Astrônomos americanos querem um telescópio gigante para caçar novos planetas semelhantes à Terra
Natureza e espaço

Astrônomos americanos querem um telescópio gigante para caçar novos planetas semelhantes à Terra

Uma lista de desejos científicos recém-publicada inclui estudos de planetas habitáveis, buracos negros e a origem das galáxias.

A cada 10 anos, astrônomos e astrofísicos americanos publicam um novo relatório para guiar a próxima década de pesquisas de astronomia e astrofísica. No início de novembro, as Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina publicaram o mais recente estudo que estabeleceu uma nova trajetória para a exploração espacial moderna.

O estudo de 10 anos, denominado Astro2020, é baseado em centenas de relatórios técnicos e vários anos de deliberação de mais de 13 subgrupos. O relatório de 600 páginas identifica três prioridades científicas importantes para a próxima década e defende que os EUA invistam em dois grandes projetos: o Telescópio Gigante de Magalhães e o Telescópio dos Trinta Metros. O relatório afirma que sem um grande investimento federal dos EUA, ambos os projetos parecem propensos ao fracasso, mas não especifica o valor que seria necessário.

Gabriela González, professora de física e astronomia da Louisiana State University (EUA) que também atuou como membro do comitê gestor do relatório, diz que o estudo fornece um plano viável que considera os custos e o apoio da comunidade.

Estas são algumas das principais conclusões.

3 principais prioridades científicas

Muitos especialistas ficarão felizes em saber que o interesse inicial em sistemas exoplanetários não vai morrer tão cedo. Uma das três principais prioridades científicas anunciadas no relatório deste ano é identificar e caracterizar planetas semelhantes à Terra fora do nosso sistema solar.

Embora os exoplanetas tenham sido um assunto popular de discussão por mais de duas décadas, esse novo esforço se concentrará na busca de mundos habitáveis ​​em particular. A vida na Terra alterou radicalmente a atmosfera do planeta, e os pesquisadores querem procurar assinaturas semelhantes em outros lugares para determinar se outros planetas desenvolveram os componentes certos para suportar vida complexa.

A segunda nova prioridade anunciada no relatório: buscar entender o que aconteceu durante os primeiros momentos de nosso universo investigando a natureza dos buracos negros, anãs brancas e explosões estelares. Por meio de projetos como o lançamento da Antena Espacial de Interferômetro a Laser (LISA, em inglês), a sonda espacial proposta que detectará e medirá as ondas gravitacionais, a pesquisa nesta área pode ajudar os cientistas a descobrir novas físicas e aumentar nossa compreensão das medições astronômicas.

A terceira prioridade tentará abordar as origens e evolução das galáxias e determinar como esses sistemas astronômicos estão interligados. Em particular, os pesquisadores querem usar a espectroscopia para estudar as diversas estruturas que compõem os ambientes ao redor das galáxias.

Uma nova maneira de planejar missões

O relatório do comitê também diz que a NASA deve criar um novo programa para mudar a forma como os projetos são planejados e desenvolvidos.

“Em vez de recomendar e aprovar missões que levarão tantos anos”, diz González, “o que recomendamos à NASA é criar o que chamamos de Programa de Maturação Tecnológica e Missões de Grandes Observatórios, que projeta e desenvolve tecnologia para missões antes que elas sejam aprovadas”.

Este programa desenvolveria as tecnologias com anos de antecedência para qualquer missão espacial e realizaria verificações e análises de estágio inicial ao longo do caminho. Normalmente, esse processo começa quando uma missão é recomendada, mas este programa tem como objetivo reduzir pela metade o tempo entre a recomendação e o lançamento.

Dada a quantidade de tempo e dinheiro necessários para desenvolver um conceito de missão, o relatório sugere que esta nova abordagem ajudaria a aumentar o número de projetos de grande escala em que a NASA poderia trabalhar ao mesmo tempo. Se efetivamente acabam sendo lançados ou não, não é a questão, diz González. É sobre ter os recursos e suporte certos o mais cedo possível.

A primeira missão a entrar no novo programa será o telescópio espacial que usará imagens de alto contraste para fornecer novos dados sobre exoplanetas, de acordo com as principais prioridades do Astro2020. Significativamente maior do que o Telescópio Espacial Hubble, ele será capaz de observar planetas que são mais escuros do que suas estrelas conhecidas por um fator de pelo menos 10 bilhões. Isso mudará profundamente a maneira como os astrônomos observam o universo conhecido.

Atualmente, o custo estimado para o projeto é de cerca de US$ 11 bilhões e, se for aprovado pela NASA, o lançamento potencial não está programado até o início de 2040.

Na Terra

Para observatórios baseados em terra, a principal recomendação do comitê é continuar investindo no Programa Extremely Large Telescope dos EUA, que atualmente consiste em três elementos: o Telescópio Gigante de Magalhães no Chile, o Telescópio dos Trinta Metros no Havaí e o National Optical-Infrared Astronomy Research Laboratory, com sede no Arizona (EUA).

O Astro2020 também recomenda que o Karl Jansky Very Large Array e o Very Long Baseline Array sejam substituídos pelo Next-Generation Very Large Array, um observatório de rádio muito mais sensível, a ser construído até o final da década.

O relatório afirma que o sucesso de cada um desses projetos é essencial se os Estados Unidos desejam manter sua posição de líder em astronomia terrestre.

González diz que espera que o relatório deste ano leve a novas descobertas que vão além da comunidade científica. “Esta comunidade não é composta apenas de astrônomos”, diz ela. “Engloba também as pessoas que se beneficiam da astronomia”.

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