A China iniciou sua missão Chang’e 5 à lua no final de novembro, a partir do local de lançamento do país na Ilha de Hainan, no Mar do Sul da China. O país está buscando trazer amostras de solo e rocha da superfície lunar de volta para a Terra pela primeira vez em sua história, para estudo científico.
O foguete Longa Marcha 5 que deu início a missão Chang’e 5. TOP FOTO VIA AP IMAGES
O que vai acontecer: Chang’e 5 chegou à lua no início de dezembro. São quatro partes: uma sonda (ou também conhecido como orbitador), um módulo de pouso e outro de subida e uma cápsula de retorno. A espaçonave não está equipada com nenhuma unidade de aquecimento para ajudar os componentes eletrônicos a bordo a suportar as temperaturas superfrias da noite lunar. Isso significa que a missão deve coletar sua amostra e começar a voltar para a Terra em 14 dias (a duração do dia lunar).
Conte-me mais: a sonda descerá até a superfície da Lua em um local próximo a Mons Rümker, uma formação vulcânica na região do Oceanus Procellarum que fica na borda oeste do satélite. A missão tentará recolher pelo menos 2kg de terra lunar ao perfurar cerca de 2 metros abaixo do solo e com um braço robótico, apanhará amostras. Um Espectrômetro de Infravermelho Próximo (NIR) e um radar de penetração no solo ajudarão o Chang’e 5 a analisar parte da superfície ainda no chão, além de garantir que evite rochas grandes ou perigosas.
Assim que o material for coletado, ele será armazenado em um veículo de ascensão espacial que o levará de volta ao orbitador. Ele, então, colocará a amostra em uma cápsula de retorno que deve voltar à Terra no dia 17 de dezembro e pousar em algum lugar da Mongólia Interior.
O que podemos aprender: acredita-se que a área ao redor de Mons Rümker tenha rochas com quase um bilhão de anos. Elas podem ser as mais jovens já trazidas de volta à Terra — muito mais do que as de 3 a 4 bilhões de anos trazidas pelas missões Apollo. Esses materiais podem ajudar os cientistas a entender melhor a história da Lua, lançando luz sobre questões quanto a como ela esfriou com o tempo e como seu campo magnético se dissipou. Será a primeira vez que cientistas chineses estudarão diretamente o material lunar, já que o Congresso atualmente proíbe a NASA de trabalhar com a China e permitir o acesso às rochas da era Apollo.
Corrida espacial: se for bem-sucedida, esta missão tornará a China o terceiro país do mundo (depois dos EUA e da ex-União Soviética) a trazer materiais da superfície lunar de volta à Terra. A última missão de retorno lunar foi a Luna 24 da União Soviética em 1976. As missões de retorno de amostra ainda são incrivelmente difíceis de realizar e, se der certo, Chang’e 5 pode ser uma das maiores conquistas tecnológicas da China até hoje.
Chang’e 5 é a missão mais recente em um programa de exploração lunar de muito sucesso. O programa mais bem-sucedido até agora foi o Chang’e 4, um rover que se tornou a primeira espaçonave a pousar com segurança no outro lado da Lua. Ele já levou a algumas informações científicas interessantes de uma região da Lua dificilmente vista antes. Chang’e 6, programada para ser a segunda missão lunar de retorno da China, deve ser lançada em 2023 ou 2024.