrido morte encefálica, ligando o rim à parte externa do corpo e monitorando-o de perto por um período limitado de tempo. Há, no entanto, um longo caminho a percorrer e muito a descobrir”, acrescentou.

“Este é um avanço enorme. É algo muito, muito importante”, disse ao New York Times Dorry Segev, professor de cirurgia de transplante na Johns Hopkins School of Medicine que não esteve envolvido na pesquisa. No entanto, acrescentou, “precisamos saber mais sobre a durabilidade do órgão”.

O contexto: nos últimos anos, a pesquisa tem se concentrado cada vez mais em porcos como o caminho mais promissor para ajudar a resolver a questão da escassez de órgãos para transplante, mas tem enfrentado uma série de obstáculos, principalmente o fato de que um açúcar nas células suínas desencadeia uma resposta de rejeição agressiva em humanos.

Os pesquisadores contornaram isso alterando geneticamente o porco doador para eliminar o gene que codifica a molécula de açúcar que causa a resposta de rejeição. O porco foi geneticamente modificado pela Revivicor, uma das várias empresas de biotecnologia que trabalham para desenvolver órgãos de suínos para transplante em humanos.

O grande prêmio: há uma necessidade extrema de mais rins. Mais de 100.000 pessoas nos Estados Unidos estão atualmente esperando por um transplante de rim e 13 morrem todos os dias enquanto esperam, de acordo com a National Kidney Foundation. Porcos geneticamente modificados podem oferecer uma solução decisiva para essas pessoas, se a abordagem testada na NYU Langone puder funcionar por períodos muito mais longos.

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